Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Santo Padre neste domingo, 27 de julho, diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar a oração mariana do Angelus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
As semelhanças propostas pela liturgia de hoje são a conclusão do capítulo do Evangelho de Mateus dedicado às parábolas do Reino de Deus (13, 44-52). Entre estas há duas pequenas obras-primas: as parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor. Elas nos dizem que a descoberta do Reino de Deus pode acontecer de repente como para o agricultor que arando encontra o tesouro inesperado, ou após uma longa busca, como para o comerciante de pérolas, que finalmente encontra a pérola preciosíssima, há muito tempo sonhada. Mas em ambos os casos o fato principal é que o tesouro e a pérola valem mais do que todos os outros bens, portanto, o agricultor e o comerciante, quando o encontram, renunciam a tudo para adquiri-lo. Eles não precisam raciocinar, pensar ou refletir: eles percebem imediatamente o valor incomparável do que descobriram, e estão dispostos a perder tudo para adquiri-lo.
Assim é o reino de Deus: quem o encontra não tem dúvidas, sente que é aquilo que estava procurando, esperando, e que responde às suas aspirações mais autênticas. E é realmente assim: quem conhece Jesus, quem o encontra pessoalmente, permanece fascinado, atraído por tanta bondade, tanta verdade, tanta beleza, e tudo numa grande humildade e simplicidade. Procurar Jesus, encontrar Jesus: este é o grande tesouro!
Quantas pessoas, quantos santos e santas ao ler de coração aberto o Evangelho, ficaram tão impressionados com Jesus, a ponto de ser converter. Pensemos em São Francisco de Assis: ele já era um cristão, mas um cristão “água de rosa”. Quando leu o Evangelho, em um momento decisivo de sua juventude, encontrou Jesus e descobriu o Reino de Deus e então todos os seus sonhos de glória terrena desapareceram. O Evangelho de Jesus faz você conhecer Jesus verdadeiro, Jesus vivo; fala ao coração e transforma a vida. E assim, deixa tudo. Você pode efetivamente mudar o estilo de vida, ou continuar a fazer o que fazia antes, mas você é outra pessoa, você renasceu: encontrou aquilo que dá sentido, sabor, que ilumina tudo, até mesmo as dificuldades, os sofrimentos e até a morte.
Ler o Evangelho. Ler o Evangelho. Nós conversamos sobre isso, lembra? Todos os dias ler um trecho do Evangelho; e também levar conosco um pequeno evangelho, no bolso, na bolsa, ter à mão. E assim, lendo uma passagem, encontraremos Jesus. Tudo adquire sentido quando no Evangelho encontramos este tesouro, que Jesus chama ‘o reino de Deus’, aquele Deus que reina em sua vida, em nossas vidas; Deus que é amor, paz e alegria em cada homem e em todos os homens. Isto é o que Deus quer, é o motivo pelo qual Jesus se entregou para morrer na cruz, para nos libertar do poder das trevas e nos levar para o reino da vida, da beleza, da bondade, da alegria. Ler o Evangelho é encontrar Jesus e ter esta alegria cristã, que é um dom do Espírito Santo.
Queridos irmãos e irmãs, a alegria de ter encontrado o tesouro do Reino de Deus transparece, é visível. O cristão não pode esconder a sua fé, porque ela transparece em cada palavra, em cada gesto, mesmo nos mais simples e cotidianos: transparece o amor que Deus nos deu mediante Jesus. Rezemos por intercessão da Virgem Maria, que venha a nós e em todo o mundo o seu Reino de amor, de justiça e de paz.
(Depois do Angelus)
Queridos irmãos e irmãs,
Amanhã ocorre o centésimo aniversário da eclosão da Primeira Guerra Mundial, que causou milhões de mortes e imensa destruição. Este conflito, que o Papa Bento XVI definiu como “massacre inútil”, resultou, após quatro longos anos, em uma paz mais frágil. Amanhã será um dia de luto em memória desta tragédia. Enquanto lembramos este trágico acontecimento, espero que não se repitam os erros do passado, mas se leve em conta as lições da história, fazendo prevalecer as razões da paz através do diálogo paciente e corajoso.
Em particular, hoje meus pensamentos vão para três ‘zonas críticas’: a médio oriental, a iraquiana e a ucraniana. Vos peço que continuem a se unir à minha oração para que o Senhor conceda às pessoas e às autoridades daquelas regiões a sabedoria e a força necessária para levar em frente, com determinação, o caminho da paz, enfrentando cada disputa com a tenacidade do diálogo e da negociação com a força da reconciliação. Que no centro de cada decisão não sejam colocados os interesses particulares, mas o bem comum e o respeito por cada pessoa. Lembremo-nos que tudo está perdido com a guerra e nada se perde com a paz.
Irmãos e irmãs, nunca a guerra! A guerra nunca! Penso, sobretudo, nas crianças, das quais se tira a esperança de uma vida digna, de um futuro: crianças mortas, crianças feridas, crianças mutiladas, crianças órfãs, crianças que têm como brinquedos resíduos bélicos, crianças que não sabem sorrir. Parem, por favor! Vos peço de todo o coração. É hora de parar! Parem, por favor!
Dirijo uma cordial saudação a todos vós, peregrinos da Itália e de outros países.
Saúdo o grupo de brasileiros, as paróquias da Diocese de Cartagena (Espanha), os escoteiros de Gavião (Portugal), os jovens de Madrid, Asidonia-Jerez (Espanha), e os de Monteolimpino (Como), os professores de Conselve e Ronchi Casalserugo, os escoteiros de Catania e os fiéis de Acerra.
Desejo a todos um bom domingo. E não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço. Adeus!
Fonte: Zenit