A proteção do meio ambiente não pode se opor à da vida humana: foi o que afirmou hoje Bento XVI, em seu tradicional discurso ao Corpo Diplomático, realizado na Sala Régia do Palácio Apostólico Vaticano.
O Papa centrou seu discurso na questão da degradação do meio ambiente, em linha com sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro, sublinhando que tal degradação tem causas morais, na vigente “mentalidade egoísta e materialista corrente, esquecida dos limites inerentes a toda a criatura”.
Sublinhando que tal mentalidade também ameaça a criação, o pontífice mostrou sua grande preocupação pelas “resistências de ordem econômica e política na luta contra a degradação do ambiente”, que foram constatadas na Cúpula de Copenhague no último mês de dezembro.
Neste sentido, rebateu energicamente a ideia que ressoou em tal cúpula, de utilizar o controle populacional como suposta solução para os problemas ambientais.
“Se se quer construir uma paz verdadeira, como se poderia separar ou mesmo contrapor a proteção do ambiente e a da vida humana, incluindo a vida antes de nascer?”, perguntou-se.
O Papa advertiu que é “no respeito da pessoa humana por ela mesma que se manifesta o seu sentido da responsabilidade pela criação. Porque, como ensina São Tomás de Aquino, o homem representa o que há de mais nobre no universo”.
Além disso, sublinhou, recordando seu discurso na FAO na Cúpula Mundial sobre a Segurança Alimentar (16 de novembro), que “a terra é capaz de alimentar suficientemente todos os seus habitantes” desde que “o egoísmo não leve ao açambarcamento por alguns dos bens destinados a todos”.
Neste sentido, mostrou sua esperança de que, nas próximas cúpulas de Bonn e do México sobre o meio ambiente, seja possível chegar a um acordo nos âmbitos econômico e político, “para enfrentar esta questão de maneira eficaz”.
“Trata-se de uma aposta tanto mais importante quanto em jogo está o próprio destino de algumas nações, nomeadamente alguns Estados insulares.”
Por outro lado, sublinhou que a degradação do meio ambiente supõe um problema de grande complexidade.
“As criaturas são diferentes umas das outras e podem ser protegidas ou, pelo contrário, colocadas em perigo de diversas maneiras”.
Neste sentido, denunciou que “um destes ataques provém das leis ou dos projetos que, em nome da luta contra a discriminação, atentam contra o fundamento biológico da diferença entre os sexos”.
“A liberdade – sublinhou o Papa – não pode ser absoluta, porque o homem não é Deus, mas imagem de Deus, sua criatura.”
“Para o homem, o caminho a seguir não pode ser fixado pelo que é arbitrário ou apetecível, mas deve, antes, consistir na correspondência à estrutura querida pelo Criador”, concluiu.
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