Na vida, os conflitos existem, a questão é como enfrentá-los. E não se enfrentam fazendo de conta que não existem – palavras do Papa Francisco neste domingo, da janela do Palácio Apostólico, sobre a Praça de São Pedro, ao meio dia, por ocasião da oração “Maria, Rainha dos Céus”, Regina Coeli.
Partindo da leitura dos Atos dos Apóstolos da Missa deste domingo, o Papa chamou atenção para o fato de já na Igreja das origens existirem conflitos. E explicou que a unidade da comunidade cristã tinha sido favorecida pelo fato de os seus membros pertencerem a uma única etnia e cultura: a judaica. “Mas quando o cristianismo que, por vontade de Jesus, é destinado a todos os povos” se abriu à cultura grega, veio a faltar aquela homogeneidade inicial e começaram a surgir as primeiras dificuldades: descontentamentos, lamentações, acusações de favoritismo dos cristãos de origem hebraica…
Então os Apóstolos decidiram enfrentar a situação, convocando uma reunião alargada para discutirem juntamente com os discípulos a questão. Uma reunião pacata que o Papa definiu como um “belo confronto”, sublinhando que nela acabaram por dividir as tarefas. E acrescentou:
“Os Apóstolos fazem uma proposta que é aceita por todos: eles se dedicarão à oração e ao ministério da Palavra, enquanto que sete homens, os diáconos, ocupar-se-ão do serviço das cantinas para os pobres. Esses sete homens não são escolhidos porque são peritos em negócios, mas sim porque são homens honestos e de boa reputação, cheios de Espírito Santo e de sapiência; e são consagrados nesse serviço mediante a imposição das mãos por parte dos Apóstolos”.
Deste modo – prosseguiu o Papa – chegou-se a uma solução. E Francisco aproveitou para dizer que é “confrontando-se, debatendo e rezando que se resolvem os conflitos na Igreja, certos de que os mexericos, a inveja e os ciúmes não poderão nunca levar-nos à concórdia, à harmonia e à paz”.
Recordando que estava ali o Espírito Santo a coroar esse entendimento, o Papa disse que “isto nos faz compreender que quando deixamos ao Espírito Santo a orientação, Ele nos leva à harmonia, à unidade, ao respeito dos diversos dons e talentos”.
“Compreendestes bem? Nada de mexericos, nada de inveja, nada de ciúmes, compreendido”!
O Papa convidou todos a rezarem a Nossa Senhora “para que nos ajude a ser dóceis ao Espírito Santo, para que saibamos estimar-nos reciprocamente e convergir de forma cada vez mais profunda na fé e na caridade, mantendo o coração aberto às necessidade dos irmãos.”
Depois da oração do Regina Coeli, o Papa exprimiu a sua proximidade pessoal às vítimas das graves inundações em amplas zonas dos Balcãs, sobretudo na Sérvia e Bósnia, que estão a viver horas de angústia e tribulação. E rezou juntamente com os presentes uma Ave Maria para esses irmãos e irmãs a braços com tantas dificuldades.
O Papa Francisco não deixou de dar graças a Deus pela beatificação, ontem, em Iáçi, na Roménia, do bispo Anton Durcovici, mártir da fé. Pastor zeloso e corajoso – disse. Foi perseguido pelo regime comunista romeno e morreu na prisão, morreu de fome e sede, em 1951.
Por fim o Papa saudou os romanos e peregrinos, provenientes de várias partes da Itália, mas também do México, França, Austrália, e concluiu “encorajando as associações de voluntariados” presentes na Praça de São Pedro, neste dia que é dedicado aos doentes oncológicos. “Rezo por vós, para os doentes e as suas famílias. E vós rezais por mim” – pediu o Papa, despedindo-se de todos com um “arrividerci” (até nos vermos) e bom almoço.
Fonte: Rádio Vaticano