“A nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência de que, no mundo, temos agido com santidade e sinceridade diante de Deus” (II Cor 1, 12a).

Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz!

Inspirados a palavra que Deus dirigiu ao profeta Jonas “Levanta-te! Vai a Nínive e anuncia-lhes o que te ordeno” (Jn 1,2; 3,2), desde 2023 estamos vivenciando e mergulhando em cada verbo desta ordem: Em 2023 mergulhamos no Verbo “Levantar-se”; em 2024, no Verbo “Ir”, ir ao encontro do outro, ser presença próxima às pessoas; já em 2025, somos chamados a refletir e a conjugar mais veementemente o Verbo “Anunciar”.

E olhem que interessante: neste ano de 2025, Ano Santo, Jubileu da Esperança, em que estamos sendo impulsionados a transbordar de esperança para o mundo, também estamos sendo particularmente chamados a anunciar. Com efeito, transbordar de esperança tem tudo a ver com anunciar. Transbordar é sair para fora das bordas, extravasar, difundir… Anunciar é publicar, extravasar, difundir… São, pois, ações semelhantes.

E quando falamos em anunciar, tanto a Sagrada Escritura quanto o Magistério da Igreja nos ensinam que este movimento se dá em pelo menos três dimensões: através do testemunho da vida, da proclamação da Palavra de Deus e das Obras que praticamos em favor dos homens. Penso que o Papa São Paulo VI conseguiu exprimir bem estas três dimensões numa única afirmação, feita em 29/11/1972: “Igreja tem necessidade de seu perene Pentecostes; tem necessidade de fogo no coração (dimensão das Obras), palavras nos lábios (dimensão da proclamação da Palavra de Deus) e profecia no olhar (testemunho coerente de vida).”

Tratemos, pois, nesta Carta da dimensão do testemunho de vida: todos nós tivemos um encontro vivo, impactante com Jesus Cristo e experimentamos o Amor de Deus, podemos afirmar que Ele se tornou o sentido e o centro de nossas vidas. Agora Ele nos honra fazendo de nós testemunhas vivas do Seu amor entre os homens, rosto e memória Dele no mundo. Que honra poder colaborar com o Senhor testemunhando não Aquele de quem ouvimos dizer, mas Aquele a quem abraçamos, com quem conversamos, de quem somos amigos. E testemunho quer dizer: “relato vivo e detalhado, atestado.” É como Jesus afirma a Nicodemos no diálogo de João 3, 11: “Em verdade, em verdade te digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos…”

Quem dá testemunho são as testemunhas. Ao lermos o Livro dos Atos dos Apóstolos no Capítulo 1º, versículo 8 vemos que, impactados pela força (dynamis) do Espírito Santo, tornamo-nos testemunhas (Martyres) oculares, isto é, pessoas novas, que viram, presenciaram detalhadamente todas as coisas e por isso sabem narrar sob diversos ângulos e com segurança as maravilhas de Deus.

Portanto, anunciar pelo testemunho não é outra coisa senão ser reflexo de Cristo, procurar viver aquilo que crê, reproduzir dentro de si o caráter de Cristo, exalar o perfume da graça e da santidade de Cristo em todas as nossas atitudes. Este é um modo ótimo de anunciar a Palavra encarnada em nossos corações. A este respeito, voltemos ao Magistério do Papa São Paulo VI: “para a Igreja, o testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue nas mãos de Deus, numa comunhão que nada deverá interromper, e dedicada ao próximo com um zelo sem limites, é o primeiro meio de evangelização. O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas” (Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 41).

Ainda na Palavra de Deus encontramos um versículo profundo sobre a dimensão do testemunho. Dirigindo-se especialmente às mulheres – mas plenamente aplicável a todo cristão –, São Pedro nos diz: “Se alguns não obedecem à palavra, serão conquistados, mesmo sem a palavra da pregação, pelo simples procedimento de suas mulheres” (I Pd 3, 1). Com efeito, a nossa vida será a única Bíblia que alguns poderão ler. A nossa vida é a nossa mais eloquente pregação.

Portanto, que cada um de nós vigie sobre a própria conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de homens sábios (cf. Ef 5,15). Cada um de nós nutra um autêntico discipulado aos pés de Nosso Senhor Jesus Cristo e reafirme a cada dia o compromisso com a virtude.

Peçamos, pois, à Mãe Santíssima, que nos ensine a viver como escolhidos e que nos ajude a sermos testemunhas eloquentes da vida nova em Seu Filho, a partir da experiência do batismo no Espírito Santo.

 

Veni Sancte Spiritus!

 

Vinícius Rodrigues Simões

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Grupo de Oração Jesus Senhor

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