Na Praça de São Pedro, em Roma, o Papa Francisco deu continuidade ao ensino sobre os dons do Espírito Santo. Nesta quarta-feira (04), o dom refletido pelo Santo Padre foi “Piedade”. Leia na íntegra:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia.

Hoje queremos debruçar sobre um dom do Espírito Santo, que é tantas vezes mal entendido ou considerado de forma superficial, mas, em vez disso, toca no cerne da nossa identidade e da nossa vida cristã: é o dom da piedade.

Deve estar claro agora que este dom não é identificado por ter compaixão por alguém, ter pena dos outros, mas indica que pertencemos a Deus e nossa profunda conexão com Deus, uma relação que dá sentido a toda nossa vida e nós mantém sadios, em comunhão com Ele, mesmo nos momentos mais difíceis e conturbados.

1. Esta relação com o Senhor não pretende ser um dever ou uma imposição. É um vínculo que vem de dentro. É uma relação viva com o coração: é a nossa amizade com Deus, que nos foi dado por Jesus, uma amizade que muda nossa vida e nos enche de entusiasmo e alegria. Por esta razão, o dom da piedade desperta em nós, primeiramente, a gratidão e o louvor. Esta é realmente a razão e o sentido mais autêntico do nosso culto e nossa adoração. Quando o Espírito Santo nos faz sentir a presença do Senhor e todo o Seu amor por nós, aquece o coração e move-nos naturalmente à oração e à celebração. Piedade, então, é sinônimo de autêntico espírito religioso, de confiança filial com Deus, a capacidade de rezar com amor e simplicidade, que é característica dos humildes de coração.

2. Se o dom da piedade nos faz crescer na relação e comunhão com Deus e nos leva a viver como seus filhos, ao mesmo tempo, nos ajuda a passar este amor aos outros e reconhecê-los como irmãos. E então, sim, vamos estar motivado por sentimentos de piedade – sem pietismo! – Em relação aos que nos rodeiam e aqueles que encontramos todos os dias. Por que eu digo não de pietismo? Por que algumas pessoas pensam que ter compaixão é fechar os olhos, fazer um rosto como uma pequena imagem, fingir ser um santo. Em piemontês, dizemos: fazer o “mugna quacia”. Este não é o dom da piedade. O dom da piedade realmente significa ser capaz de se alegrar com os que se alegram, chorar com os que choram, para estar perto de quem está só ou ansioso, para corrigir aqueles que estão em erro, e para confortar os aflitos, para acolher e ajudar aqueles em necessidade. Existe uma relação muito estreita entre o dom da piedade e mansidão. O dom de piedade, que nos dá o Espírito Santo nos faz mansos, nos faz calmos, pacientes, em paz com Deus, servir aos outros com gentileza.

Queridos amigos, na Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo diz: “Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus, e vós não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção como filhos, pelo qual clamamos: Aba! Pai!” (Rm 8,14-15). Pedimos ao Senhor que o dom do seu Espírito supere nossos medos, nossas incertezas, incluindo o nosso espírito inquieto, impaciente, e possa tornar-nos alegres testemunhas de Deus e de seu amor, adorando o Senhor em verdade e também no serviço aos outros com mansidão e sempre com um sorriso, que sempre o Espírito Santo nos dá alegria. Que o Espírito Santo dê a todos nós este dom de piedade.

Fonte: Boletim Santa Sé

 

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