Neste domingo, 10, Papa Francisco meditou o Evangelho que narra o episódio da tempestade acalmada. Na reflexão, o Santo Padre ressaltou a fragilidade da fé do cristão, que, no entanto, é sempre vitoriosa. Leia as palavras do Pontífice antes e depois da recitação do Angelus:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje nos apresenta a história de Jesus caminhando sobre as águas do lago (cf. Mt 14,22-33). Depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Ele convida os seus discípulos a entrar no barco e a ir à sua frente para o outro lado, enquanto ele se despede da multidão, e depois retira-se sozinho para rezar na montanha até tarde da noite. Enquanto isso, há uma forte tempestade no lago, e bem no meio da tempestade Jesus alcança o barco com os discípulos, caminhando sobre as águas. Quando eles o veem, assustados, pensam que é um fantasma, mas Ele os acalma: “Coragem, sou eu, não temais” (v. 27). Pedro, com seu zelo típico, pediu-lhe uma prova: “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas”; e Jesus disse: “Vem!” (vv. 28-29). Pedro desce do barco e começa a andar sobre as águas; mas o vento bate forte e ele começa a afundar. Em seguida, grita: “Senhor, salva-me!” (v. 30), e Jesus estende a mão e o levanta.

Esta história é um belo ícone da fé do apóstolo Pedro. Na voz de Jesus dizendo-lhe: “Vem!”, ele reconhece o eco do primeiro encontro na margem daquele mesmo lago, e rapidamente, mais uma vez, deixa o barco e vai para o Mestre. E caminha sobre a água! A resposta confiante e pronta ao chamado do Senhor realiza sempre coisas extraordinárias. Mas Jesus mesmo nos disse que somos capazes de fazer milagres com a nossa fé, a fé Nele, a fé na sua palavra, a fé na sua voz. Em vez disso, Pedro começa a afundar quando tira o olhar de Jesus e se deixa envolver pela adversidade que o circunda. Mas o Senhor está sempre ali, e quando Pedro o invoca, Jesus o salva do perigo. No personagem de Pedro, com os seus ímpetos e as suas fraquezas, se descreve a nossa fé: sempre frágil e pobre, inquieta e, porém, vitoriosa, a fé do cristão caminha rumo ao Senhor ressuscitado, em meio às tempestades e aos perigos do mundo.

É também muito importante a cena final. “Assim que ele entrou no barco, o vento cessou. Os que estavam no barco ajoelharam-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!” (vv. 32-33). No barco, estavam todos os discípulos, unidos pela experiência da fraqueza, da dúvida, do medo, da “pouca fé”. Mas quando Jesus sobe no barco, o tempo muda rapidamente: Todos se sentem unidos na fé n’Ele. Todos pequenos e assustados, se tornam grandes quando se ajoelham e reconhecem no seu mestre o Filho de Deus. Quantas vezes também nos acontece o mesmo! Sem Jesus, distantes de Jesus, nos sentimos com medo e inadequados a ponto de pensar que não vamos conseguir. Falta a fé! Mas, Jesus está sempre conosco, escondido talvez, mas presente e pronto para nos sustentar.

Esta é uma imagem eficaz da Igreja: um barco que tem que enfrentar as tempestades e às vezes parece à beira de ser afundado. O que a salva não são as qualidades e a coragem dos seus homens, mas a fé, que permite caminhar também na escuridão, no meio das dificuldades. A fé nos dá a certeza da presença de Jesus sempre ao lado, da sua mão que nos segura para vencer o perigo. Todos nós estamos naquele barco, e aqui nos sentimos seguros apesar das nossas limitações e as nossas fraquezas. Estamos seguros principalmente quando sabemos colocar-nos de joelhos e adorar a Jesus, o único Senhor da nossa vida. Maria, nossa Senhora, sempre nos convida a isso. Nos dirigimos a ela confiantes.

[Depois do Angelus]

Queridos irmãos e irmãs,

Nos deixa incrédulos e desanimados as notícias que nos chegam do Iraque: milhares de pessoas, entre as quais tantos cristãos, expulsas de suas casas de forma brutal; crianças mortas de sede e fome durante a fuga; mulheres sequestradas; pessoas massacradas; violências de todo tipo; destruição por todas partes; destruição de casas, de patrimônios religiosos, históricos e culturais. Tudo isso ofende gravemente a Deus e ofende gravemente a humanidade. Não se leva o ódio no nome de Deus! Não se faz a guerra em nome de Deus! Todos nós, pensando nesta situação, nestas pessoas, façamos silêncio agora e rezemos.

(silêncio)

Agradeço aqueles que, com coragem, estão levando alívio para estes irmãos e irmãs, e confio que uma solução política eficaz a nível internacional e local possa parar com estes crimes e restabelecer o direito. Para melhor garantir a minha proximidade àqueles povos queridos, nomeei o meu enviado pessoal ao Iraque, o Cardeal Fernando Filoni, que amanhã partirá de Roma.

Também em Gaza, após uma trégua, recomeçou a guerra, que faz vítimas inocentes, crianças… E só faz piorar o conflito entre israelenses e palestinos.

Rezemos juntos ao Deus da paz, por intercessão da Virgem Maria: Dê a paz, Senhor, aos nossos dias, e faça-nos construtores da justiça e da paz. Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.

Rezemos também pelas vítimas do vírus “Ebola” e por todos aqueles que estão lutando para pará-lo.

Saúdo todos os peregrinos e romanos, em particular os jovens de Verona, Cazzago San Martino, e Sarmeola Mestrino, e as jovens escoteiras de Treviso.

A partir da próxima quarta-feira até segunda-feira, 18, estarei fazendo uma viagem apostólica à Coréia: por favor, me acompanhem com a oração, eu preciso delas! Obrigado. E desejo a todos um bom domingo e um bom almoço. Até logo.

Fonte: Zenit