A tradição judaico-cristã atribui a composição dos Salmos a Davi. A primeira vez que a Bíblia o apresenta, andava a apascentar o rebanho de seu pai: cuidava das ovelhas, defendendo-as dos perigos e guiando-as para boas pastagens. E, ações parecidas com estas, deverá fazer pelo seu povo, quando, mais tarde, for o rei de Israel. Tem um sonho: ser um bom pastor. Umas vezes conseguirá estar à altura do sonho; outras, não. Santo e pecador, perseguido e perseguidor, vítima e carrasco: Davi foi tudo isso. O mesmo se passa conosco: no decorrer da vida, muitas vezes somos incoerentes. Mas, na trama da vida de Davi, há um fio que dá unidade a tudo o que lhe acontece: é a sua oração. Esta é a voz que nunca se apaga. Quer assuma tons de alegria e confiança, quer os do lamento e contrição: é sempre a mesma oração, só muda a melodia. Assim nos ensina ele a levarmos tudo para o nosso diálogo com Deus. Tanto a alegria como a culpa, tanto o amor como o sofrimento, tanto a amizade como a doença: de tudo podemos falar com Deus, que sempre nos escuta. Davi conheceu a solidão; na realidade, nunca esteve só. E, no fundo, esta é a força da oração em toda a pessoa que lhe der espaço na sua vida: a oração é capaz de assegurar a união a Deus, que é o verdadeiro Companheiro de caminho do homem, no meio das mil e uma adversidades da vida.

 

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Fonte: Vaticano