O homem, inclusive antes de nascer, tem uma dignidade altíssima e por isso tem direito a não ser tratado como um objeto em benefício de outros. Esta foi a afirmação do Papa Bento XVI em sua homilia da “Vigília pela vida nascente”, realizada na Basílica de São Pedro no último sábado (27), antes das Primeiras Vésperas com as que se inaugurava o tempo litúrgico do Advento.

Nesta vigília, convocada como novidade este ano, o Papa quis reafirmar o “altíssimo valor” da vida humana, assim como advertir contra as “tendências culturais que tentam anestesiar as consciências por motivos injustificáveis”.

A ciência, segundo o Papa, evidencia a autonomia do embrião, sua capacidade de interação com a mãe, a coordenação dos seus processos biológicos, a continuidade do desenvolvimento, a crescente complexidade do organismo. “Não se trata de um acúmulo de material biológico, mas de um novo ser vivo, dinâmico e maravilhosamente ordenado, um novo indivíduo da espécie humana”, afirmou o Papa.

Por isso, acrescentou, a Igreja sempre reiterou o que o Concílio Vaticano II afirma sobre o aborto e qualquer violação do nascituro: “A vida deve ser protegida desde a concepção com o máximo cuidado”. “Não há nenhuma razão para não considerá-lo uma pessoa desde a concepção”, disse.

O homem, prosseguiu o Papa, “tem uma originalidade distintiva sobre todas as outras criaturas que habitam a terra. Apresenta-se como sujeito único e singular, dotado de inteligência e vontade livre, além de estar composto de realidade material”. “Somos, portanto, espírito, alma e corpo. Somos parte deste mundo, ligados às possibilidades e limites da condição material; ao mesmo tempo, estamos abertos a um horizonte infinito, capazes de dialogar com Deus e de acolhê-lo em nós”, continuou.

A pessoa humana, acrescentou, exige “ser reconhecida como um valor em si” e “merece ser acolhida com respeito e amor para sempre”. Todo homem “tem o direito de não ser tratado como um objeto que se possui ou como algo que pode ser manipulado à vontade; tem o direito de não ser reduzido a puro instrumento para vantagem de outros e seus interesses”. Infelizmente, continuou, “mesmo após o nascimento, a vida das crianças continua estando exposta ao abandono, à fome, à pobreza, às doenças, ao abuso, à violência, à exploração”.

O Papa recordou o apelo ao respeito pela vida humana, de João Paulo II, na Evangelium Vitae, e exortou “os protagonistas da política, da economia e da comunicação social a fazerem todo o possível para promover uma cultura sempre respeitosa da vida humana, para buscar condições favoráveis e redes de apoio à acolhida e desenvolvimento desta”.

Cristo foi embrião
Este tempo do Advento, explicou o Papa, “nos faz voltar a viver a espera de Deus que se faz carne no ventre da Virgem Maria, de Deus que se faz pequeno, que se torna uma criança”. Este processo de crescimento embrionário “também aconteceu com Jesus no ventre de Maria; e acontece com cada um de nós no ventre da mãe”.

Por isso, continuou, “o mistério da Encarnação do Senhor e o início da vida humana estão íntima e harmonicamente conectados no plano salvífico de Deus, Senhor da vida de todos e de cada um”. “A encarnação nos revela com luz intensa e de forma surpreendente que toda vida humana tem uma dignidade altíssima, incomparável.”

Acreditar em Jesus Cristo, acrescentou o Papa, “implica em ter um novo olhar sobre o homem, um olhar de confiança, de esperança”. A pessoa “é um bem em si mesmo e é preciso sempre buscar seu desenvolvimento integral”, concluiu o Pontífice.

Fonte: Zenit
 

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