Nesta quarta-feira (29), o papa Francisco deu início ao seu novo ciclo de catequeses. As bem-aventuranças serão tema das próximas reflexões conduzidas pelo santo padre. Confira na íntegra a primeira reflexão.

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“O texto das ‘Bem-aventuranças’ oferece-nos o ‘Bilhete de Identidade’ do cristão, apresentando-nos o estilo de vida de Jesus, a norma de vida do cristão. Nelas Jesus não impõe nada; apenas revela o caminho da felicidade, o seu caminho, repetindo oito vezes a palavra ‘felizes…’. Cada ‘Bem-aventurança’ compõe-se de três partes: primeiro, a palavra ‘felizes’; depois, a situação em que se encontram estes felizardos: pobreza, aflição, injustiça, guerra, perseguição, etc; e finalmente o motivo de tal felicidade, introduzido pela palavra ‘porque…’. Se repararmos bem nos vários motivos, constatamos que dizem respeito não à situação atual, mas à nova condição que os Bem-aventurados receberão de Deus. De fato, ao indicar tais motivos, Jesus usa frequentemente um futuro passivo: serão consolados, serão saciados, etc. Trata-se do chamado ‘passivo divino’, ou seja, para evitar nomear o santo Nome de Deus em vão, o judeu usava o verbo no passivo, bem ciente, porém, de que o sujeito não nomeado é Deus: sim, é Ele que realiza tudo isto, a iniciativa é sempre d’Ele. Assim, as Bem-aventuranças indicam oito portas pelas quais se pode experimentar a força e a providência de Deus: só Ele pode saciar o coração do homem. E, para Se dar a nós, muitas vezes escolhe estradas impensáveis, tais como a das nossas limitações, das nossas lágrimas, das nossas derrotas; pois, a esta felicidade que vem de Deus, aplicam-se as palavras ditas por Jesus a propósito da paz trazida por Ele: ‘Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou’ (Jo 14, 27). Aqui pensamos na alegria pascal de Cristo que está vivo e glorioso, mas traz os estigmas: atravessou a morte e experimentou o poder de Deus”.

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Fonte: Vaticano