Na celebração da vigília de Pentecostes de 2004, em Roma, o Papa João Paulo II afirmou em seu discurso: “Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um renovado salto de oração, de santidade, de comunhão e de anúncio” (29/05/2004).

ra, o elemento central de toda a espiritualidade de Pentecostes não é um devocional, um rito litúrgico ou uma novena de orações, simplesmente. Aquilo de mais significativo que a espiritualidade de Pentecostes – mormente em conseqüência da reflexão emanada do Concílio Vaticano II a respeito da Pessoa e do operar do Espírito Santo – tem resgatado e oferecido à Igreja é uma experiência: a experiência do chamado “Batismo no Espírito Santo”…

“Entre os católicos da Renovação a frase ‘batismo no Espírito Santo’ se refere a dois sentidos ou momentos. O primeiro é propriamente teológico. Nesse sentido, todo membro da Igreja é batizado no Espírito Santo pelo fato de ter recebido os sacramentos da iniciação Cristã. O segundo é de ordem experiencial e se refere ao momento ou processo de crescimento pelo qual a
presença ativa do Espírito, recebido na iniciação, se torna sensível à consciência da pessoa. Quando se fala, na renovação católica, do batismo no Espírito Santo, recebido na iniciação, se torna sensível à consciência da pessoa. Quando se fala, na renovação católica, do batismo no Espírito Santo, geralmente se refere a essa experiência consciente que é o sentido experiencial.” (Documento de Malines, Orientações Teológicas e Pastorais da RCC, Cardeal Suenens e outros). Para Dom Paul Josef Cordes – atual presidente do Pontifício Conselho Cor Unum (das obras de misericórdia) – , “o batismo no Espírito Santo” é experiência concreta da “graça de Pentecostes” na qual a ação do Espírito Santo torna-se realidade experimentada na vida do
indivíduo e da comunidade de fé.

O “derramamento do Espírito Santo” é introdução decisiva a uma renovada percepção e a um novo entendimento da presença e da ação de Deus na vida pessoal e no mundo. É, em suma, a redescoberta experiencial, na fé, de que Jesus é Senhor pelo poder do Espírito para a glória do Pai. Enraizado na graça batismal, o “batismo no Espírito” é essencialmente a experiência da renovada comunhão com as pessoas divinas. É abertura e manifestação da vida trinitária nos que foram batizados […] Com demasiada freqüência, indivíduos batizados não tiveram um encontro genuíno com o Senhor; “muitas vezes não se verificou a primeira evangelização” e ainda não há “adesão explícita e pessoal a Jesus Cristo” (Catechese Tradendae 19). Segundo ainda Dom Paul Cordes, a expressão “batismo no Espírito” pode ser usada em muitos sentidos. Aqui, “batismo no Espírito Santo” é usada com respeito à experiência de receber o Espírito Santo com a vida de graça, juntamente com a recepção dos carismas, como parte integrante da iniciação cristã, ou como reapropriação ou inspiração mais tardia em um contexto não-sacramental do que já foi recebido na iniciação (op.cit; p.28). Como se vê, há de se entender aqui a palavra “batismo”, no seu sentido primário, não sacramental, que se refere ao ato de mergulhar, imergir alguma coisa ou alguém em uma outra realidade (no nosso caso, um “inundar-se” no mistério da efusão do Espírito dispensado pelo Pai por intermédio de Jesus, em Pentecostes, que foi “derramado” conforme a promessa (cf. At 2,16-21).

Também se recorre com freqüência ao termo efusão do Espírito ou, ainda, “derramamento do Espírito”, e mesmo “um liberar do Espírito Santo”, querendo-se, sempre, referir-se àquela experiência que nos leva a abrirmo-nos mais à realidade da Trindade de Deus em nós, com uma crescente consciência a respeito do significado dos sacramentos da iniciação cristã, nos batizados
sacramentalmente. Essa especial e profunda “percepção” – definida, perceptível, envolvente – do relacionamento pessoal com Jesus Cristo que essa experiência proporciona não faz parte de nenhum movimento em particular – em caráter exclusivo – mas é patrimônio da Igreja, que celebra os sacramentos da iniciação e por quem recebemos o Espírito Santo.

Antes de entender e elaborar uma teologia a respeito do Espírito Santo, os apóstolos tiveram uma experiência com Ele. Ainda que, a princípio, não entendêssemos tudo o que pode significar, os frutos desse chamado batismo no Espírito deveriam, por si sós, motivar-nos a querê-lo, a desejá-lo- e com muita sede – para a nossa vida de fé. Alguns dos frutos que se percebem na vida dos que buscam e experimentam essa graça são:

•Conversão interior radical e transformação profunda da vida;
•Luz poderosa para compreender melhor mistério de Deus e seu plano de salvação;
•Novo compromisso pessoal com Cristo;
•Gosto pela oração pessoal e comunitária;
•Amor ardente à Palavra de Deus na Escritura;
•Busca viva dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia;
•Amor verdadeiro e autêntico à Igreja e às suas instituições;
•Descobrimento de uma verdadeira opção preferencial pelos pobres;
•Entrega generosa ao serviço dos irmãos, na fé.
•Força divina para dar testemunho de Jesus em todas as partes;

BESERRA DOS REIS, Reinaldo. Celebrando Pentecostes: fundamentação e novena. Editora RCC BRASIL. Porto Alegre-RS) Para adquirir este livro

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