“Quando aprouve a Deus, Neemias, salvo pelo rei da Pérsia, enviou, para retomar o fogo, os descendentes dos próprios sacerdotes que o haviam ocultado” (II Mac 1,20a).
Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!
A chama do amor de Deus em nossos corações jamais se apagará! Esta é uma verdade absoluta. Aleluia! Entretanto, o texto bíblico do II Livro de Macabeus nos apresenta um fato muito instigante e interessante: quando Jerusalém, incluído aí o seu Templo, foi invadida e saqueada pelos pagãos, sacerdotes inflamados de piedade esconderam o fogo sagrado – aquele que queimava dia e noite no interior do Templo significando a presença de Deus – numa espécie de cisterna para que não fosse profanado. Transcorridos cerca de 143 anos, por ordem de Neemias, os também sacerdotes descendentes daqueles primeiros, detentores da informação exata acerca da localização do fogo sagrado, foram até o local e já não encontraram fogo, mas uma espécie de líquido espesso, isto é, lodo, lama. Trouxeram-no mesmo assim e com isto untaram a oferenda sobre a grelha. Quando o sol penetrou o Templo, eis que aquela lama se converteu novamente em fogo.
Caríssimos, o que esta história bíblica nos ensina? Podemos inferir claramente quatro direcionamentos para a nossa vida espiritual: o primeiro é que nós cristãos somos estes sacerdotes e descendentes de sacerdotes que sabemos onde está “escondido” o fogo sagrado e, portanto, podemos acessá-lo em todos os tempos e situações; este Fogo Sagrado nos é transmitido pelo Sacramento do Batismo e Sua localização – o nosso coração – nos é ensinada pela Mãe Igreja. A este respeito São Paulo nos exorta: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Cor 3, 16).
Já o segundo ensinamento que podemos extrair é que, à exemplo daqueles sacerdotes piedosos do tempo da invasão de Jerusalém, também nós precisamos propagar esta Boa-Nova da localização exata do fogo sagrado às próximas gerações, aos nossos descendentes. Nossa evangelização deve ser, pois, transgeracional, isto é, deve alcançar várias gerações; não pode parar em nós. Se assim o fizermos, o Reino de Deus continuará crescendo sobre a terra até à segunda vinda de Jesus Cristo. E exatamente neste contexto Jesus nos indaga: “Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8).
Como terceiro ensinamento, dentre tantos que este texto bíblico nos proporciona, podemos depreender que mesmo que o fogo sagrado tenha se convertido em “líquido espesso” em nossos corações, podemos lançar mão dele a qualquer momento, ofertá-lo junto à nossa fé, à nossa humilde súplica, ao nosso clamor ao Senhor, pois quando o Sol da Justiça – que é o próprio Jesus – penetrar com Seus raios de salvação no nosso Templo interior, o que era lodo voltará a ser fogo sagrado aquecendo nossos corações, santificando-nos, encorajando-nos a desbravar um mundo novo e maravilhando a todos para a glória de Deus.
Finalmente, como quarto ensinamento devemos reconhecer a fé firme e sólida de Neemias, que também deve ser a nossa: na visão natural, o que se poderia aproveitar de um líquido espesso, de um lodo? Aparentemente, a sacralidade daquela matéria havia se extinguido. Aparentemente, o zelo daqueles primeiros sacerdotes que piedosamente esconderam o fogo sagrado tinha sido em vão. Mas Neemias mantinha vivas no coração a Palavra do Senhor e Suas promessas e sabia que uma vez constituído o fogo sagrado, nunca mais aquela substância poderia voltar a ser qualquer coisa, ainda que já não tivesse mais o aspecto de fogo. É que “Deus não é homem para se desdizer” (Nm 23, 19). Se Deus abençoar, perpetuamente abençoado está. Da mesma forma, um filho de Deus nunca deixará de ser um filho de Deus, ainda que sua vida muitas vezes não denote essa dignidade; um servo escolhido e chamado por Deus sempre será um servo de Deus, ainda que possa estar à beira do caminho, afastado da comunidade cristã, ressentido, desanimado e paralisado; os Grupos de Oração da RCC sempre serão Cenáculos do Amor ardente de Deus, mesmo quando perseguidos, desencorajados e até por vezes descaracterizados.
Portanto, irmão(ã) caríssimo(a), mantém viva a chama do amor de Deus em teu coração e encoraje os irmãos a deixarem que, pela graça do batismo no Espírito Santo, tenham esta chama reavivada em seus corações! Aqui está a missão por excelência da Renovação Carismática Católica: dizer e testemunhar ao mundo que Pentecostes é hoje e que o Senhor veio “lançar fogo sobre a terra” (Lc 12, 49). Aleluia!
Que nossa Doce Mãe, Maria Santíssima, que manteve sempre viva a chama do Amor de Deus em seu Coração Imaculado, interceda por nós para que nunca percamos a localização do Fogo Sagrado e sempre recorramos a Ele. Nossa Senhora de Pentecostes, rogai por nós que recorremos a Vós!
Veni Sancte Spiritus!
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
G.O Jesus Senhor