O ciclo do Natal tem um tempo de preparação de quatro semanas, as quatro do Advento. Na primeira parte, refere-se à Segunda Vinda de Cristo e à pessoa de São João Batista; na segunda, à preparação próxima do Natal, com enfoque na Virgem Maria e São José. O Natal, a festa do nascimento de Jesus, é o ápice desse processo de preparação. Esse ciclo culmina na festa do Natal e se desdobra nas celebrações da Sagrada Família, da Solenidade da Epifania e do Batismo do Senhor, manifestações da glória divina.
O Missal Romano, nas Normas para o Calendário, no número 39, caracteriza o Advento como preparação para o Natal:
“O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa.”
A espera do Senhor em sua primeira vinda, comemorada no Natal, auxilia nossa espiritualidade a nos prepararmos para a inevitável Segunda Vinda de Cristo em sua Parusia. Entre as práticas tradicionais do Advento, destacam-se as novenas de Natal, que nos conectam a dois personagens essenciais deste tempo: Maria Santíssima e São João Batista. Além disso, são comuns o uso da coroa do Advento, a montagem do presépio (introduzido por São Francisco de Assis), a Liturgia das Horas e outras práticas espirituais.
O Natal é a festa da família, e um bom trabalho espiritual inclui ações caritativas e oracionais. A seguir, apresentamos cinco práticas recomendáveis para vivenciar esse tempo com profundidade:
1. Novena de Natal: A novena tem suas raízes na espera oracional pela vinda do Espírito Santo em Pentecostes, quando os apóstolos se reuniram com Maria (At 1,14). A novena de Natal nos convida a esperar o Senhor, tanto no Natal quanto em sua Segunda Vinda. Tradicionalmente, é realizada em grupos de famílias, rezando-se cada dia em uma casa diferente. Contudo, também pode ser feita em família, com enfermos, solitários ou pessoas afastadas da convivência eclesial.
2. Vivência do verdadeiro espírito de Natal: O Natal vai além dos presentes e da ceia. É um momento de convivência familiar e oração. Visitas mais frequentes a idosos, como avós ou pessoas solitárias, podem reforçar esse espírito. Organizar confraternizações que promovam verdadeira fraternidade é uma forma significativa de vivenciar o Natal.
3. Práticas sacramentais e espirituais: É fundamental dedicar tempo ao sacramento da confissão, bem como à Liturgia das Horas, tanto individualmente quanto em comunidade. Momentos de oração pessoal, leitura de livros espirituais sobre o tempo do Advento e outras práticas devocionais ajudam a aprofundar a vivência espiritual.
4. Atos de caridade: A sociedade se mobiliza para promover um Natal solidário, e, no anonimato, podemos ajudar os mais necessitados. Apoiar instituições cristãs confiáveis e realizar pequenos gestos de caridade conforme a inspiração do coração são maneiras de testemunhar o amor de Cristo.
5. Centralidade da Liturgia: Todas as práticas devem convergir para a celebração litúrgica, especialmente a Eucaristia. A Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium ensina que “a Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força” (n. 10). É essencial organizar as celebrações familiares e demais atividades em torno da Missa, para que a Liturgia seja vivida como o centro e o cume do tempo do Advento e do Natal.
Por fim, é importante lembrar que o verdadeiro Natal não está na agitação ou nas preocupações materiais, mas na celebração do mistério do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Que Jesus, nascido pobre e manifestado em sua sacratíssima humanidade, nos conceda um Natal feliz e verdadeiro, conduzindo-nos para a vida eterna. Amém.
Padre Micael de Moraes, Sjs
Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Pentecostes
e São Francisco de Assis