Po Aloísio Parreiras
Membro da Comissão de Liturgia do XVI Congresso Eucarístico Nacional

A Eucaristia e o Batismo são dois sacramentos essenciais da iniciação da vida cristã. Assim como os demais sacramentos, o Batismo conduz à Eucaristia. Somos batizados, nascemos para a vida divina, em ordem à Eucaristia; consequentemente, “é a participação no sacrifício eucarístico que aperfeiçoa em nós o que recebemos no Batismo”. (Papa Bento XVI, Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, nº17). Pelo Batismo recebemos a filiação divina e a tarefa de desempenhar santamente a missão profética, a missão sacerdotal e a missão régia que provêm da nossa pertença ao Cristo, não apenas individualmente, mas como membros da Igreja que, na alegria, servem ao Senhor sem reservas.

Nascemos para a vida sobrenatural da graça por meio do Batismo, mas é pela reta participação na Eucaristia que nós testemunhamos que ser batizado é ser absorvido, inserido no mistério da salvação até às últimas consequências. Ser batizado significa estar predisposto a ouvir e propagar a Boa Nova de Cristo. Significa lutar com empenho contra o pecado para poder continuar recebendo o Cristo Eucarístico, o próprio Autor da graça. Significa saber viver, coerentemente, como homens “que distribuem integralmente a Palavra da verdade”. (II Tm 2,15). Significa saber bradar com incontida alegria: “Tudo quanto fizerdes por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai”. (Col 3, 17). Significa ter uma identidade cristã que se expressa na defesa da vida, na luta contra o mal, na transmissão da verdade, na concretização da justiça e no pleno anúncio do bem. E tudo isso só é possível porque, pela Eucaristia, os sinais consagrados e santificantes do Corpo e do Sangue do nosso Redentor se fazem presentes em nosso ser. O Espírito Santo de Deus que recebemos no dia do nosso Batismo nos conduz ao encontro do Cristo Eucarístico. Por sua vez, por sermos batizados, filhos no Filho, Jesus Eucarístico nos atrai para a obra missionária da Igreja e, quanto mais permitimos a ação divina em nossas vidas, em nossas palavras e em nossos objetivos, maior será o número de pessoas envolvidas e alcançadas pelo amor do Senhor. Quando os batizados participam da Ceia do Senhor, de algum modo concretizam em suas vidas a plenitude da iniciação cristã e a convicção de que a Eucaristia é a Semente da vida eterna, a Eucaristia é o Fermento da eternidade. Quando os batizados nutrem uma piedade eucarística, de um modo singular aprendem a recorrer ao nosso Senhor, clamando: “Sede Vós, e unicamente Vós, o nosso alimento e vestuário, nosso tesouro e nossa glória, nosso remédio nas enfermidades e nossa proteção contra os inimigos”. (São Pedro Julião Eymard, Flores da Eucaristia, página 283).

Todo batizado que cultiva uma alma eucarística aprende a difundir a certeza de que a salvação do ser humano se realiza no sacrifício do Altar e, por isso, ele não poupa esforços e iniciativas para promover as obras eucarísticas e uma pastoral eucarística renovada. Uma pastoral eucarística renovada faz os batizados perceberem que Jesus Eucarístico é mais próximo a nós do que nós mesmos, Ele é o alicerce da comunhão eclesial e o manancial de toda a vida cristã. Pela contínua e transformadora participação no sacramento da Eucaristia, os batizados tendem a alcançar a envergadura dos mistérios da fé. Pela contínua e renovadora participação no sacramento da Eucaristia, todo batizado aprende a caminhar a passos largos por um caminho de santidade, testemunhando todo o valor do homem e da mulher feitos à imagem e semelhança de Deus.

Na Eucaristia, os batizados proclamam que o Senhor continua vindo a cada um de nós, transmitindo-nos a graça necessária para que possamos viver como filhos adotivos de Deus, os resgatados do Amor que foram incorporados na Igreja com a missão de transmitir ao próximo os sinais indeléveis da santidade que o Sublime Sacramento imprimiu em nossas almas. A Eucaristia nos ajuda a vivenciar a filiação divina e a rejuvenescer a nossa identidade eucarística, pois nascemos para amar o Senhor, para comungar a vida do Senhor, para professar a beleza do amor. Hoje e sempre é louvável que um número cada vez maior de batizados, conscientes das maravilhas que a Eucaristia faz em nós, se reúnam em torno do Altar do Senhor, ao redor da Mesa Eucarística para bradar: “Que ninguém coma ou beba de vossa Eucaristia fora os que são batizados em nome do Senhor”.(Didaqué 9,5).

Espero e desejo que todos aqueles que foram batizados em nome da Trindade Santa um dia aprendam a professar uma inquietante comoção interior diante da grandiosidade dos mistérios eucarísticos. Como batizados, filhos amados do Pai, unidos ao Cristo Eucarístico e iluminados pelo Espírito Santo, saibamos dizer: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus!” (Jo 3, 5). Ou ainda: “Quem comer deste Pão viverá eternamente!” (Jo 6, 58). Como batizados, saibamos continuar crescendo na graça da filiação divina, recebendo com profunda fé e respeito o Alimento dos filhos que contemplam no Filho o alcance das promessas de Deus Pai!

Fonte: XVI Congresso Eucarístico Nacional