O Papa Francisco, por ocasião da Vigília de Pentecostes, neste ano do Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica, no sábado de 3 de junho, fez um apelo pela paz: “Não é muito fácil demonstrar ao mundo de hoje que a paz é possível, mas em nome de Jesus podemos demonstrar com o nosso testemunho que a paz é possível! Mas é possível se estivermos em paz entre nós. Se acentuarmos as diferenças, estaremos em guerra entre nós e não poderemos anunciar a paz. A paz é possível a partir da nossa confissão que Jesus é o Senhor e da nossa evangelização nessa estrada. É possível. Mesmo mostrando que temos diferenças — mas isto é óbvio, temos diferenças — mas que desejamos ser uma diversidade reconciliada […]”.
  
A fala do Santo Padre aos carismáticos do mundo inteiro não é diferente do que ele sempre repete. Demonstração de extrema preocupação com o tema: “em nome de Jesus podemos demonstrar com o nosso testemunho que a paz é possível!”, ele diz. Suas palavras assumem na perspectiva doutrinal, dos princípios e valores que o inspirou. Um mandato! Convoca-nos a uma adesão pessoal, a uma escolha lúcida na plena consciência da fé que professamos em Deus porque, a partir do Batismo no Espírito Santo, reconhecemos para sempre que a verdadeira paz só Ele pode nos dar!
 
A passagem de Romanos 5,1-2 reflete: “Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, mediante o qual também tivemos, pela fé, o acesso a esta graça em que estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”. O pecado original foi reparado em Jesus! A paz foi restabelecida, não mais acordos de paz separados, e sim aliança de paz nova e eterna, estendida a todos os povos.
  
Paz não é a sensação que traz calma, tranquilidade, bem-estar, algum tipo de contentamento. Existem diversas origens. Utilizar substâncias entorpecentes, por exemplo, pode dar a sensação de calmaria, autocontrole, submissão. Igualmente o uso de outros tipos de drogas, música relaxante, uma boa conversa com amigos, um passeio contemplando a natureza. A ausência de conflito também não é indicativo de paz. Variadas são as formas do homem encontrar bem-estar. É a paz passageira que não é a verdadeira paz.
 
“A paz esteja convosco!”, disse o Senhor ressuscitado aos apóstolos medrosos. A alegria tomou conta deles. Ele repetiu: “A paz esteja convosco!”. E conclui solene: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo” (cf. Jo 20,19-22). O Shalom, a paz duradoura! Todo o conteúdo da redenção está contido nessas palavras e sua repetição soa como a transmissão da paz perene. A paz primeira e mais essencial é a vertical, entre o céu e a terra, entre Deus e a humanidade. Dela dependem todas as outras formas de paz.
  
Reconhecer que, segundo a fala do Papa Francisco, “[a paz] é possível. Mesmo mostrando que temos diferenças — mas isto é óbvio, temos diferenças — mas que desejamos ser uma diversidade reconciliada”.
 
Importante é caminharmos juntos, como Grupo de Oração, como irmãos, como família. É essencial que numa sociedade onde o egoísmo encobre a simples beleza do acolhimento, da partilha e do amor entre as pessoas possamos, como carismáticos, sinalizar uma esperança que reconhece a presença de Deus mais forte do que o mal. Não podemos nos acomodar quando os ventos contrários ao projeto de paz que vem de Jesus se levantam e fazer de conta que não temos nada com isso. Em 2014, o Papa Francisco declarou que a Renovação Carismática Católica é uma grande força no serviço do Evangelho, na alegria do Espírito Santo. E hoje, é como confirmar a ordem categórica de Jesus: “Entrem na barca e atravessem o mar” (cf. Mt 14,22), o que exige de nós como Movimento, coragem, confiança e uma entrega a Deus sem medidas, para que a paz em nosso meio, a paz interior, na família, trabalho e relacionamentos, aconteça. O Batismo no Espírito Santo nos impulsiona a resgatar, guardar e propagar que a paz é possível! É a nossa fé desenvolvida em ato!
 
“Que o olhar de Jesus ilumine todas as nossas relações, para que não sejam somente formais e corretas, mas fraternas e vivas”, disse o Pontífice em outra ocasião.
 
A paz entre os homens é resultado da paz com Deus, da adesão ao senhorio de Jesus, de deixar-se conduzir pelo Espírito Santo. Se assumirmos nosso chamado e difundirmos fielmente a Cultura de Pentecostes, as barreiras cairão, os homens conhecerão a Deus, terão Jesus como Senhor, os corações se encherão de justiça, amor, partilha justa, e enfim, a paz será uma realidade na terra. AMÉM!
 
 
 
Rita Desideri
Grupo de Oração Servos de Maria – Arquidiocese de Manaus
Coordenadora Estadual do Ministério de Formação – Amazonas