“Levanta-te, vai a Nínive e anuncia-lhes o que te ordeno” (Jn 1,2).
Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Três verbos têm norteado a nossa caminhada espiritual no triênio de 2023 a 2025, inspirados no Livro de Jonas: Levantar-se, Ir e Anunciar. Em 2023 refletimos sobre o verbo “levantar-se”, isto é, colocar-se de pé espiritualmente, lutar contra aquilo que quer nos deixar caídos, mornos, adormecidos. Já no ano de 2024 o Senhor nos impulsiona a “ir” às Nínives do século XXI.
“Ir” significa sair da inércia, pôr-se em movimento, mover-se a um destino pré-determinado. No nosso caso, somos chamados a “ir” em nome de Deus, não para fazer a nossa própria vontade, mas a vontade Daquele que nos envia. Não podemos ir para Társis, mais confortável e atinente ao nosso querer, mas para Nínive, onde está a vontade soberana de Deus. Este envio do Senhor é fruto de uma precedente escolha, de um chamado irrevogável e de uma investidura em autoridade que só Ele pode nos dar. Somos encorajados a ir em Nome de Deus, enviados por Ele, como embaixadores (representantes) Dele, sinais de esperança, do Seu amor e da Sua misericórdia, portadores de Sua Palavra que gera vida, pessoas dispostas à vivência de uma verdadeira “cultura do encontro” com o outro, termo tão presente no Magistério do Papa Francisco, que é, em verdade, uma nuance da Cultura de Pentecostes.
Diante deste envio podemos nos perguntar quais são as Nínives para onde devemos ir. Primeiramente, devemos IR para dentro de nós mesmos, nos revisitarmos e nos perguntarmos: eu ainda sou apaixonado por Jesus? Eu quero e posso ser mais parecido com Jesus? Eu sou uma pessoa cheia e, ao mesmo tempo, sedenta do Espírito Santo, que se deixa lapidar e santificar pelo Espírito? Eu vivo segundo o Espírito? Em verdade, todos nós temos uma Nínive no nosso interior, que precisa ser evangelizada, que necessita de penitência e conversão.
Devemos IR aos nossos GO e consertar as suas redes, retomando sempre mais os seus elementos essenciais: O primeiro deles – e que abre o caminho para todos os outros – é o louvor, que cria uma atmosfera espiritual em que Deus é entronizado. Diz-nos o Salmo 88: “Feliz é o povo que vos sabe louvar. Caminha na luz de vossa face, Senhor” (Sl 88,16). O segundo elemento essencial de um Grupo de Oração da RCC é o protagonismo da Palavra de Deus rezada e pregada. O terceiro elemento essencial é a abertura ao exercício dos carismas. O Cardeal Suenens dizia que os carismas não são o Sol, mas são os raios solares por meio dos quais o Sol nos alcança. Já o quarto elemento essencial é o genuíno batismo no Espírito Santo. O desejo do Pai é que todos sejamos cheios do Espírito Santo. A vida fraterna é o quinto elemento essencial. As pessoas vão ao Grupo de Oração para serem amadas por Deus e pela comunidade fraterna. Ali as pessoas devem ser respeitadas, consideradas, acolhidas, pastoreadas, ajudadas, promovidas, como filhos no Filho. Já o sexto elemento essencial é o vigor missionário. Não há como fazer a experiência do amor de Deus e guardá-la para si. E tudo isso deve ser alicerçado e encorajado pelo sétimo elemento essencial: Liderança com alto nível de comprometimento.
Devemos IR também a partir dos nossos Grupos de Oração, entendendo-os como celeiros de experiência com Deus para irradiar para os lares, vizinhança, ambientes de trabalho, universidades etc. O Grupo de Oração deve nos impulsionar à missionariedade, a compartilhar com todos, na Igreja e no mundo, a graça do batismo no Espírito Santo.
Ademais, devemos IR aos jovens oferecendo-lhes uma opção maravilhosa de vida verdadeira: Jesus Cristo. Devemos engajar a juventude nos serviços da RCC, já que são capazes e muito capazes! Devemos IR às famílias, tão ameaçadas, relativizadas, deturpadas, questionadas, colocadas em xeque. Devemos IR aos batizados e não batizados, devemos IR ao mundo anunciando a boa-nova, curando e consolando os corações, anunciando o ano da graça da parte do Senhor. Devemos, enfim, IR àqueles que, embora não saibam, estão desesperadamente necessitados do Senhor.
Neste sentido, neste ano de 2024, fazendo memória dos 50 anos de publicação dos Documentos de Malines, tão marcantes e importantes no curso e na história da Renovação Carismática Católica, recordamos com alegria: “O Homem Deus, nosso Irmão, quis que colaborássemos na redenção lograda por Ele. Quis-nos como corredentores para acabar em nós e conosco a libertação do pecado e de suas consequências. O Espírito Santo quer que colaboremos em sua obra permanente de santificação. Deseja que sejamos, em certo modo, instrumentos de co-santificação. A nós, criaturas humanas incumbe o dever de corresponder a estas iniciativas divinas que superam nossos sonhos mais audazes. Na medida em que somos conscientes das riquezas de que estamos agraciados, devemos fazer o possível e o impossível para servir, com todo o nosso coração e com toda a nossa alma, como intérpretes da vontade de Deus e como seus servidores. Não se pode ser cristão em uma sala fechada, a título pessoal. Todo batizado deve assumir as consequências de sua fé cristã em sociedade. Esta lhe compromete em uma rede de relações e deveres que se vão estendendo, por círculos concêntricos.” (Documento de Malines, 3 – “Renovação Carismática e serviço do homem” – Cap. 1)
Portanto, irmãos e irmãs, o Senhor nos envia em Seu Nome para expandirmos o Seu Reino sobre a terra. Portanto, cheios do Espírito Santo, vamos em frente sem medo, pois Ele está conosco. Que nossa Mãe querida, a Senhora de Nazaré, interceda sempre por nós para que, a seu exemplo, sejamos homens e mulheres de pés ligeiros.
Veni Sancte Spiritus!
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
G.O Jesus Senhor