A experiência da fragilidade humana no meio dos dramas da vida pode acontecer ao longo de toda a nossa existência, mas, na velhice, talvez surpreenda menos os outros, talvez lhes cause menor impressão, desinteressando-se, porque – pensam – era de esperar. Este desinteresse e desprezo que desonra o idoso, na realidade desonra-nos a todos nós. Hoje voltamos a descobrir o termo “dignidade” para indicar o valor do respeito e do cuidado da vida de quem quer que seja. Este amor especial pela terceira idade – o qual abre a estrada sob a forma de honra, ou seja, sob a forma simultaneamente de ternura e respeito –, este amor especial é selado pelo mandamento de Deus: “Honra pai e mãe”. Este trecho do livro de Ben Sirá, que ouvimos no início, é justamente duro com essa falta de honra, que clama vingança aos olhos de Deus. Aqui não estamos diante duma questão de cosmética ou de cirurgia plástica, mas duma questão de honra, que revela a nossa compreensão da vida e das suas fases. O amor pelo humano que todos compartilhamos, incluindo a honra pela vida vivida, não é um problema de idosos, mas uma virtude de todos, que se conta entre as qualidades melhores de cada um. Não obstante as estruturas e prestações de assistência que as sociedades mais ricas e organizadas vão colocando à disposição da terceira idade – e das quais podemos certamente sentir-nos orgulhosos –, aparece ainda frágil e fria a luta para se chegar a oferecer aquela especial forma de amor que é a honra devida aos idosos. Devemos fazer tudo para sustentar uma tal luta, prestando melhor apoio social e cultural àqueles que são sensíveis a esta decisiva forma de “civilização do amor”. Que o Espírito de Deus nos conceda a sabedoria de abrir horizontes nesta verdadeira e própria revolução cultural!


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Fonte: Vaticano