Acompanhe o testemunho de Karina Lemos dos Santos Coelho, da cidade de Cuiabá, no Mato Grosso. Karina participa do Grupo de Oração Obra de Maria, que pertence à Comunidade  Cristo Redentor, Paróquia do Rosário. Ela  fala sobre a ação de  Deus na sua vida durante toda a  gestação do pequeno  Igor e os desafios enfrentados com a anencefalia.
“Eu estava grávida do Igor,  meu primeiro filho,  e no 4º  mês, foi detectado um atraso no crescimento, afetando todo processo de desenvolvimento dele. Foi diagnosticado, entre outras anomalias,  a  anencefalia.
Na tentativa de salvar meu filho, acreditei na médica que disse que ele não tinha possibilidade de vida dentro de mim e que iríamos tentar um parto prematuro. Enquanto me preparavam para entrar no centro cirúrgico, descobri que o bebê também não tinha chance de vida fora de mim, e que viria a falecer logo que nascesse. Alguns médicos, já reunidos tentavam decidir por mim sem o meu conhecimento.
Minha família soube e então, entrou em ação à favor da vida, pois assim como eles, eu também era contra o aborto. Acreditei num milagre, mas deixei Deus ser Deus  e decidir o que fazer.
Então recebi a notícia! Já internada e com todos os preparativos para o ‘parto’, a médica esclareceu que a cirurgia seria um aborto, pois o Igor não iria sobreviver… Precisavam apenas do meu consentimento diante da autorização de ‘antecipação terapêutica do parto’ já que os médicos estavam prontos para realizá-lo, defendendo a ‘necessidade’ de fazê-lo pois, segundo eles, era um absurdo levar a gestação adiante, após esse diagnóstico.
Tentaram nos convencer de todas as formas e com todos os argumentos científicos de que essa era a melhor solução.Naquele momento tive sim, muita tristeza, havia mais possibilidade de morte do que de vida, mas Deus estava lá e era o Senhor da história. Igor veio com a linda  missão de nos ensinar a amar até o fim! Amar incondicionalmente!
Pensei ainda que levando a gestação até o fim, se o Igor vivesse ao menos por duas horas, seria possível doar seus órgãos e que teriam crianças aguardando essa doação. Os órgãos eram normais e ele já estava com seis meses. Seria outra missão lindíssima! Quantos de nós dariam a vida para que outros pudessem viver?
Sou a favor da vida e não tenho o direito de decidir quem vai viver. Embora eu mesma corresse risco de morte, decidi ir até o fim. Não gerei o Igor sozinha! Percebi que no dia 25/04 um movimento estranho em minha barriga me dava a certeza de que ele tinha morrido. Era o dia do meu aniversário. Então, 26 /04 um ultrassom confirmava o óbito fetal.
Inicia-se ali um lindo processo de conversão.Uma missão que muitos levam anos para entender, o Igor, em seu pouco tempo de vida a cumpriu!
Hoje, vendo tudo o que está acontecendo, toda a mobilização pela desciminalização do aborto no nosso país, parece-me que ainda temos muito o que aprender sobre isso e muitos passarão por essa vida sem aprender porque não tiveram a oportunidade que eu tive com meu filho anencéfalo que me  ensinou a viver no amor!JESUS não nos deixará sem paz se mantermos os olhos fixos Nele!
Igor foi minha primeira alegria , depois veio a segunda- Gabriel, a terceira, o Henrique e a quarta, Tobias. Deixem  Deus  Ser Deus!!!
‘Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.'(São Mateus 25,40)
Obrigada Senhor, por ter me amado Tanto assim!”