Confira o artigo do coordenador nacional do Ministério Fé e Política da RCCBRASIL, Sérgio Zavaris, publicado na Edição 111da Revista Renovação. Medite e avalie sua participação política.

 

Durante anos, a Igreja buscou um protagonismo do povo no cenário político, através da conscientização e incentivando a participação direta, como forma de enfrentar os problemas sociais.

Ao que tudo indica, a boa semente caiu em terrenos diversos ao longo do caminho– em terreno pedregoso, entre os espinhos e em terra boa. E nessa colheita também houve fruto amargo, eventualmente, por conta de decepções e das muitas denúncias envolvendo políticos e partidos, causando escândalos, indiferença, perplexidade e indignação.

Talvez em razão disso, muitos argumentam que o papel da Igreja não é apontar candidatos, mas, sim, orientar a respeito de critérios gerais. De fato, a Igreja não indica candidatos e conduz essa orientação pedindo ao clero que também não indique nomes específicos.

Contudo, a Igreja recorda a centralidade dos valores cristãos: “Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade” (Bento XVI, Carta Encíclica: Caritas in Veritate).

Certamente, é importante valorizar um direcionamento prudente e cauteloso, que não coloque em xeque a boa intenção de trabalhar pelo bem comum. Não obstante, é preciso reconhecer que a vitória na batalha política sempre será um constante processo com avanços e retrocessos.

Fato é que hoje vivemos um desafio paradoxal. Se, por um lado, se percebe que, no pastoreio conduzido pelos presbíteros e diáconos, a voz central da Igreja não pode confundir a evangelização com a pregação ideológica, sob pena de ver seus melhores intentos de defesa do oprimido e do mais pobre desembocarem em uma apologia partidária, por outro lado, também se constata que o nosso silêncio poderá representar, ainda mais, o martírio dos inocentes.

O Papa São João Paulo II, na Carta Encíclica CHRISTIFIDELES LAICI, exorta:“…os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na ‘política’, ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum”.

 

Ser político ou exercer cargo público é uma vocação

 

O sangue desses inocentes pesa sobre os ombros de todos nós – especialmente sobre os ombros dos homens públicos. De fato, na média, os políticos do Brasil têm pouco conhecimento ideológico e menos ainda fidelidade partidária, reafirmando a noção de que as legendas são meras agremiações de conveniência. Talvez por isso, vota-se em nomes e não em partidos.

Exatamente por conta dos desafios que a dinâmica das eleições impõe, a Igreja Católica tem conclamado os fiéis leigos a assumirem os seus postos na sociedade e no chamado à vida pública, especialmente como políticos.

“É próprio dos fiéis leigos, os quais, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública, para promover o bem comum” (Bento XVI, Carta Encíclica: Deus Caritas Est).

A Renovação Carismática Católica é um Movimento de leigos, com liberdade de atuação e expressão laical. E, nessa condição, a RCC preocupa-se com o pecado da omissão, especialmente diante da exortação do Papa Francisco: “É uma obrigação envolver-se na política. Nós, cristãos, não podemos ‘fazer como Pilatos’, lavar as mãos. Não podemos!” (Papa Francisco em resposta aos representantes das escolas dos Jesuítas, em 07/06/2013).

 

Instrução Normativa Nº02 de 2015, da RCCBRASIL

 

Nesse sentido, a IN 02/2015, do Conselho Nacional da RCCBRASIL, dispõe sobre Normas e Diretrizes para regulamentar a ação e os limites de atuação da Renovação Carismática Católica, através do Ministério Fé e Política, durante o período das eleições gerais no Brasil. Nela, a RCC aponta formas de como posicionar o movimento e como organizar as iniciativas de participação nos pleitos eleitorais por parte de homens e mulheres que se sentem chamados à política partidária.

 Essa normativa tem como objetivo principal exaltar o fórum privilegiado do Conselho da RCC, nas suas várias instâncias, que são os espaços colegiados para o debate e o discernimento quanto ao melhor encaminhamento acerca da questão, em consonância com o Sagrado Magistério da Igreja. Além disso, procura valorizar o eleitor e o seu protagonismo nas eleições.

Portanto, a Renovação Carismática Católica divulga o seu posicionamento quanto ao acompanhamento do pleito em questão. Nesse caso, os colegiados do Conselho Estadual e do Conselho Nacional, reunidos para discernir o que fazer e como melhor enfrentar a dinâmica da disputa eleitoral, podem definir primícias a serem lançadas como as melhores opções de representantes para aquele pleito. Diante desse discernimento, a RCC anuncia a seu povo o resultado do discernimento, evitando que atores individuais ou pequenos grupos o façam como forma de apoio oficial.

A orientação não é obrigar ou persuadir os eleitores carismáticos a votarem em um nome. Tampouco assume que determinado candidato é o candidato da RCC, pois a RCC não é um partido político, e isso iria ferir a Legislação Eleitoral. Quando um Conselho da RCC faz um verdadeiro discernimento no Espírito Santo de Deus e o anuncia de forma responsável, o que se concretiza é a oferta de um elemento a mais no conjunto de variáveis que sustentarão o eleitor em sua decisão final.

A RCC quer seu povo protagonista eleitoral, dono do voto, autor da decisão. E essa responsabilidade deve ser exercida através do discernimento pessoal – orar, jejuar, adorar, entregar a Deus e decidir livremente em quem votar.

 

Um método para auxiliar na hora da escolha do candidato

 

Para orientar o voto, sugerimos uma metodologia de discernimento. Trata-se do critério de análise dos 5 P’s: Passado, presente, proposta, partido e pertença de cada candidato.

 

Qual o passado do candidato? Qual o seu currículo acadêmico e o seu envolvimento nas questões sociais e nos assuntos de sua comunidade?

Qual o presente do candidato? O que ele faz atualmente para contribuir ou ajudar no trabalho em prol do bem comum?

Quais são as suas propostas? Que proposta de governo, projeto político ou plano de mandato ele apresenta?

Avalie em que partido ele está filiado. A diretriz do partido está alinhada com as orientações da Doutrina Social da Igreja?

Qual a pertença do candidato? A que grupo de pessoas o candidato pertence?

 

Além disso, o eleitor é alertado a não se deixar influenciar pelo tamanho da propaganda, nem pela estatística eleitoral O carismático autêntico é consciente da presença do Espírito Santo em sua vida e deve assumir com zelo a responsabilidade de decisão do seu voto.

Por fim, lembremos “… seja qual for o grau a que chegamos, o importante é prosseguir decididamente” (Filipenses 3, 16).

Faça a sua parte: insista no Brasil.

 

Sérgio Zavaris

Coordenador Nacional do Ministério de Fé e Política

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