Durante o mês de maio, mês das mães, o Portal da RCCBRASIL está apresentando alguns testemunhos e reflexões elaborados pelo Ministério para as Famílias da Renovação Carismática Católica do Brasil que falam sobre maternidade, os desafios e a beleza desse dom concedido por Deus.

O quarto e último texto tem como título ‘A Maternidade de Maria’. Confira abaixo:

 

“Mãezinha do Céu eu não sei rezar, mas quero te dizer que quero te amar, azul é teu manto branco é teu véu, Mãezinha eu quero te ver lá no céu”. Quantas doces lembranças me vem dessa canção quando a minha mãe da terra, me preparava para um sono tranqüilo, embalado pela Mãe do Céu e nesse momento aquele lençol deixava de ser um simples lençol e passava a ser para mim o manto de Maria bem quentinho que me acolhia e aquecia a fé de uma pequena criança, para que assim como o Menino Jesus, eu pudesse “crescer em estatura, sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52).

 

“A mãe, que ampara o filho com sua ternura e compaixão, ajuda a despertar nele a confiança, a experimentar que o mundo é um bom lugar que o acolhe, e isto permite desenvolver uma auto estima que favorece a capacidade de intimidade e empatia” (Exortação apóstolica pós-sinodal AMORIS LAETITIA sobre o amor na família, n 175)

 

Hoje vejo a importância daquele tão simples momento, pois através de tantas noites embaladas no “hit da mamãe”, pude ter minha fé alimentada e construída na doutrina católica, quando em minha adolescência e juventude por muitas vezes me foram apresentadas outras religiões, eu carregava no meu coração a certeza que “eu sou católico”, pois só lá eu terei a minha Mãezinha do Céu, dormi com ela por tantas noites, que não poderia esquecer!

Da minha infância lembro ainda que diante do grande desafio de ser criança, me era dito, depois de uma travessura que terminava em joelho arranhado, braço machucado: “Vamos pedir a Mãezinha do Céu para passar logo essa dor?”, e diante das lágrimas de uma criança e muitos beijos da minha mãe, vinha sempre o consolo da Mãezinha do Céu, que para mim havia cuidado tão bem do Menino Jesus e que cuidaria de mim, para que a dor passasse mais rápido! Esse era o melhor remédio, pois não ardia como o mertiolate, ao contrário esse remédio cuidava não só do “dodói”, mas cuidava de meu coração.

A importância desses momentos marcou toda a minha história, pois apesar de ter nascido em um lar católico, que participava das Missas apenas nos domingos, como minha mãe e meu pai trabalhavam durante a semana inteira e ela viajava muito a trabalho, não participávamos ativamente da comunidade, nem de nenhum serviço da igreja e cresci com o alimento mínimo de uma fé católica. Apesar de ter estudado por muitos anos em colégio católico, segui por um bom tempo de minha vida distante e indiferente aos cuidados da Mãezinha do Céu, mas na hora da dificuldade a quem eu recorria? Se você pensou a Maria, acertou em cheio, seja nos conflitos do namoro, seja nas dúvidas da juventude, tantas coisas que eu precisava de ajuda, então recorria muitas vezes aquela que me ajudou na hora do “dodói”.

Quantas vezes fui cuidada pela Mãe de Deus e minha? Muitas podem ter certeza e todas as vezes que buscava Jesus O recebia pelas mãos de Maria, se fui cuidada por ela, você não tem noção, digo a quem perguntar fui mimada por ela. Nasci no dia 16 de maio, mês mariano, casei no dia 26 de dezembro, que por providência era dia da Sagrada Família, depois fiquei viúva e naquele momento de muita dor, quem cuidava do “dodói”, tenho certeza que você já sabe a resposta! MARIA, Mãe de Deus e minha!

Na semana que meu esposo faleceu, os servos do meu Grupo de Oração começaram a rezar todos os dias na minha casa e uma noite tive um sonho. Via no jardim da minha casa uma linda gruta para Nossa Senhora e me vinha que minha casa seria uma casa de oração, guardei esse sonho em meu coração! Poucos dias depois, ainda nas visitas de oração à minha casa, a minha coordenadora que tem o nome de Maria Aparecida, diz: “essa casa é uma casa de oração”. Eu como boa carismática que sou digo: “e eu confirmo!”, no último dia que o Grupo iria para lá, levaram o rapaz do Ministério de Música pela primeira vez e esse foi entrando na casa e dizendo: “essa casa é um Cenáculo com Maria”! Não precisamos mais de confirmação, então nos unimos em oração e no dia da abertura do novenário do mês de Maio, iniciamos o Grupo de Oração Nossa Senhora de Fátima!

