Neste domingo, 13 de dezembro, depois da Missa e da abertura da Porta Santa na Basílica de São João de Latrão, em Roma, o Papa rezou com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, a oração do Angelus. Antes, ele fez a seguinte reflexão sobre o Evangelho do dia:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho de hoje há uma questão pontuada por três vezes: “Que devemos fazer” (Lc 3,10.12.14). Dirigida a João Batista por três categorias de pessoas: primeiro, a multidão em geral; segundo, os publicanos ou cobradores de impostos; em terceiro lugar, alguns soldados. Cada um desses grupos questiona o profeta sobre o que deve ser feito para colocar em prática a conversão que ele está pregando. A resposta de João para a questão dada à multidão é a partilha dos bens de primeira necessidade. Isto é, ao primeiro grupo, a multidão, disse para compartilhar os bens de primeira necessidade e diz assim: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo” (v 11 ). Em seguida, ao segundo grupo, os cobradores de impostos, disse para não cobrar “mais do que foi estabelecido” (cf. v. 13). O que isso significa? Não “subornar”, afirma claramente Batista. E ao terceiro grupo, os soldados, “não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário! (ver v. 14). São as três respostas às três perguntas desses grupos. Três respostas para um caminho idêntico de conversão, que se manifesta nos compromissos concretos de justiça e de solidariedade. É o caminho que Jesus indica em toda a sua pregação: o caminho do amor concreto ao próximo.
Destas advertências de João Batista compreendemos quais eram as tendências gerais daqueles que à época detinha o poder, sob diversas formas. As coisas não mudaram muito. No entanto, nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para obter a salvação, nem mesmo os publicanos considerados pecadores por definição: nem mesmo eles estão excluídos da salvação. Deus não fecha a ninguém a possibilidade de salvar-se. Ele está – por assim dizer – ansioso para usar de misericórdia, usá-la para com todos e de acolher a cada um no seu terno abraço de reconciliação e de perdão.
Esta questão – o que devemos fazer? – é também para nós. A liturgia de hoje reitera, nas palavras de João, que é necessário converter-se, mudar de direção e tomar o caminho da justiça, da solidariedade, da sobriedade: estes são os valores essenciais de uma vida plenamente humana e autenticamente cristã. Convertam-se! É a síntese da mensagem de João Batista. E a liturgia deste terceiro domingo do Advento nos ajuda a redescobrir uma dimensão particular de conversão: a alegria. Quem se converte e se aproxima do Senhor, sente a alegria. O profeta Sofonias nos diz hoje: “Alegra-te, filha de Sião!” dirigindo-se a Jerusalém (Sofonias 3:14); e o apóstolo Paulo exorta os cristãos de Filipo: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4,4). Hoje é preciso coragem para falar de alegria, é preciso sobretudo fé! O mundo é afligido por muitos problemas, o futuro marcado por incógnitas e temores. E ainda que o cristão seja uma pessoa alegre, e a sua alegria não é algo superficial e efêmero, mas profunda e estável, porque é um dom do Senhor que preenche a vida. A nossa alegria vem da certeza de que “o Senhor está próximo” (Fl 4,5) está próximo com sua ternura, sua misericórdia, seu perdão e seu amor.
Que a Virgem Maria nos ajude a fortalecer a nossa fé, para que saibamos acolher o Deus da alegria, o Deus de misericórdia, que sempre quer habitar em meio aos seus filhos. E que nossa Mãe nos ensine a partilhar as suas lágrimas com os que chora, para poder compartilhar até mesmo um sorriso.
Depois do Angelus
A conferência do clima acaba de terminar em Paris com a adoção de um acordo que muitos definem histórico. A sua implementação exigirá um coral empenho e uma generosa dedicação da parte de cada um. Espero que seja garantida uma particular atenção às populações mais vulneráveis, exorto a toda a comunidade internacional a continuar com solicitude o caminho empreendido, em sinal da solidariedade que se torna cada vez mais concreta.
Próxima terça-feira, 15 de dezembro, começará em Nairóbi a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio. Dirijo-me aos Países que nele tomam parte, a fim de que as decisões que serão tomadas tenham presente as necessidades dos pobres e das pessoas mais vulneráveis, assim como também das legítimas aspirações dos países menos desenvolvidos e do bem comum de toda a família humana.
Em todas as catedrais do mundo, as Portas Santas são abertas, a fim que o Jubileu da Misericórdia possa ser plenamente vivido nas Igrejas particulares. Espero que este momento forte estimule a se tornar instrumento da ternura de Deus. Como a expressão das obras de misericórdia são abertas também as “Portas da Misericórdia” em lugares de dificuldade e marginalização. A este respeito, saúdo os detentos das prisões do mundo inteiro, especialmente os da prisão de Pádua, que hoje estão unidos a nós espiritualmente para este momento de oração, e agradeço-os pelo dom do concerto.
Saúdo a todos, peregrinos que vieram de Roma, Itália, e de várias partes do mundo. Saúdo em particular os de Varsóvia e de Madrid. Dirijo um pensamento especial à Fundação Dispensário Santa Marta, no Vaticano: aos pais com seus filhos, aos voluntários e às Irmãs Filhas da Caridade; obrigado por seu testemunho de solidariedade e acolhimento! E saúdo também os membros do Movimento dos Focolares juntamente com amigos de algumas comunidades islâmicas. Ide em frente! Ide em frente com coragem no percurso de diálogo e de fraternidade, porque somos todos filhos de Deus!
A todos meus cordiais votos de um bom domingo e um bom almoço. Não se esqueçam, por favor, de rezar por mim. Até breve!
Fonte: Zenit