Em 1984 foi celebrado na Praça São Pedro, no Vaticano, o Encontro Internacional da Juventude com o Papa João Paulo II, por ocasião do Ano Santo da Redenção. Na ocasião, o Papa entregou aos jovens a Cruz que se tornaria um dos principais símbolos da Jornada Mundial da Juventude, conhecida como a Cruz da Jornada. O ano de 1985 foi declarado Ano Internacional da Juventude pelas Nações Unidas. Em março daquele ano houve outro encontro internacional de jovens no Vaticano e no mesmo ano o Papa anunciou a instituição da Jornada Mundial da Juventude, que todos os anos acontece em âmbito diocesano, celebrada no Domingo de Ramos e, com intervalos que podem variar entre dois e três anos, são feitos os grandes encontros internacionais. A XXVIII Jornada Mundial da Juventude será realizada de 23 a 28 de julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro com o tema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19).
É a vez do Brasil acolher jovens do mundo inteiro. Não teríamos figura mais expressiva do que a do Cristo Redentor, de braços abertos, para expressar a hospitalidade da fé que acolhe representantes da Igreja inteira. É um fenômeno de partilha e generosidade! A Arquidiocese do Rio de Janeiro primou nos imensos esforços para preparar a Jornada Mundial da Juventude, a ser celebrada como um grande evento missionário. Junto com a Igreja do Rio de Janeiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, as autoridades de todos os níveis e muitas outras forças da sociedade se mobilizaram para realizar a Jornada. É o espetáculo da unidade! Sairão pelo nosso país e pelo mundo afora jovens e adultos, feitos discípulos de Cristo pelo Batismo, enviados como missionários, para espalharem a Boa Nova do Evangelho, contribuindo na formação de outros tantos discípulos em todas as nações da terra. É a festa da Missão!
Por que ir ao Rio de Janeiro na Jornada Mundial da Juventude? Passam de quatro mil os representantes da Arquidiocese de Belém, que se unem a tantos outros da Amazônia inteira que querem testemunhar a vitalidade de nossa Igreja. Ninguém se esforça e se sacrifica tanto por meses e anos em vista do nada! Há algo que atrai, ou mais ainda, há alguém que atrai irresistivelmente, de modo que mesmo os que não poderão viajar estarão unidos através dos Meios de Comunicação. A força de convocação vem da presença de Jesus Cristo, o Senhor! Sim, a multidão reunida na Jornada criará as condições para uma presença muito especial do Senhor, onde dois ou mais se reúnem em seu nome (Cf. Mt 18,20). E ali serão milhões de pessoas! Uma só voz, um só coração, uma alma, em torno do Senhor. De fato, já São Paulo afirmava sobre a Igreja: “Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, acima de todos, no meio de todos e em todos (Ef 4, 4-6). Ninguém será estranho, mas todos irmãos e irmãs.
O que acontecerá na Jornada? Pregação do Evangelho, Anúncio do Querigma, Catequeses conduzidas pelos Bispos, muita oração, partilha, espetáculos, a Missa Diária, Via Sacra, a Grande Vigília, o envio. Certamente haverá muito sacrifício, haverá alegria, encontro fraterno, conhecimento! Todos poderão desfrutar a alegria da fraternidade. Não há nada de estranho, mas a vida da Igreja experimentada com intensidade, em companhia de irmãos e irmãs do mundo inteiro.
No Credo, proclamamos a fé na Comunhão dos Santos. A Jornada Mundial da Juventude escolheu como patronos companhias ilustres para acompanhar seus participantes. Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Mãe do Povo brasileiro está em primeiro lugar. Depois, também escolhidos como patronos estão São Sebastião, soldado e mártir da fé, Santo Antônio de Santana Galvão, arauto da paz e da caridade, Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeira das Missões e o Beato João Paulo II, amigo doa jovens. Cresce a galeria dos que rezam pela Jornada com os intercessores escolhidos: Santa Rosa de Lima, Fiel à Vontade de Deus, Padroeira da América Latina; Beato Pier Giorgio Frassati, o jovem de amor ardente aos Pobres e à Igreja; Beata Chiara Luce Badano, jovem de nosso tempo, totalmente entregue a Jesus; Beato Frederico Ozanam, Servidor dos mais pobres e fundador das Conferências Vicentinas; Beato Atílio Daronch, Amigo de Cristo, acólito brasileiro; Santa Teresa de Los Andes, contemplativa de Cristo, que aos dezessete anos entrava no Carmelo; Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil; Beato Isidoro Bakanja, jovem africano, Mártir do Escapulário; Beata Irmã Dulce dos Pobres, embaixadora da Caridade; São Jorge, Mártir e Combatente contra o Mal; Beata Laura Vicuña, chilena, Mártir da Pureza; Santo André Kim e seus companheiros, Mártires da Evangelização; Beata Albertina Berbenbrock, jovem brasileira, Mártir da Castidade e dos valores evangélicos. A Igreja inteira, com a companhia de santos e beatos de todos os continentes! Que eles roguem por nós e por nossos jovens!
E companhia ilustre, cuja palavra, exemplo e missão têm atraído o mundo inteiro, chega ao Brasil nosso hóspede esperado, o Papa Francisco. Estaremos “dependurados” em sua voz profética, conhecendo a importância de sua primeira visita internacional, desde o início de seu Pontificado. Bendito o que vem em nome do Senhor! Junto com o Papa, o Episcopado Brasileiro e de tantas partes do mundo, sacerdotes, religiosos e religiosas, pessoas consagradas a Deus e de todo o povo, um só coração, unidos pela certeza de que o Senhor tem muito a nos falar. Durante a Jornada, vai repetir-se o maravilhoso encontro de raças, línguas e nações, juntas para aprender a língua da caridade. Desejamos que o “Rio” de Janeiro e o Brasil sejam inundados com a grande torrente que brota do Coração de Cristo.
Sonhamos juntos com este rio, iluminados pela Profecia de Ezequiel (Ez 47, 5-12). Queremos caminhar à margem do rio e ver muitas árvores de vida nova, cujas folhas não caiam e sirvam de remédio, e seus frutos não terminem. Que fiquem saneadas as regiões de águas e corações estagnados. Que haja vida, alimento e restauração aonde quer que chegue este rio. Afinal de contas, trata-se da promessa do Senhor: “No último e mais importante dia da festa, Jesus, de pé, exclamou: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba quem crê em mim” – conforme diz a Escritura: “Do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7, 37).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL