Em preparação à Pentecostes, o Portal da RCCBRASIL preparou uma série de artigos que falam sobre os frutos do Espírito Santo. O que são? Como adquiri-los? O que eles geram no nosso coração e em nosso Ministério?

Serão nove dias seguidos falando sobre os efeitos do Espírito Santo em nossas vidas. Cada dia um fruto, convidando todos os leitores a desejarem o Espírito Santo de forma que, cheios desse mesmo Espírito, nossas vidas sejam renovadas. Assim, viveremos a plenitude da promessa do Senhor em darmos bons frutos, sendo Suas testemunhas (cf.8,15).

 

Convido-o a refletirmos sobre o primeiro fruto do Espírito Santo, elencado na Carta de São Paulo aos Gálatas, capítulo 5 e versículo 22. Antes, porém, se faz necessário entendermos o contexto do versículo citado.

A intenção de São Paulo ao escrever o texto de Gálatas 5, 13 ao 26 é de que todos os cristãos se deixem conduzir pelo Espírito, não satisfazendo o desejo da carne; ou seja, aqueles que creem no Cristo, devem ter uma vida de acordo com o que o Mestre ensinou, deixando que o Espírito Santo aja neles.

A comunidade que recebeu tal carta era composta por gentios (pagãos) e não por judeus. Porém, alguns judeus estavam querendo obrigar os gálatas a praticarem a “Lei”, incluindo a obrigação da circuncisão. Paulo entende que a salvação é “de graça” e que os convertidos à Cristo deviam viver de acordo com o Evangelho. Assim, o Espírito agindo em nós, produzirá frutos, e o primeiro é o amor.

É necessário, antes de tudo, dizer que o amor não é um simples sentimento. É sim, a vocação fundamental de cada um de nós. Fomos criados por Deus para o amor. Vemos em Gênesis que Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Já São João afirma que “Deus é amor” (1 Jo 4,16b); se somos feitos à imagem de Deus, então somos feitos no amor e para o amor. Assim, somos chamados para o amar a Deus em primeiro lugar e ao próximo como a nós mesmos. Este amor é o Espírito Santo, dom de Deus, derramado sobre todos nós. Então, cheios do amor de Deus poderemos viver a caridade.

A caridade também não é um sentimento. Ela é a expressão do amor que temos para com Deus e os irmãos. Para São Paulo, amor e caridade tem o mesmo significado; ele nos ensina que a caridade jamais desaparecerá. Tudo pode desaparecer, acabar, se findar, a caridade permanecerá para sempre (1Cor 13,8)! Podemos afirmar então que a caridade é a continuação do amor ou a exterioridade do amor. A pessoa caridosa é movida pelo amor de Deus, ou seja, é movida pelo Espírito Santo. Então, para sermos caridosos, devemos deixar que o Espírito Santo nos mova, nos impulsione a manifestar o amor de Deus através de nosso viver.

Eis o nosso grande desafio e missão! No mundo em que vivemos, onde há tanto ódio, rancor, inimizades, devemos fazer o que Jesus nos ensina: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei! ” Quando amamos, buscamos o bem do outro; quando amamos, rompemos com a cultura de morte existente na sociedade; quando amamos, vivemos a unidade com o diferente; quando amamos, superamos o egoísmo; quando amamos, suportamos o outro, ou seja, damos o ombro para o irmão necessitado. Eis a nossa missão irmãos, amar a Deus e o próximo com pequenos gestos, com nossa vida cotidiana!

Não esqueçamos que São João nos ensina: “Quem não ama o seu irmão que vê, não pode dizer que ama a Deus que não vê! ” (1 Jo 4,20ss). É possível então, vivendo a caridade cristã, atingirmos o amor divino. Para tanto, precisamos render nosso coração e nossa capacidade de amar abrindo-nos ao amor de Deus. Quanto mais nos entregamos ao amor de Deus, mais caridosos seremos, mais amorosos com o próximo seremos, mais próximos de nossa meta cristã, que é a santidade, estaremos.

Nós podemosser caridosos ajudando uma pessoa mais necessitada com uma roupa, ou algo que não utilizamos mais, ajudando uma pessoa de mais idade a atravessar a rua, a carregar suas sacolas, dando o lugar a ela no ônibus, etc. Tratando a todos com respeito, com educação. Quanto mais amarmos a Deus, mais caridosos seremos, mais próximos dos irmãos estaremos. Assim, construiremos a civilização do amor, como nos ensinou São João Paulo II.

 

Pe. Leandro José Rech

Arquidiocese de Florianópolis