Bento XVI recebeu as cinzas hoje, na Missa de início da Quaresma, recordando que o homem “é pó, sim, mas amado” por Deus.
Na Basílica de Santa Sabina de Roma, confiada aos dominicanos, o Papa presidiu o rito de bênção e de imposição das cinzas como “gesto de humildade, que significa: reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele”.
E acrescentou: “Pó, sim, mas amado, plasmado por seu amor, animado por seu sopro vital, capaz de reconhecer a sua voz e de responder-lhe; livre e, por isso, capaz também de desobedecer-lhe, cedendo à tentação do orgulho e da autossuficiência”.
Como mais um dentre os fiéis, o Papa recebeu as cinzas na cabeça, pelas mãos do cardeal eslovaco Jozeph Tomko, prefeito emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos e titular desta basílica.
Bento XVI, por sua vez, impôs as cinzas a numerosos cardeais, entre os quais se encontrava o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, o vigário de Roma, Agostino Vallini, e seu predecessor e antigo presidente da Conferência Episcopal Italiana, Camillo Ruini.
Antes da celebração, o pontífice havia presidido uma assembleia de oração, segundo a forma das “estações” romanas, na Igreja de Santo Anselmo, no Monte Aventino, confiada aos monges beneditinos. De lá partiu a procissão penitencial à Basílica de Santa Sabina, para a celebração do rito.
Na homilia, o Santo Padre apresentou todo o itinerário quaresmal, que terá como zênite a Páscoa, baseado na “onipotência do amor de Deus, seu absoluto senhorio sobre toda criatura, que se traduz na indulgência infinita, animada pela constante e universal vontade de vida”.
“Efetivamente – sublinhou –, perdoar alguém equivale a dizer-lhe: não quero que você morra, mas que viva; quero sempre e somente o seu bem.”
“De fato, a salvação é dom, é graça de Deus, mas para ter efeito na minha existência requer o meu assentimento, um acolhimento demonstrado nos fatos, isto é, na vontade de viver como Jesus, de segui-lo.”
“Seguir Jesus no deserto quaresmal é, portanto, condição necessária para participar da sua Páscoa, do seu ‘êxodo’.”
“Adão foi expulso do Paraíso terrestre, símbolo da comunhão com Deus; agora, para retornar a essa comunhão e, portanto, à vida eterna, é preciso atravessar o deserto, a provação da fé. Não sozinhos, mas com Jesus! Ele – como sempre – precedeu-nos e já venceu o combate contra o espírito do mal.”
“Eis o sentido da Quaresma – sublinhou o Bispo de Roma –, tempo litúrgico que todo ano nos convida a renovar a escolha de seguir Cristo no caminho da humildade para participar da sua vitória sobre o pecado e sobre a morte.”
Como é tradição, o Papa escreveu uma mensagem aos católicos do mundo inteiro por ocasião da Quaresma, que neste ano se intitula “A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo”.
Fonte: Zenit