Por Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá

Nos momentos mais inesperados acontecem as surpresas mais agradáveis e também as mais desagradáveis. Começo falando das mais agradáveis como, por exemplo, as visitas de parentes ou amigos, vindos de longe para celebrar o Natal e a passagem para o novo ano. Surpresas agradáveis foram os presentes desejados que chegaram na hora certa. Surpresas agradáveis foram os encontros com pessoas pedindo perdão, reconciliando com o passado amargo dos desencontros. Quantos belos momentos vividos nestes tempos de festa e celebração.

Também não faltaram surpresas desagradáveis como, por exemplo, os assaltos à luz do sol nas residências durante o período de viagem. Surpresas desagradáveis ao receber a notícia da morte de um ente querido em acidentes inesperados. Surpresas desagradáveis como a prisão no fim de tarde, por ter abatido algumas pombinhas no roçado. Surpresas desagradáveis como a perda do emprego ou a transferência para outro serviço. Nestes dias as surpresas com as chuvas torrenciais, perdendo vidas e os bens materiais. Enfim a vida é marcada por momentos para os quais, nem sempre, estamos preparados.

O importante é que aconteça o que acontecer, nunca perder o equilíbrio emocional. Diante de qualquer situação da vida, a calma, o raciocínio, a paciência são companheiras inseparáveis para saber tomar decisões e encarar os fatos com tranquilidade. Estando de férias, vivendo ritmos de total descontração, as surpresas, principalmente as desagradáveis, não podem tirar a paz interior. É claro que ninguém tem “sangue de barata” como dizem; o nervosismo e o desespero são as consequências mais sentidas nestes momentos. Mais do que tudo, se faz necessário, um pulo na fé em Deus que tudo sabe e tudo domina.

O dom e a capacidade de acreditar no sobrenatural, se faz valer principalmente nestes momentos das surpresas desagradáveis. Sejam elas pequenas ou grandes, em tudo somos alimentados pela vivência da fé que carregamos desde a nossa tenra idade. Não se trata só de superação por capacidade pessoal, ou até por um otimismo eufórico que leva ao conformismo, do “deixa pra lá”. Sempre e em tudo, encarar de frente sem medo e sem desespero, conscientes de que, em tudo, está na mão de Deus.

Como lemos na Sagrada Escritura: “Meu Filho, se você se apresenta para servir ao Senhor, prepare-se para a provação. Tenha coração reto, seja constante e não se desvie no tempo da adversidade. Aceite tudo o que lhe acontecer, e seja paciente nas situações dolorosas. Confie no Senhor, e ele o ajudará; seja reto o seu caminho, e espere no Senhor” (Ecle 2,1-6).

Nos tempos e contratempos da vida, faça tudo como se tudo dependesse de você, mas não esqueça: “Coloque-se nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como a sua grandeza” (Ecle 2,18).

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