“Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem.” (I Pd 1,15).

 

Ao celebrarmos a memória de um santo é significativo conhecer a sua trajetória, lutas e empenho ao se decidir por uma vida santa e agradável a Deus.

A constituição dogmática “Lumen Gentium” (LG), do Concílio Vaticano II, coloca, no nº 40, que “O Senhor Jesus, mestre e modelo divino de toda perfeição, pregou a todos e a cada um dos seus seguidores, de qualquer condição que fossem, a santidade de vida, de que Ele próprio é autor e consumador”.

A Igreja, ao proclamar um santo, confirma que sua vida foi uma interpretação exemplar da vida cristã e um testemunho luminoso do Evangelho de Jesus Cristo no mundo.

Assim, a santidade deve ser meta da vida cristã. Santidade não é apenas para algumas pessoas, mas para todos os filhos de Deus, a santidade é a vocação de todos os batizados, é o caminho para estar em comunhão com Deus, com aquele que é Santo e a fonte de toda santidade.

A vida de Santa Rita de Cássia nos ajuda através do seu modo exemplar de viver as virtudes que também, em tudo, somos chamados a fazer a vontade de Deus para sermos santos. Dedicação, obediência e amor a Deus talvez sejam as qualidades que mais definam o caráter de Santa Rita de Cássia, uma mulher que determinou-se por Deus mesmo diante das tribulações e tragédias que teve que suportar. Diante da dor e humilhação que passou não se revoltou, Santa Rita de Cássia dizia “Ó, amado Jesus! Aumenta minha paciência na medida que aumenta meus sofrimentos!”.

Nasceu na Itália, na região de Cascia, no ano de 1381, seus pais eram Antônio e Amata. Com quatro dias de nascida, foi batizada na igreja de Santa Maria em Cascia, recebeu ela o nome Margherita, que depois foi carinhosamente reduzido para apenas “Rita”.

Foi em um lar católico que Rita cresceu e foi educada na fé e desde a infância, ela demonstrou uma grande afeição a Jesus Crucificado. Seu grande desejo era consagrar-se à vida religiosa. Mas, por obediência aos pais, ela foi entregue em matrimônio para Paulo Ferdinando e tiveram dois filhos: Giovanni Tiago e Paolo Maria.

Porém, teve uma vida conjugal difícil devido ao caráter violento do marido, padeceu ela por 18 anos que viveu com seu esposo, insultada sem motivo, não tinha uma palavra de ressentimento, espancada, não se queixava, foram muitas às vezes em que Rita não foi à Igreja porque Paulo Ferdinando a impediu de ir. Ela, contudo, rezava e oferecia tudo a Deus pedindo pela conversão.

A bondade, docilidade e prudência de Santa Rita de Cássia eram tão aparentes que suavizaram aquele rude marido, mesmo consciente de seu caráter violento, sofria, mas Rita perseverava na oração, conseguiu transformar Paulo Ferdinando que se converteu e tornou-se respeitoso, pediu perdão a ela e a Deus, e mudou completamente a sua vida seguindo o bom caminho. Mas, logo depois, alguns antigos inimigos de Paulo Ferdinando, por vingança o assassinaram.

Rita passou por um grande sofrimento ao ter o marido assassinado e ao descobrir que os dois filhos planejavam vingar a morte do pai. Ao saber do desejo dos filhos, ela rezou pedindo a Deus que tirasse este desejo do coração de seus filhos. Rita, em um grande gesto de ousadia e de temor a Deus, pediu que se fosse vontade divina, que os levasse para a glória do Céu para obterem a salvação, mas que não fossem assassinos. Deus ouviu suas preces, ambos adoeceram, e Rita cuidou deles, falava sobre amor e do perdão. Depois de pouco tempo, os seus dois filhos morreram.

Desligada dos laços do matrimônio, Rita retoma um grande sonho de infância de se tornar religiosa, então, ela encorajou-se e bateu à porta do convento e expôs à superiora do convento o desejo que tinha de pertencer à ordem das agostinianas de Santa Maria Madalena, às quais ela tinha profunda admiração pela devoção que tinha a Santo Agostinho, mas Rita viu-se rejeitada por eles só aceitarem jovens solteiras.

Rita, voltou ainda por duas vezes ao mosteiro de Santa Maria Madalena, sofrendo duas novas rejeições. Rita se abandonou à vontade de Deus, recomendando-se profundamente a seus santos protetores São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino e, durante um sonho escutou chamar “Rita! Rita!”, eram seus protetores que a convidaram para segui-los, que a conduziram até o convento  de Santa Maria Madalena. As religiosas dormiam e a porta estava trancada. Era impossível abri-la por meios humanos, mas os santos que Deus enviara para acompanhá-la fizeram com que ela se encontrasse no interior do mosteiro. Quando as religiosas desceram para se reunir no coro, ficaram admiradas ao encontrar Rita e ficaram abismadas como ela entrara, se o mosteiro estava completamente fechado e não havia sinal algum de abertura ou arrombamento.

As freiras ficaram impressionadas com o relato que Rita fez do acontecido e, diante de um milagre tão estupendo, reconheceram os desígnios de Deus e admitiram-na em sua companhia aquela mulher humilde e piedosa.

A irmã Rita tinha um profundo amor por Jesus Crucificado, pedindo a Deus a graça de sentir, o mínimo que fosse, a dor de Jesus. Então, um espinho desprendeu-se da Cruz que ela contemplava e atingiu-a na fronte, causando-lhe um estigma semelhante a um dos espinhos que feriram Jesus. A ferida permaneceu aberta e causava-lhe muita dor. O odor que exalava era insuportável, e a santa teve que ficar separada das demais freiras. A ferida chegou a cicatrizar quando Rita foi a Roma, no Ano Santo, mas ao retornar, a chaga voltou a se abrir.

Com 76 anos de idade e 40 de vida religiosa, faleceu Santa Rita em Cássia, no Convento das Agostinianas, no dia 22 de maio de 1457. A ferida em sua fronte cicatrizou assim que ela morreu e, em lugar do mau cheiro, passou a exalar um suave perfume. Toda a comunidade enalteceu a alma daquela que viveu e morreu na santidade.

Ela se tornou uma grande intercessora no céu, lhe são atribuídos tantos e tão extraordinários milagres que é conhecida como “Santa das Causas Impossíveis”, a sua plena confiança em Deus a fez conhecer “O que é impossível aos homens é possível a Deus”, para o amor não há impossíveis e ela se decidiu por amar a Deus, amar as pessoas, amar a Cruz, amar na alegria e na dor.

Contemplando sua história, percebemos muitas lições que podemos aprender da vida de Santa Rita de Cássia:

– Ela colocou a vontade de Deus acima de tudo e perseverou na oração e no perdão;

– Ela foi fiel à Igreja, esteve a serviço dos enfermos, pobres e amou a sua família;

– Ela transformou o sofrimento em amadurecimento humano e espiritual;

– Ela praticou o jejum como caminho para a doação ao próximo e como comunhão com Deus, alimentava-se da Eucaristia, de onde tirava coragem e força;

– Ela acreditou no amor de Deus em todos os momentos da vida e, ela nunca se cansou de interceder por aqueles que pediam a sua intercessão.

 

Peçamos a Santa Rita de Cássia que ela interceda por cada uma das situações das nossas vidas que são realmente impossíveis para nós, mas perfeitamente possíveis para Deus.

Santa Rita de Cássia, rogai por nós!

 

Josirene França

Grupo de Oração Quem como Deus!

Arquidiocese de São Luís do Maranhão

Coordenadora Nacional do Ministério de Intercessão