Conto tudo isso para te dizer que todos daquela cidade do sertão da Paraíba, conheciam a casa que eu morava com meus dois filhos e que acontecia todos os domingos o Grupo de Oração, como a Casa de Maria. Esse era sem dúvidas para mim, um grande mimo da Mãe, quando me perguntavam onde morava, podia dizer com toda alegria: “moro na casa de Maria”. Me tornei mais uma vez a filha que apesar de ter escolhido muitos outros caminhos, naquele momento voltava definitivamente para casa da Mãe, para ser cuidada e superar as dificuldades da viuvez!

Lembro que todos os dias pela manhã ia para perto da gruta e aquele lugar e Terço eram o conforto do meu coração de mãe e viúva, como aprendia com a maternidade dela a ser mãe e pai das crianças e como também encontrava no Santo Terço o conforto da viuvez. Se ela conseguiu ficar em pé aos pés da cruz eu também conseguiria.

 

“Ela nos gerou em seu seio, juntamente com Jesus, para a vida da graça. E nos acompanha, nos assiste, nos guia, como mãe verdadeira, para nós alcançarmos a vida total, a salvação” (livro Maria nosso sim a Deus, Frei Battistini)

 

Na casa de Maria eu que até então servia na Intercessão, recebi a missão de evangelizar as crianças. Lembro que em certo tempo do Grupo de Oração começaram a vir muitas crianças e não conhecíamos o Ministério para as Crianças, que ainda não existia na Paraíba. Mesmo assim decidi ficar com elas, no começo foi muito difícil. Eu colocava os brinquedos e deixava que elas ficassem só brincando, mas vinha o desejo de fazer com elas, do mesmo jeito que fazíamos no Grupo de Oração e assim começamos até que fui a primeira vez ao ENF. Chegando lá vi que já fazíamos um Grupinho de Oração com as crianças, busquei conhecer a fundo e recebi esse lindo chamado de evangelizar crianças. Na casa de Maria pude aprender como uma filha como evangelizar as crianças ela que tão bem cuidou de Jesus, agora me ensinava a ser “tia-mãe espiritual” de cada criança!

Maria, modelo de serva, modelo de obediência, modelo de humildade e modelo de mãe, agora segurava em minha mão e me ensinava a dar muitos passos firmes na vontade de Deus. Se tenho dúvidas que ela é minha mãe? Nunca tive, pois ela embalou os mais belos sonhos que tive e cuidou para que fizesse uma experiência profunda de Deus em um Grupo de Oração. Hoje eu afirmo com toda convicção eu conheço Jesus, pois ela me apontou Seu Filho quando cuidou de cada “dodói” de minha infância.

 

“Não podem seguir os caminhos de Jesus aquele que não fizer a experiência filial de Maria, mãe de Deus e nossa mãe.” (livro Cheia de graça, Padre Léo)

 

Assumir a maternidade de Maria em minha vida significou não caminhar sozinha, trouxe força nos momentos de dificuldades, respostas no momento de aflição e principalmente me deu Jesus, que deu um novo sentido aos meus dias. Sentir-se amparada por aquela que nos ama e intercede pelas nossas necessidades desde a infância, me deu a oportunidade de saber que sempre terei um lugar para voltar, fui para o colo de Maria e encontrei em seus braços o Menino Jesus! Ela não permitiu que faltasse o vinho nas bodas de Caná, está sempre de prontidão para acolher as necessidades de cada filho, e isto traz a certeza da sua maternidade, amparo e proteção, porque sendo a Mãe de Deus e nossa Mãe conhece cada filho.

Quero concluir esse momento com essa canção e sob os rogos de Maria colocar cada filho amado mais uma vez em seu colo recebendo seu cuidado de mãe!

“Eu era pequeno, nem me lembro

Só lembro que à noite, ao pé da cama

Juntava as mãozinhas e rezava apressado

Mas rezava como alguém que ama

Nas Ave – Marias que eu rezava

Eu sempre engolia umas palavras

E muito cansado acabava dormindo

Mas dormia como quem amava

 

Ave – Maria, Mãe de Jesus

O tempo passa, não volta mais

Tenho saudade daquele tempo

Que eu te chamava de minha mãe

Ave – Maria, Mãe de Jesus

Ave – Maria, Mãe de Jesus

 

Depois fui crescendo, eu me lembro

E fui esquecendo nossa amizade

Chegava lá em casa chateado e cansado

De rezar não tinha nem vontade

Andei duvidando, eu me lembro

Das coisas mais puras que me ensinaram

Perdi o costume da criança inocente

Minhas mãos quase não se ajuntavam

 

O teu amor cresce com a gente

A mãe nunca esquece o filho ausente

Eu chego lá em casa chateado e cansado

Mas eu rezo como antigamente

Nas Ave – Marias que hoje eu rezo

Esqueço as palavras e adormeço

E embora cansado, sem rezar como eu devo

Eu de Ti Maria, não me esqueço”

 

(Minha Infância – Padre Zezinho)

 

Anabelly Medeiros Lopes

Grupo de Oração Sopro Divino

Coordenadora Nacional do Ministério para as Crianças RCCBRASIL