Benignidade por vezes é traduzida como afabilidade, ou ainda amabilidade, em algumas versões da Sagrada Escritura. Este “fruto do Espírito” nada mais é do que a capacidade de agir ou uma característica de quem é generoso, afável, amável e que está disposto a fazer o bem, é benigno.

 

Para melhor compreendamos do que se trata vejamos a ideia apresentada por São Tomás de Aquino e que nos permite entender bem a necessidade de produzir, no Espírito, este fruto. Num aspecto espiritual, Tomás de Aquino, na Suma Teológica afirma que o fruto do Espírito é algo que o homem produz “como se fosse uma árvore”, ou ainda, é aquilo que ele pode “colher” de si mesmo ou de alguém em seu benefício. Para ser considerado um fruto deve ser algo de bom proveito, poderíamos dizer que é delicioso ao sabor de quem o colherá.

 

Aqui podemos relacionar este fruto do qual fala Paulo com as obras de cada um, com as atitudes ou o proceder de cada pessoa. É desta forma que São Tomás de Aquino explica a ação do Espírito Santo no homem que lhe inspira a dar o fruto, como uma árvore em proveito as necessidades de si mesmo ou em favor de outras pessoas.

 

Se o proceder do homem é resultado, nele ou para ele, de uma “virtude mais alta”, que é o Espírito Santo, explica São Tomás, logo este agir ou esta ação, é um fruto do Espírito, cuja a finalidade é permitir saborear as premissas da ação de Deus em favor de cada um.

 

A benignidade é o fruto que o Espírito Santo faz florescer e manifesta àquele em quem o “amor faz arder no beneficiar ao próximo”, segundo o ‘doutor angélico’. Logo, é um fruto em favor do outro, daquele que precisa de um benefício, de um gesto generoso e afável expresso em atitudes que lhe é feito ou a quem se pode fazer.

 

Compreendamos a benignidade como fruto do Espírito dentro do contexto da Escritura. Paulo elenca as “obras da carne” (cf. Gl 5, 19-21) antes de apresentar o “fruto do Espírito”. Paulo exorta a comunidade cristã ao uso consciente, e no Espírito, da liberdade que em Cristo eles conquistaram. É exatamente isso que ele quer dizer ao afirmar que é “para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão.”

 

Neste sentido, as relações interpessoais e o testemunho cristão são de fato importantes, o relacionamento de pessoa para pessoa, diante de Deus e entre elas em Cristo tomam outra proporção, o próximo também é o objeto do amor e do bem que cada um pode fazer.

 

Paulo escreve aos gálatas explicando que ninguém mais estava obrigado, por imposição da Lei, a fazer o bem a alguém, a ser amável com o outro, a ser gentil e prestativo, que é o proceder de quem é benigno. Mas, deveria fazer tudo isso por um mover do Espírito Santo em si, por um impulso da obra do Espírito de Deus em seu coração. É por isso que o apóstolo insiste: “deixai-vos conduzir pelo Espírito” (Cf. Gl 5, 16) e ainda “Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei” (cf. Gl 5, 18), e por fim, “Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito” (cf. Gl 5, 25). Onde o Espírito de Deus está não há mais obrigação, há somente a lei do amor, que é o próprio Espírito, a mover os relacionamentos.

 

Assim sendo, a benignidade é um mover do Espírito Santo na vida do cristão. Não se trata de uma obrigação, mas uma inspiração, um impulso, um desejo ou um agir que floresce para fazer o bem, para manifestar a caridade, em favor do próximo.

 

Se alguém quer viver verdadeiramente uma vida no Espírito e por Ele se permite renovar para uma vida nova em Cristo, o fruto do Espírito, descrito por Paulo aos gálatas, sem dúvida deve ser manifestado, especialmente em favor de uma comunidade de fiéis que estão dispostas a ter em Cristo um novo tipo de relacionamento sem os interesses, a ganância, a exploração e tantas outras “obras da carne” que costumamos encontrar na relação entre as pessoas.

 

Basta olhar para o lado, bem perto de nós. Na família, na vizinhança, no trabalho, escola, Grupo de Oração e tantos outros lugares onde há a necessidade de se fazer algum bem a alguém. Quantos não estão necessitados de saborear este fruto na vida dos cristãos no mundo inteiro? Quanto bem pode ser feito aos que estão mais próximos ou mesmo aos que estão mais longe das comunidades cristãs?

Quando nos propomos a uma vida no Espírito não devemos ter medo de que este fruto floresça. Certamente, a benignidade é uma necessidade para a humanidade inteira nos dias de hoje.

 

Jefferson Souza

Grupo de Oração Ágape (Diocese de Macapá-AP)