Por: João Paulo Veloso

Coordenador Nacional do Ministério para Seminaristas

Durante o Encontro Nacional de Formação deste ano, fui interpelado por um jovem com o seguinte questionamento: “Como eu posso saber que fui chamado por Deus?”. A descoberta da própria vocação é um processo maravilhoso dentro de nossa caminhada espiritual. Discerni-la com sinceridade e coração aberto à vontade do Senhor é um dos grandes sinais de que estamos prontos para se chegar a uma espiritualidade madura.

A liturgia deste V Domingo do Tempo Comum pode nos ajudar a compreender como é que Deus nos chama, pois nos apresenta linhas mestras de qualquer chamado: o encontro com Deus, o assombro e a vocação.

Tanto Isaías na primeira leitura (Is 6, 1-2a.3-8), quanto Paulo na segunda leitura (I Cor 15, 1-11) ou Pedro no Evangelho (Lc 5, 1-11) tiveram uma experiência própria com Deus, antes de tudo. As leituras nos relatam que Isaías teve a visão da glória de Deus, ele que era “um homem de lábios impuros”; que Jesus apareceu por último a Paulo, ele que “perseguia a Igreja de Deus”; e que Pedro viu seu barco quase afundar com a pesca miraculosa operada por Jesus, mesmo sendo “um homem pecador”.

Esta é a primeira etapa do discernimento vocacional: o encontro com Deus. De que forma eu conheci a Deus? Através de uma pregação, adoração, Missa, Grupo de Oração, confissão, nos pobres, na leitura da Bíblia…?

Após o encontro, cada um desses personagens reconheceu sua pequenez ante a imensa glória do Senhor. Isaías gritou e se achou indigno de estar na presença de Deus; Paulo ficou cego; Pedro atirou-se aos pés de Jesus e reconheceu seus pecados.

O assombro é a segunda etapa do discernimento. Quando me encontro com o Senhor, reconheço todo o meu nada, e só posso clamar por Sua misericórdia. Quem pode merecer contemplar as maravilhas de Deus? Ninguém. No entanto, Ele nos concede esse dom gratuitamente, por pura bondade.

Finalmente, Deus vocaciona, “chama”, cada um desses personagens para uma missão específica: Isaías tem seus lábios purificados, pois atuaria como profeta; Paulo é curado de sua cegueira e é enviado a proclamar o Evangelho que recebeu do próprio Senhor; Pedro é convocado a seguir Jesus e ser pescador de homens.

O chamado é sempre um ato de Deus, correspondido pelo coração contrito do homem. Sabemos que Deus nos chama, primeiramente, após termos nosso encontro com Ele e experimentarmos Sua misericórdia. Em seguida, prestamos atenção aos sinais externos, que movem nosso interior. O contato com a Palavra, as moções do Espírito, as outras pessoas, os acontecimentos cotidianos… Quando estamos dispostos a ouvir a voz de Deus a respeito de nossa vocação, tudo concorre para que façamos um bom discernimento.

Todos nós somos vocacionados a algo. Qual é a minha vocação? É ser um pai ou mãe de família? Um celibatário por amor ao Reino de Deus? Um missionário consagrado? Um religioso ou religiosa? Um membro de Comunidade de Vida? Um sacerdote? Auxiliados pela liturgia deste domingo, escutemos a voz de Deus e tenhamos a coragem de dizer: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).

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