No sábado e domingo, estive em Malta, que recebeu o Evangelho muito cedo, porque o apóstolo Paulo naufragou perto da sua costa. O livro dos Atos dos Apóstolos diz-nos que os malteses o acolheram “com invulgar humanidade” (28, 2). Com invulgar humanidade! Foi precisamente este o lema que escolhi para a viagem, porque nos indica o caminho para enfrentar tanto o fenómeno dos migrantes, como o desafio de construir um mundo mais fraterno, salvo do “naufrágio” que ameaça a inteira humanidade. Nesta linha, Malta é um lugar-chave por três razões. Primeiramente, é um lugar-chave por causa da sua geografia. Localizada no meio do Mediterrâneo, Malta é uma espécie de “rosa dos ventos”, onde se cruzam povos e culturas. As suas pequenas dimensões territoriais incentivam a uma lógica “geopolítica” baseada no respeito, na liberdade e no convívio das diferenças, em vez de ser ditada pela colonização dos mais poderosos. Depois, Malta é um lugar-chave quanto à migração. No Centro de Acolhimento João XXIII encontrei numerosos migrantes. Cada um deles é único. Não nos podemos cansar de os ouvir. O fenômeno migratório não é apenas uma emergência, é um sinal dos tempos, que pode ser lido como sinal de conflito ou como sinal de paz. Depende de nós. Por último, Malta é também um lugar-chave do ponto de vista da evangelização. Dali partiram muitos sacerdotes, religiosos e fiéis leigos, que levaram o testemunho cristão ao mundo inteiro, como se São Paulo tivesse deixado o ímpeto missionário no DNA dos malteses! Entretanto, também ali ocorre uma nova evangelização, que revitalize a grande herança de religiosidade popular simbolizada nomeadamente no santuário nacional mariano de Ta’ Pinu, onde senti palpitar a fé do povo maltês pela sua Santíssima Mãe, Maria, que nos reconduz sempre ao essencial: a Cristo.

 

———–

Fonte: Vaticano