O Portal RCCBRASIL dá continuidade à publicação das cartas aos artistas escritas pelo coordenador nacional do Ministério de Música e Artes, Juninho Cassimiro. No artigo anterior, o tema abordado foi Ministério de Música e Artes: Aos Moldes de Maria. Neste, Juninho reflete sobre a humildade de Maria, virtude fundamental para os artistas cristãos. Leia abaixo:
O nosso ministério por ser artístico tende a ser belo e chamar a atenção dos que veem e ouvem. É natural que nos elogiem, que reconheçam a qualidade e a beleza que foi executada. Diante disso, temos dois caminhos: Não buscar as honras e fugir delas.
Não buscar as honras
É natural que quando fazemos algo que julgamos ser bom, queremos em troca no mínimo um reconhecimento. Fomos educados assim, na infância com os nossos pais, quando fazíamos algo de bom, era mais que justo nossos pais nos dar algo em troca. Na escola, quando prestávamos atenção, estudando, caladinhos, logo por justiça queríamos receber boas notas, pontos positivos… Nem sempre fazíamos para aprender propriamente, mas pensando no que receberíamos em troca. No trabalho é a mesma coisa, por diversas vezes fazemos as coisas para que nossos superiores vejam, fiquem satisfeitos e assim, podemos ser elogiados e quem sabe merecermos uma promoção.
Mas, no caminho de Deus é diferente. Estamos sim a serviço, temos que dar o nosso tudo e por fim, dizer como Jesus nos ensina: “Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer.” Lc 17, 10
Irmãos aprendamos assim, não vamos procurar ser reconhecidos, não busquemos elogios, não busquemos honras.
Quantos ensaiam suas músicas, peças, danças, pensando em mostrar pro outro a sua capacidade. Quantos em vez de executar sua arte para a evangelização propriamente, a fazem para que o outro artista reconheça o que está fazendo de bom. Muitas vezes com um ar de concorrência. Por isso, exponho aqui uma grande preocupação com festivais por nós realizados, onde precisa se escolher um melhor para ser premiado. E é natural que o ministério vai ensaiar para fazer o seu melhor, mas no fim, vai torcer para que o outro seja pior ou erre mais que você. A disputa é uma falta de caridade, logo, a ausência da humildade. “Quando disputas com seu irmão e vences, lembra-te que venceste o seu irmão”, (Rogério Soares).
Quantos pedem oportunidades em grandes eventos, visando a quantidade de público, imaginando que se apresentando naquele lugar o seu ministério vai ter o “devido reconhecimento” e por muitas vezes usa-se o termo “Evangelizar” como pretexto pra sua própria vaidade. Como eu dizia no ENF e tenho dito sempre, nós não precisamos de OPORTUNIDADE e sim de CHAMADO (Sobre esse tema, precisamos aprofundar mais pra frente).
Fugir das honras
Uma coisa é buscar o reconhecimento, a outra é fugir, além de não procurá-lo, fugir antes que apareça. Jesus quando realizava algum milagre, sempre dizia, “não fale a ninguém” ou senão, o víamos fugindo das honras. Veja o exemplo no evangelho de São João, no fim da narração da multiplicação dos pães:“À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo. Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.” Jo 6, 14-15
Maria sendo a discípula perfeita de Jesus se esconde na maior parte do seu tempo de vida na terra. O escondimento de Maria é algo encantador. Não usou do prestígio de ser a Mãe do filho de Deus, muito pelo contrário, uma vez quando Jesus pregava numa casa ela ficou do lado de fora “esperando” para falar com Ele, não quis nem mesmo interromper. (Mt 12,46). Não usa do prestígio de ser a Mãe de Deus, mas espera, silencia e se esconde. Pelo contrário, se manifesta na hora da humilhação, que é típico de quem é humilde. Escrevo agora na íntegra um trecho do livro de Sto Afonso:
“Os humildes amam finalmente os desprezos
Eis por que não se lê que Maria aparecesse em Jerusalém no domingo de Ramos, quando seu filho foi recebido com tanta pompa pelo povo. Mas por ocasião da morte de Jesus, não receou em comparecer em público no calvário, aceitando assim a desonra de se dar a conhecer a mão de um setenciado que ia sofrer a morte de um criminoso. Ela mesma disse uma vez a Sta Brígida: que há de mais humilde, do que ser chamado de louco, sofrer privação de tudo e ter a si mesmo por ultimo de todos? Ó filha era assim a minha humildade, na qual estava a minha alegria e todo o desejo do meu coração; pois minha única preocupação era ser em tudo semelhante a meu filho”.
Não buscar ou fugir das honras remete-nos a RENÚNCIA.
Quero finalizar esse texto com pontos a serem meditados e renunciados por nós.
Renunciar a que?
– O problema não é possuir e sim o apego com o que já tenho;
– Renunciar ao prazer de ter razão em todas as coisas. Por causa de prazeres passageiros sofrem-se tormentos eternos;
– Lembra-te que é pecador;
– Considera-te o menor de todos;
– Não faça nada para receber elogios;
– Fuja do primeiro lugar/das glórias humanas;
– Não fale bem de si mesmo aos outros;
– Promova o outro;
– Deixe o melhor lugar para o outro;
Concluo essa nossa reflexão, com a consciência que não se esgota aqui. Temos muito a mergulhar nessa virtude da Humildade, olhando sempre pra Maria, rezemos. Irmãos, rezemos muito, rezemos com piedade, rezemos irmãos. Vamos juntos dando um passo de cada vez, mesmo que esse passo seja tão difícil. Rezemos em unidade buscando sempre sermos humildes.
Juninho Cassimiro
Coordenador Nacional do Ministério de Música e Artes.
Acompanhe no próximo artigo: Ministério de Música e Artes: Eis aí tua Mãe