“Jonas pôs-se a caminho, mas na direção de Társis, para fugir do Senhor” (Jn 1,3a)
Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Diante da ordem do Senhor Jonas se levantou, mas tomou a direção que lhe era conveniente ou que segundo sua própria vontade era o melhor a fazer. A ordem de Deus era para que Jonas se dirigisse a Nínive e lá cumprisse a sua missão. Entretanto, em total desobediência, Jonas foi para Társis, que dista cerca de 3.700 quilômetros do campo de missão determinado pelo Senhor.
Com efeito, também nós – servos e servas do Senhor – não raro corremos este risco: diante da ordem do Senhor até nos levantamos para sair em missão, mas segundo nossa própria vontade, conforme nossos conceitos humanos, fazendo as coisas do nosso jeito e convicções.
E por que Jonas não obedeceu e foi para Nínive? Porque Nínive era uma cidade sanguinária (cf. Naum 3, 1), cheia de corrupção, fraude e violência. Nínive representava tudo aquilo que Jonas condenava. Diante da misericórdia de Deus, que queria dar uma nova chance aos ninivitas, Jonas pôs-se como juiz, como justiceiro. Em seu íntimo achava que os ninivitas não eram dignos de obter misericórdia do Deus de Israel. Era servo do Senhor, mas seu coração estava longe do Coração de Deus, suas características eram bem diferentes dos atributos de Deus, que é lento para a cólera, bondoso, compassivo e carinhoso, de respiro longo.
Diante da desobediência de Jonas uma grande e temível tempestade se abateu sobre o navio onde se encontrava rumo a Társis. É que a nossa desobediência a Deus gera tempestades pelas quais não precisávamos passar. Não é que Deus nos castigue, mas desde Adão e Eva vemos que a consequência imediata da desobediência é a desordem, o caos, a aflição, a tempestade. Foi preciso então que Jonas fosse engolido pelo “grande peixe” para fazer um verdadeiro retiro espiritual de penitência e de conversão sincera. Era necessário que Jonas se dobrasse e se submetesse à autoridade suprema do Senhor. E quando Jonas finalmente obedeceu ao Senhor e anunciou aos ninivitas que o Deus de Israel lhes estava dando uma nova chance, desde o rei até o mais simples dos cidadãos se converteram e mudaram de vida. A vontade de Deus é sempre perfeita e quando a obedecemos maravilhas inimagináveis acontecem!
Não temos que fazer muitas coisas, somente a vontade de Deus. Isso é tudo o que o Senhor pede e espera dos Seus servos. A este respeito ensina-nos São Paulo: “Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus” (Ef 5,17). E mais: “pois é necessária a perseverança para fazerdes a vontade de Deus e alcançardes os bens prometidos” (Hb 10,36). Também São João nos ensina a esse respeito: “O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,17). Das duas últimas citações bíblicas vemos que a obediência a Deus traz consigo grandes promessas: o alcance dos bens eternos!
Com efeito, enquanto nos levantamos e caminhamos, muitas vozes se levantam como se fossem a vontade boa e perfeita de Deus. Faz-se necessário nos abrirmos sempre mais à poderosa efusão do Espírito Santo, para que Ele nos dê o discernimento dos espíritos, por meio do qual podemos distinguir claramente o princípio animador de cada uma destas vozes, reconhecendo dentre elas, a suave voz do Bom Pastor.
Olhemos, pois, para Maria Santíssima, a Obediente até o fim. Que a Doce Mãe interceda por nós, Seus filhos, para que em tudo sejamos dóceis e obedientes à vontade do Pai.
Veni Sancte Spiritus!
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
G.O Jesus Senhor