“…a Igreja tem necessidade da arte. Pode-se dizer também que a arte precisa da Igreja? A pergunta pode parecer provocatória. Mas, se for compreendida no seu reto sentido, obedece a uma motivação legítima e profunda. Na realidade, o artista vive sempre à procura do sentido mais íntimo das coisas; toda a sua preocupação é conseguir exprimir o mundo do inefável. Como não ver então a grande fonte de inspiração que pode ser, para ele, esta espécie de pátria da alma que é a religião? Não é porventura no âmbito religioso que se colocam as questões pessoais mais importantes e se procuram as respostas existenciais definitivas?…”
Sim vou começar citando mais uma vez a Carta aos Artistas de 1999, escrita pelo artista São João Paulo II (ele, antes de padre, foi ator). E se já não fosse suficiente citá-lo vou também parafraseá-lo: a arte precisa da Igreja?
A arte nunca precisou tanto da Igreja como ultimamente. A Arte se perdeu em suas linhas e em seus movimentos, em sua revolução que nos tirou, melhor, que nos extirpou a Beleza. Se o mundo vive a beira do caos, este é um dos motivos, a falta de Beleza, maiúscula mesmo, pois esta a que me refiro é a beleza inspirada no Belo por excelência: Deus.
Os artistas precisam redescobrir o Evangelho como fonte, manancial inexaurível de inspiração, de beleza e de amor. A Igreja e a arte sempre tiveram uma relação cooperativa, quase ritual, ou não chamamos de litúrgica a arte que adorna nossos templos? Este casamento, por vezes abalado por egos inflamados de ambos os lados, (hora membros da Igreja quiseram enfiar goela abaixo suas vontades, hora os artistas tentaram fazer o mesmo com os membros da Igreja) ainda persiste, ainda dura e ainda dá fruto! Quando a arte e a teologia/liturgia encontram seu centro, seu lugar, a Igreja ganha obras magníficas, inspiradas, de beleza ímpar e inesquecíveis: Da Vinci, Michelangelo, Cláudio Pastro, Dom Ruberval Monteiro OSB, padre Ivan Marko Rupnik… artistas de ontem e de hoje inspirados pelo Espírito Santo para concretizar a Beleza, exprimir o inefável em nossa santa liturgia “…Não basta que a mensagem seja boa e justa. Ela tem que ser bela, pois só assim chega ao coração das pessoas e suscita o amor que atrai…” (Papa Francisco, Exortação “A alegria do Evangelho”, n. 167).
A Beleza acabará? Jamais! Nem a Beleza, nem o Amor, pois ambos vêm Deus. A primeira salvará o mundo, como diz Fiodor Dostoievski,e o segundo nos unirá a Deus definitivamente.
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Diácono Anselmo José Frugerio
Artista Plástico da Arquidiocese de Maringá, PR