O Evangelista Lucas escreveu o Evangelho de sua autoria, e também o livro dos Atos dos Apóstolos. No segundo capítulo do Livro de Atos dos Apóstolos, descreve o evento de Pentecostes. Pentecostes é a festa da colheita, cinquenta dias ou sete semanas (festa das semanas, cf. Ex 34,22), após a celebração da libertação da escravidão e da idolatria, que era a festa da Páscoa (cf. Ex 23,14-17). O significado numérico de sete semanas de sete dias retoma a perfeição do ser humano em Deus pelo Mistério Pascal de Cristo que se completa na ação do Espírito.

Diferente do Evangelho de João, no qual o ressuscitado sopra sobre os apóstolos o Espírito Santo (cf. Jo 20,22-23), Lucas quer mostrar que a festa da colheita, e posteriormente a festa do dom da Torah, é a Festa de Pentecostes, a festa da Páscoa do Espírito Santo.

O ano litúrgico se estruturou em primeiro lugar em torno do Domingo, o Dia do Senhor. Escolheu-se um domingo para a celebração do dia da Páscoa, um domingo após a primeira lua cheia da primavera no hemisfério norte. Em torno do dia da Páscoa vai se estruturando a celebração do Tríduo Pascal, a Semana Santa e a preparação quaresmal, na qual os catecúmenos se preparavam para o Batismo na Vigília Pascal, e a Igreja como mãe se unia com eles nessa preparação.

A oitava queria viver plenamente a Páscoa, e os cinquenta dias conforme o livro de Atos dos Apóstolos. O Tempo Pascal se inicia com a Páscoa da Ressurreição e se encerra com a Páscoa do Espírito Santo. No Tempo Pascal, lê-se as manifestações do Cristo Morto e Ressuscitado e a manifestação da ação do Espírito Santo na Igreja, através da leitura de Atos dos Apóstolos nas primeiras leituras das missas.

Antes de Pentecostes, acontece a festa da Ascenção, na qual Jesus promete: “…descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8). Era necessário que Jesus fosse glorificado, a carne humana levada ao centro da Santíssima Trindade para assim o Espírito plenificar toda a carne (Cf. Jo 7,37-44).

Celebrar Pentecostes é celebrar o derramamento do Espírito sobre toda a carne, é celebrar o Reinado de Cristo que se estende a todas as nações para glória do Pai, é celebrar que Babel não existe mais, mas a concordância de corações e línguas, conforme as leituras da Vigília de Pentecostes. O Pentecostes não é somente o encerramento do Tempo Pascal, mas demonstra que o Espírito é que conduz o Ano Litúrgico e a Santa Igreja no louvor ao Pai, através do seu Filho Crucificado e Ressuscitado, até o fim do mundo, quando a Esposa e o Espírito dizem ao Cristo: “Vem”!

Que Nossa Senhora de Pentecostes, como intercedeu no dia do derramamento do Espírito, interceda hoje, para que celebremos com esplendor a Liturgia do Grande Pentecostes!

Padre Micael de Moraes, sjs

Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Pentecostes e São Francisco de Assis