A adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-lo como Deus, como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Dono de tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso. “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele prestarás culto” (Lc 4,8), diz Jesus, citando o Deuteronômio 6,13 (Cf. CIgC. §2096).

“A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É prosternação do Espírito diante do “Rei da glória” e o silêncio respeitoso diante do Deus “sempre maior”. A adoração do Deus três vezes santo e sumamente amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas súplicas. ” (CIgC. §2628).

A adoração exige amor extremo, sem reservas, fazendo com que a pessoa seja levada a reverenciar a Deus com orações, devoção e honra. “Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta, reconhecer ‘o nada da criatura’, que não existe a não ser por Deus.

Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-lo, exaltá-lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão que ele fez grandes coisas e que seu nome é santo. Adoração do Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo” (CIgC. §§ 2096, 2097).

O apóstolo Paulo descreve perfeitamente a verdadeira adoração em Romanos 12,1-2: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”.

Esta passagem contém todos os elementos da verdadeira adoração. Primeiro, há a motivação para adoração: “as misericórdias de Deus.” A misericórdia de Deus é tudo o que Ele nos tem dado, que nós não merecemos: a salvação eterna, a graça eterna, o Espírito Santo, a paz eterna, a alegria eterna, a fé salvadora, conforto, força, sabedoria, esperança, paciência, bondade, honra, glória, justiça, segurança, vida eterna, perdão, reconciliação, justificação, santificação, liberdade, intercessão e muito mais.

O conhecimento e a compreensão desses presentes incríveis nos motivam a demonstrar louvor e ação de graças – em outras palavras, adoração! Também na passagem encontra-se uma descrição da forma da nossa adoração: “ofereceis o vosso corpo em sacrifício vivo e santo.” Apresentar os nossos corpos significa dar a Deus tudo de nós mesmos. A referência aos nossos corpos, aqui, significa todos os nossos sentidos, as nossas faculdades humanas, tudo da nossa humanidade – nossos corações, mentes, mãos, pensamentos, atitudes – deve ser apresentado a Deus. Em outras palavras, estamos abrindo mão do controle dessas coisas e ofertando a Ele, como um sacrifício vivo, atual e verdadeiro que foi entregue totalmente a Deus no altar.

Mas como alcançar isso? Mais uma vez, a passagem é clara: “pela renovação do vosso espírito.” Renovamos o nosso espírito diariamente ao limpá-lo dos pensamentos deste Mundo e substituindo com a verdadeira sabedoria que vem de Deus. Nós o adoramos com nosso espírito renovado e limpo, “pela pureza do olhar, exterior e interior; pela disciplina dos sentimentos e da imaginação; pela recusa de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar do caminho dos mandamentos divinos: “A desperta a paixão dos insensatos” Sb 15,5 (CIgC. §2520). As emoções e sentimentos podem ser assumidos em virtudes ou pervertidos em vícios (CIgC. §1768).

As emoções são coisas maravilhosas quando são formadas por uma mente saturada na Verdade, caso contrário elas podem ser forças destrutivas e fora de controle. Onde a mente (o espírito) vai, a vontade segue, e assim fazem as emoções. Em I Cor 2,16 nos diz que temos “pensamento de Cristo”.

Há apenas uma maneira de renovar os nossos pensamentos, as nossas mentes – através da Palavra de Deus. É conhecer e compreender a verdade da Palavra de Deus que renova nossas mentes, nosso espírito. Conhecer a verdade, crer na verdade, manter convicções sobre a verdade e amar a verdade naturalmente resultarão em uma verdadeira adoração espiritual.

A verdadeira adoração é centrada em Deus. As pessoas tendem a se distrair com coisas secundárias, como: onde devem adorar, qual música devem cantar na adoração e como outras pessoas enxergam o seu louvor. Focalizar-se nessas coisas atrapalha enxergar o ponto principal. Jesus diz-nos que os verdadeiros adoradores hão de adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4,24). Isso significa que adoramos a partir do coração, essa é a maneira que Deus projetou. A adoração pode incluir orar, ler a Palavra de Deus com o coração aberto, cantar, participar em comunhão e servir aos outros. Ela não se limita a um ato, mas é feita corretamente quando o coração e a atitude da pessoa estão no lugar certo. São Paulo nos afirma “este é o vosso culto espiritual”. Também é importante saber que a adoração é reservada somente para Deus. Só Ele é digno e não qualquer um dos Seus servos (Ap 19,10).

A verdadeira adoração é sentida interiormente e então expressa através de nossas ações. “Adorar” por obrigação desagrada a Deus e é completamente em vão. Ele demonstra isso em Amós 5,21-24 ao falar contra o culto formal. Um outro exemplo é a história de Caim e Abel, ambos trouxeram ofertas ao Senhor, mas Deus só se agradou com Abel. Caim trouxe a oferta por obrigação; Abel trouxe os melhores cordeiros do seu rebanho. Ele trouxe o que trouxe por fé e admiração por Deus.

A verdadeira adoração é o reconhecimento de Deus e todo o Seu poder e glória em tudo o que fazemos. A forma mais elevada de louvor e adoração é a obediência a Ele e à Sua Palavra. Para fazer isso, devemos conhecer a Deus; não podemos ser ignorantes dEle (Atos 17, 23). A adoração serve para glorificar e exaltar a Deus – para mostrar a nossa lealdade e admiração ao nosso Pai.

Não devemos adorar com a expectativa de receber algo em troca, como uma cura milagrosa. A adoração é feita para Deus – porque Ele merece – e para o Seu louvor. A adoração pode ser louvor público a Deus (Salmo 34,18) em uma assembleia, onde podemos proclamar através da oração e louvor a nossa adoração e gratidão a Ele e o que tem feito por nós.

Quando estamos em adoração estamos reconhecendo a Jesus como nosso único Senhor e Salvador. Estar em adoração é despojar-se de si e se entregar a Ele. É se fazer humilde, como os três reis magos e entregar a Jesus tudo o que temos de mais valor.

É dizer sempre “Onde está o Rei… viemos adorá-lo” (Mt 2,2). É assumir ser pecador e dizer para Ele: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10,47) e confiar em sua misericórdia. É louvar a Deus por todas as graças que Ele derrama em nossa vida: “Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus! ” (Mt 21,9).

“A Eucaristia é também o sacrifício de louvor por meio do qual a Igreja canta a glória de Deus em toda a criação. Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de sorte que o sacrifício de louvor ao Pai é oferecido por Cristo e com ele para ser aceito nele” (CIgC. §1361).

A adoração a Cristo exprime-se nas diversas formas de devoção eucarística, pois é sobretudo na Eucaristia que Cristo Jesus age em plenitude para a Transformação dos Homens:

Na Santa Missa: no momento da transubstanciação (mudança da substância do pão e vinho na substância do corpo e sangue de Jesus Cristo no ato da consagração) e da elevação;

Na exposição do Santíssimo Sacramento: quando o corpo de Cristo (Eucaristia) é exposto em um ostensório;

Na visita ao Sacrário: nos momentos em que a Igreja está aberta, visitar Jesus no sacrário para adoração;

Na genuflexão (ato de ajoelhar) diante do Sacrário: dobrar o joelho até ao chão ao passar em frente ao Santíssimo Sacramento quando estiver exposto ou no sacrário;

Na adoração da Cruz: na Sexta-Feira Santa.

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Fonte: Portal RCCBRASIL