Estamos a caminho da grande festa, a Páscoa! E isso exige de nós uma preparação condizente. Chegamos ao momento de uma pausa, do silêncio do deserto para, movidos pelo Espírito, ouvirmos a voz do Pai. Esse é o presente que a Quaresma nos oferece. Você, certamente, já definiu o caminho das práticas e penitências. Mas, e se pudéssemos tornar ainda mais rica a nossa vivência?

O primeiro passo é encontrar o sentido pelo qual a penitência acontece. Afinal, uma abstinência de alimentos sem clareza a respeito do motivo, não passaria de uma dieta. Da mesma forma, mudar hábitos (como as horas passadas diante das telas) simplesmente por “obrigação”, seria vazio. E mais: isso abre caminho para dois terríveis venenos: a lamentação e a vaidade.

O deserto, na Quaresma ou fora dela, é o lugar de encontro com a Palavra. Foi assim com Abraão, com Moisés, com o profeta Jonas (sim, também o isolamento de Jonas no ventre do peixe, ou após a sua missão, fora da cidade), o próprio Jesus… Distantes das distrações e excessos, todos foram visitados pela Palavra, tal como desejamos ser! Basta querer deixar de fora os impedimentos, e o encontro nos transforma.

Segundo passo: fazer o que é necessário. É possível que você, por exemplo, consiga substituir alimentos com tanta facilidade que não mude nada em sua rotina. Não faria sentido! Ou, talvez, proponha como “penitência” aquilo que já deveria fazer o tempo todo, como não falar mal dos irmãos, não cometer um ou outro pecado…, Mas, deixar pecados para trás já não seria algo básico para todo batizado no Espírito? Não basta transformar o essencial em “penitência”!

Escolha o que é simples, mas efetivo, para recordar o sacrifício de Jesus, ao mesmo tempo em que se aproxima Dele. Acordar mais cedo e usar o tempo livre para a sua oração – mas sem passar o dia reclamando pelo sono! Deixar de lado um alimento do qual se goste muito, ao mesmo tempo em que se dedica à caridade. Pergunte ao próprio Senhor, em oração: “o que impede que a minha relação contigo seja melhor e mais profunda?”. A resposta já apresentará o alvo da penitência. Tudo isso pode – e deve – ser acompanhado pela busca incessante dos sacramentos.

Por fim, o terceiro passo, que já deveria ser para nós prática diária: convidar o Espírito Santo para que seja nossa companhia. Se nada falta à alma que o chama, tudo pode ser suportado com Ele. Especialmente porque tristeza e efusão não combinam! O Espírito é a nossa alegria, fonte do ânimo necessário para arrancar os pesos, e chegarmos à festa da Ressurreição.

Heitor Amaral Pereira

Grupo de Oração Olhar Sagrado Arq. Goiânia-GO

Sec. Geral da RCC Goiás, e membro do núcleo do MJ Brasil.