Enquanto esperamos a grande festa de Pentecostes, tão significativa para nós, carismáticos, o portal RCCBRASIL recordará as pregações das manhãs do ENF 2012.

No ano em que o Movimento se une para “apascentar as ovelhas” do Senhor, o aprofundamento e a prática de elementos essenciais da nossa espiritualidade são colocados em evidência para que o pastoreio aconteça com fortes marcas da identidade carismática. Com esse intuito, a programação das manhãs do Encontro Nacional de Formação 2012 contou com pregações e fortes momentos de oração sobre o tema Carismas. Acompanhe esta série de três artigos que estão publicados na edição nº 73 da Revista Renovação e agora nos ajudarão na preparação para Pentecostes.

Dons da Palavra

O nosso chamado de apascentar as ovelhas se dá a partir daquilo que nós somos, da nossa identidade enquanto Movimento.  Dentro desse contexto,  nós sabemos que o tripé da identidade da RCC é o batismo no Espírito Santo, a vivência dos carismas e a vida em comunidade. Dessa forma, para bem pastorear, precisamos conhecer e aprofundar o uso dos carismas porque os dons do Espírito Santo multiplicam as possibilidades humanas de evangelização.

Nesse sentido, observamos que até no meio da RCC encontramos pessoas com dificuldades para se abrirem aos carismas. Em relação a isso, é importante lembrarmos que eles são dons gratuitos e, por isso, por serem unicamente graça de Deus, precisam ser sempre acolhidos. Um trecho da Constituição Dogmática Lumen Gentium ajuda a esclarecer essa questão. “Além disso, este mesmo Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz, distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras; a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum. Estes carismas quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja”.( LG 12)

A Palavra de Deus também nos ajuda a entender melhor a importância dos carismas. Os capítulos 12, 13 e 14 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios podem ser entendidos como o manual da vida carismática.  É interessante atentarmos para o contexto social em que viviam os destinatários dessa epístola. Corinto era uma cidade portuária, muito populosa e marcada pela luxúria.  Nesse lugar de grandes dificuldades de evangelização, Paulo escolhe o tema carismas para falar ao povo, pois esses são dons úteis para a vida da Igreja e confirmam a pregação. Hoje em dia, ao observarmos o contexto social em que estamos inseridos, também percebemos a nossa necessidade de que o Espírito Santo distribua os carismas para que a nossa evangelização seja acompanhada de sinais.  E os carismas ou dons da Palavra são importantes instrumentos para uma evangelização de poder. Vejamos um pouco mais sobre cada um deles.

Dom das línguas

Dizem que a oração em línguas é o menor dos dons.  Mas quando a experimentamos, creio que não seja mais possível dizer isso. É o próprio Espírito orando em nós e por nós, você acha isso pouco? A oração em línguas é um dom que serve para a edificação da própria pessoa e no qual não há conceitos humanos. Entretanto, é possível darmos uma intenção para a nossa oração, fala ou canto em línguas e assim o dom ajuda a nos comunicarmos melhor com o Senhor.  

Dom de Profecia

A profecia dá a conhecer a vontade de Deus sobre determinada situação. Através da profecia, Deus nos exorta, corrige e anima e a mensagem sempre deve ser confirmada pela assembleia. É relevante lembrar também que a verdadeira profecia sempre orienta para Cristo e que não contraria e nem acrescenta nada ao que nos revelam as Escrituras e o Magistério da Igreja.

Outro elemento fundamental para o exercício desse carisma é sabermos silenciar interiormente para poder escutar a Deus.  Precisamos cultivar momentos de silêncio interior para aprendermos qual é a forma que Deus escolhe para se comunicar com nós. Pois Deus respeita o nosso jeito de ser e fala de uma forma especial com cada um. Da mesma maneira, precisamos cultivar momentos de silêncio e escuta profética durante a vivência do ciclo carismático em nossos Grupos de Oração.

Dom de Interpretação das línguas

Esse carisma não se trata da uma capacidade de tradução, mas da faculdade de perceber o sentido da oração ou da profecia pronunciada em línguas. Com isso, podemos perceber o que o Senhor quer dizer em uma determinada circunstância. Quando alguém fala em línguas na assembleia, o silêncio que se segue prepara o clima para a intervenção do carisma profético da interpretação que exorta, edifica e consola.

Que o nosso coração esteja sempre aberto para receber os carismas e que esses fecundem a nossa missão, como rezou o Papa Paulo VI, em 10 de outubro de 1974: “que Deus conceda, que o Senhor deixe novamente cair uma chuva de carismas para fazer a Igreja fértil, bela, admirável, capaz de comover, de atrair a atenção maravilhada até do mundo profano com sua tendência ao secularismo.”

Por Lázaro Praxedes
Coordenador Nacional do Ministério de Pregação
Grupo de Oração Fonte de Água Viva



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