Todos os anos, no dia 29 de junho, a Igreja Católica celebra com fervor e devoção o dia de São Pedro e São Paulo. Mas, você já parou para pensar por que estas duas figuras imensas da fé são comemoradas juntas? Por que a igreja decidiu que os pilares que sustentam a instituição merecem uma celebração conjunta? Este é o ponto que queremos abordar neste artigo.
Pedro e Paulo, cada um à sua maneira, contribuíram significativamente para a construção e a consolidação da Igreja Católica nos primeiros anos após a morte de Cristo. Pedro, apontado pelo próprio Jesus como a pedra na qual a igreja seria edificada, é o primeiro papa (cf. Mt 16,18). Já Paulo, com sua intensa atividade missionária, é responsável por grande parte do Novo Testamento e pelo alcance da mensagem cristã a populações que, até então, não a conheciam.
A tradição bíblica, desde Atos dos Apóstolos, coloca esses dois gigantes da fé em paralelo. Na primeira parte da narrativa, Pedro será o personagem enfocado (cf. At 1-12). Na segunda, Paulo (cf. At 13-28). Essa relação é tão estreita que Lucas faz questão de mostrar que ações de Pedro são repetidas por Paulo. Assim, ambos respectivamente pregam (cf. At 2; 13), curam coxos (cf. At 3; 14), enfrentam mágicos-advinhos (cf. At 8; 13), curam (cf. At 5: Pedro com a sombra; At 19: Paulo com seus lenços), impõem as mãos (cf. At 8; 19), são confundidos com divindades pelos pagãos (cf. At 10; 14), realizam ressuscitações (cf. At 9; 20) e são presos pelo Evangelho (cf. At 12; 28).
Ao celebrar os dois santos no mesmo dia, a Igreja ressalta a importância do trabalho conjunto para o desenvolvimento da fé e a expansão do Cristianismo. A celebração em conjunto mostra que, apesar de terem personalidades e missões distintas, ambos foram fundamentais para a consolidação do Cristianismo. Pedro, com seu papel de liderança, e Paulo, com seu trabalho evangelizador.
O dia 29 de junho foi escolhido porque, segundo a Tradição, foi o dia em que ambos foram martirizados e encontraram a morte em Roma, durante a perseguição do Imperador Nero. Mesmo que suas mortes não tenham ocorrido exatamente no mesmo dia, a Igreja decidiu homenageá-los conjuntamente como uma maneira de reforçar a ideia da comunhão dos santos e da unidade da Igreja.
Assim, a festa de São Pedro e São Paulo, celebrada em conjunto, é uma lembrança do quanto esses dois pilares foram e continuam sendo fundamentais para a Igreja. Ela nos lembra que, apesar de nossas diferenças, todos nós temos um papel a desempenhar na construção do Reino de Deus na Terra.
Prof. João Claudio Rufino
Professor de Sagrada Escritura
Faculdade de Teologia da PUC-SP