Hoje, com toda a Igreja, estamos celebrando a festa do Apóstolo São Tomé. Tomé é conhecido como o apóstolo da incredulidade, mas que a partir do encontro com Jesus ressuscitado proclama a fé pascal da Igreja: “Meu Senhor, e meu Deus”.
No evangelho de São João quando Jesus interpela os discípulos dizendo-os que eles conheciam o caminho para onde Ele ia, Tomé o responde dizendo não saber o caminho para onde o Senhor vai (cf. Jo 14,5) e recebe a resposta célebre de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Ele aprende o único caminho da fé, o único caminho do Céu: Jesus Cristo.
No dia da ressurreição, Cristo aparece aos apóstolos no cenáculo. Tomé não estava com eles e, por isso, não vê o Senhor. Os outros partilham a novidade da ressurreição do Senhor a ele, mas este não acredita; além de não acreditar, diz que passará a acreditar somente depois que puser a mão nas chagas de Jesus.
Uma semana depois, estando eles reunidos no mesmo lugar, Tomé estava junto com os outros discípulos, Jesus ressuscitado se coloca no meio deles e deseja-lhes a paz. Tomé fica surpreso: uma mistura de felicidade, medo, dúvida… a fé começa a se acender. Cristo convida Tomé a colocar a mão nas feridas, e ali acontece uma das profissões de fé mais lindas narradas da Sagrada Escritura; Tomé professa com o coração, com a alma: “Meu Senhor, e meu Deus”.
Antes de discutirmos a respeito da falta de fé de Tomé, precisamos ir à raiz da problemática relacionada a ele; o problema desse apóstolo não foi a fé, mas a postura. Por causa da falta de postura, a falta de fé foi consequência. No dia do nosso batismo, quando deixamos de ser simplesmente criaturas e passamos a nos tornar filhos de Deus, o Espírito Santo colocou no interior do nosso coração uma sementinha chamada fé. Esta semente, dom, nada mais é que uma virtude teologal, ou seja, independe de nós para que ela esteja ali. É pura graça divina. Esta fé vai crescendo e se desenvolvendo à medida que nós vivermos com a maior intensidade possível o nosso batismo. Para que possamos viver com mais intensidade possível o nosso batismo, – e esta fé se tornar maior cada vez maior –, é fundamental que estejamos inseridos no interior da comunidade, sob o direcionamento dos apóstolos e, consequentemente, do magistério da Igreja. É no interior da Igreja que conseguimos fazer uma experiência com o Ressuscitado, fora da Igreja não é possível fazer uma experiência com Cristo, pois se Cristo é a cabeça, a Igreja é o corpo do ressuscitado.
Por isso a pergunta é esta: onde estava Tomé no dia da ressurreição? Porque não estava com a comunidade Igreja, principalmente sob a companhia de Pedro, não pôde fazer a experiência do Ressuscitado. Agora, uma semana depois, porque estava na comunidade, daí sim, pôde tocar no Cristo vivo e ressuscitado.
Somos convidados a fazer uma pergunta, bem antes de analisarmos nossa falta de fé e nossas dificuldades de vida: onde nos encontramos? Estamos dentro da comunidade chamada Igreja, sob as diretrizes do Papa, sucessor de Pedro? Estamos na Igreja e com a Igreja, independente das dificuldades de seus membros, membros estes dos quais você faz parte? Ou estamos fora, detonando com esta Igreja da qual fazemos parte pelo batismo?
Se estamos dentro, vivendo o batismo com coerência, na luta, independente das dificuldades e incoerências aí existentes, então sim, conseguiremos fazer uma experiência com Jesus ressuscitado. Mas por sua vez, se ainda estamos fora, vivendo de forma independente, não comunitária, uma coisa é certa: não conseguiremos fazer esta experiência viva com Jesus, o Único que pode transformar nossa vida e trazer a felicidade.
A pergunta chave é: Onde estava Tomé? Onde você está, meu irmão, minha irmã. Não questione sobre sua fé, pois ela está aí, no mais íntimo do seu coração. Perguntemo-nos sobre nossa estada, ou seja, onde estamos. Dentro ou fora da Igreja?