O terceiro dia do encontro começou com o Terço ao Espírito Santo e uma oração de acolhida. Em seguida, os participantes acompanharam a pregação do padre Micael de Moraes, sjs, com o tema: “Procurai agradar-lhe em tudo e frutificai em toda boa obra” (Cl 1, 9-10 que refletiu sobre a autoridade cristã como dom de Deus, que deve ser exercida com serviço e humildade e não como uma cópia dos modelos do mundo. “Precisamos da Palavra de Deus para entender o que é o exercício da autoridade em nossa vida e afastar tudo aquilo que não nos pertence”, afirmou.
O sacerdote refletiu sobre os papas como exemplos de autoridade vivida no serviço. Recordou São João Paulo II, que não escondeu sua fragilidade nos últimos anos de vida; Bento XVI, que renunciou ao papado em um gesto de humildade; e Francisco, que segue mostrando um papado voltado à simplicidade e ao cuidado com os mais frágeis. “O Papa Francisco, entrando de cadeira de rodas na Basílica de São Pedro, é como qualquer idoso da nossa família que só queria rezar”, comentou.
A pregação destacou ainda que autoridade verdadeira é aquela que vem de Deus e que se manifesta por meio do serviço e da fidelidade.
“Devemos estar onde Deus nos coloca e, ali, viver intensamente e dar frutos. Esta é a verdadeira dimensão do poder que temos: o serviço”
Por fim, padre Micael lembrou que toda missão é um chamado de Deus, e que, quando Ele abre os caminhos, é sinal de que está confiando uma missão. “Se Deus te chamou, abriu todos os caminhos, é para lá que você vai. E aí, é obrigação de consciência assumir aquilo que Ele confia”, concluiu.
Durante a segunda pregação do dia Klaus Newman, assessor de projetos de arrecadação do Movimento, conduziu uma reflexão sobre os tipos de liderança na Igreja. Nesse sentido ele fez uma análise sobre o papel da liderança dentro da Renovação Carismática Católica do Brasil destacando que, embora as comunidades estejam repletas de dons espirituais, muitas vezes carecem de unidade.
“Cada grupo de oração, cada diocese, cada estado tem dons abundantes. O que muitas vezes falta é a unidade entre os irmãos”
Durante a pregação, Klaus apresentou quatro tipos de liderança à luz da Escritura e da vivência carismática:
1. Visionários (Apóstolos)
São líderes que enxergam além do presente. Eles olham para o grupo e visualizam onde ele pode estar daqui a 10, 20 ou 30 anos. Como os apóstolos das primeiras comunidades, os visionários são aqueles que plantam, motivam e projetam. “É aquela liderança que faz arder o coração de quem ouve”, explicou.
2. Estrategistas (Profetas)
Identificados com a figura dos profetas, esses líderes têm clareza de onde o grupo precisa chegar e sabem traçar o caminho para isso. São organizados, focados e resistentes a desvios do plano original. Klaus os comparou a João Batista: “Não se desviam nem para a direita, nem para a esquerda. Eles escutam diretamente de Deus o que precisa ser feito”.
3. Analíticos (Pastores)
Líderes que valorizam dados, números e resultados mensuráveis. Gostam de refletir antes de tomar decisões e preferem manter os processos sob controle. “O analítico observa se o grupo cresceu de 52 para 53 membros e glorifica a Deus pelo crescimento, mesmo que pequeno. É a liderança que dá continuidade com sabedoria”, disse Klaus.
4. Operacionais (Formadores)
Embora mencionados brevemente, esses são os líderes que ensinam, que formam novas lideranças e ajudam a estruturar a caminhada com conhecimento e profundidade. Para Klaus, cada tipo de liderança é necessário, e todos são expressão de um mesmo Espírito.
Ao final, Klaus convidou cada um a identificar-se com algum dos perfis apresentados, reconhecendo sua missão e aceitando a unção específica dada por Deus para o tempo presente. Ele enfatizou que todos têm valor, todos são necessários e que a diversidade de lideranças é uma riqueza quando há comunhão. “Você não está onde está por acaso. Deus confiou uma missão. Talvez outros fossem mais capacitados, mas foi você o escolhido. O Senhor escolheu você!”.