O Papa Francisco nos traz a mensagem do evangelho de hoje: “O Servo de Javé, Jesus, serviu até à morte: parecia uma derrota, mas era a forma de servir. E isto sublinha a forma de servir que temos de assumir na nossa vida”. Leia a homilia na íntegra.
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A profecia de Isaías que ouvimos é uma profecia sobre o Messias, sobre o Redentor, mas também sobre o povo de Israel, sobre o povo de Deus: podemos dizer que se trata de uma profecia sobre cada um de nós. Essencialmente, a profecia enfatiza que o Senhor escolheu o seu servo desde o ventre materno: diz isto duas vezes (cf. Is 49, 1). Desde o início, o seu servo foi eleito, desde o nascimento ou antes do nascimento. O povo de Deus foi eleito antes do nascimento, inclusive cada um de nós. Nenhum de nós caiu no mundo por casualidade, por acaso. Todos têm um destino, um destino livre, o destino da eleição de Deus. Eu nasci com o destino de ser filho de Deus, de ser servo de Deus, com a tarefa de servir, de construir, de edificar. E isto, desde o ventre materno.
O Servo de Javé, Jesus, serviu até à morte: parecia uma derrota, mas era a forma de servir. E isto sublinha a forma de servir que temos de assumir na nossa vida. Servir é doar-se, doar-se aos outros. Servir não é esperar para cada um de nós qualquer outro benefício que não seja servir. É a glória, servir; e a glória de Cristo é servir ao ponto de se aniquilar a si mesmo, ao ponto de morrer, morte de Cruz (cf. Fl 2, 8). Jesus é o servo de Israel. O povo de Deus é servo, e quando o povo de Deus se afasta desta atitude de servir é um povo apóstata: afasta-se da vocação que Deus lhe deu. E quando cada um de nós se distancia da vocação de servir, distancia-se do amor de Deus. E constrói a sua vida sobre outros amores, muitas vezes idólatras.
O Senhor escolheu-nos desde o ventre materno. Na vida há quedas: cada um de nós é pecador, pode cair e já caiu. Exceto Nossa Senhora e Jesus: todos os outros caíram, nós somos pecadores. Mas o que importa é a atitude perante o Deus que me elegeu, que me ungiu como servo; é a atitude de um pecador capaz de pedir perdão, como Pedro, que jura “não, Senhor, nunca te negarei, nunca, nunca, nunca”, e depois, quando o galo canta, ele chora. Arrepende-se (cf. Mt 26, 75). Este é o caminho do servo: quando escorrega, quando cai, pede perdão.
Por outro lado, quando o servo não consegue compreender que caiu, quando a paixão o envolve de tal forma que o leva à idolatria, abre o coração a Satanás, entra na noite: foi o que aconteceu com Judas (cf. Mt 27, 3-10).
Hoje pensemos em Jesus, o servo, fiel no serviço. A sua vocação é servir, até à morte e morte de Cruz (cf. Fl 2, 5-11). Pensemos em cada um de nós, parte do povo de Deus: somos servos, a nossa vocação é servir, não obter vantagem devido ao lugar que ocupamos na Igreja. Servir. Sempre em serviço.
Peçamos a graça de perseverar no serviço. Por vezes com escorregões, quedas, mas pelo menos com a graça de chorar como fez Pedro.
Oração pela comunhão espiritual
As pessoas que não podem comungar sacramentalmente recebam agora a comunhão espiritual.
“Meu Jesus, creio que estás realmente presente no Santíssimo Sacramento do altar. Amo-te acima de todas as coisas e desejo-te na minha alma. Dado que agora não te posso receber sacramentalmente, vem pelo menos espiritualmente ao meu coração. Como se já estivesses aqui, abraço-te e uno-me totalmente a ti. Jamais permitas que me separe de ti”.
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Fonte: Vaticano