No dia 25 de novembro celebramos o encerramento do “Ano do Laicato”, cujo tema foi: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo”  (Mt 5,13-14). Este ano foi instituído pela CNBB com o intuito de levar-nos a uma reflexão profunda e constante sobre o papel do leigo/leiga dentro da Igreja do Brasil. Papel esse que foi ampliado com o Concílio Vaticano II (1962-1965), e que, de acordo com o Catecismo da Igreja Católica (n.900), é tão necessário às comunidades eclesiais, que corrobora para o pleno efeito do apostolado dos pastores.

O Ano do Laicato buscou, de diferentes formas (homilias em missas, grupos de estudos do Documento 105 da CNBB e outros documentos da Igreja, palestras, encontros de leigos, etc) provocar uma reflexão madura sobre nosso papel dentro da Igreja, despertando-nos ao apaixonamento por Jesus Cristo vivo e ressuscitado. Esse apaixonamento gera conversão e metanóia, tanto no plano espiritual, uma vez que nos impele ao seguimento de Jesus e vivência dos valores cristãos, anúncio da Boa Nova e evangelização, formação de grupos de leigos diocesanos e paroquiais, maior engajamento nas pastorais e serviços da Igreja junto a comunidade; como no plano social, favorecendo maior engajamento na Igreja Povo de Deus, que visa minimizar o sofrimento dos pobres, marginalizados e oprimidos econômica e socialmente, potencializando o exercício de cidadania, fortalecendo a participação nos mecanismos de controle social e da gestão pública e impelindo-nos a lutar para a construção de uma sociedade mais justa, equalitária e fraterna.

Dessa forma, pode-se dizer que o Ano do Laicato nos desafiou, enquanto cristãos leigos e leigas, a assumirmos o protagonismo na construção da Civilização do Amor e instauração do Reino de Deus aqui na terra, além de ser uma resposta da Igreja do Brasil aos anseios do nosso pastor, uma vez que o Papa Francisco conclama a Igreja a ser uma ‘Igreja em Saída’. Nós, cristãos leigos e leigas, devemos ser sujeitos dessa Igreja em ação, pois somos chamados e vocacionados ao anúncio do reino de Deus dentro da secularidade temporal, ocupando ‘areópagos modernos’ dificilmente alcançados pelo clero, como o mundo do trabalho, a família, a educação, os meios de controle sociais, a formulação de políticas públicas, a mídia, etc.

Para finalizar, é importante destacar que tal reflexão não se finda com o encerramento do Ano do Laicato. Ela se estende à Campanha da Fraternidade de 2019, cujo tema é ‘Fraternidade e Políticas Públicas’ e deve permanecer viva em cada cristão leigo e leiga e em cada comunidade eclesial.

 

Carolina Daniel de Lima-Alvarez

Fisioterapeuta, professora do Departamento de Fisioterapia da UFRN, membro da Comissão Nacional de Profissionais – CNP da RCCBrasil, casada e mãe de três filhos.

 

Justo Emílio Alvarez Jácobo

Peruano, Engenheiro Mecânico-Elétrico, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE, membro da Comissão Nacional de Profissionais – CNP da RCCBrasil, casado e pai de três filhos.