No relato bíblico da genealogia dos patriarcas nos impressiona a sua enorme longevidade: fala-se de séculos! É como se a vida humana, ainda recente no universo criado, tivesse necessidade de uma longa iniciação, na qual o convívio prolongado com diferentes gerações permitisse a autocompreensão da identidade própria do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, mas ao mesmo tempo consciente da fragilidade de sua condição mortal. O excesso de velocidade, que atualmente é presente em vários processos da vida humana, torna as experiências mais superficiais e menos formativas. Uma vida longa permite valorizar os processos que exigem uma justa maturação e conhecer os perigos da pressa. A velhice impõe ritmos mais lentos, cujas medidas nos ajudam a superar a obsessão pela velocidade. Neste sentido, foi instituída a Festa dos Avós, no último Domingo de julho, para que o convívio entre as gerações que se encontram nos extremos da vida – velhice e infância – ajude as outras duas – juventude e idade adulta – a tornar a existência de todos mais rica em humanidade. Que esta aliança entre as gerações nos ajude a converter a prepotência do tempo do relógio na beleza dos diferentes ritmos da vida humana.

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Fonte: Vaticano