A seção de Formação do portal RCCBRASIL traz, nesta e nas próximas semanas, pregações e homilias ocorridas durante o XXIX Congresso Nacional da Renovação Carismática Católica. São momentos de grande unção e de conteúdos interessantes para nosso crescimento espiritual.
O texto desta semana é o resumo da homilia feita pelo bispo da Prelazia do Marajó/AM, Dom José Azcona. Ele fala sobre a necessidade que temos de nos identificarmos com a cruz de Cristo, para uma real vivência dos ensinamentos Dele.
Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 1, 24-28)
“Irmãos: Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja.
A ela eu sirvo, exercendo o cargo que Deus me confiou de vos transmitir a palavra de Deus em sua plenitude: o mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado aos seus santos.
A estes, Deus quis manifestar como é rico e glorioso entre as nações este mistério: a presença de Cristo em vós, a esperança da glória. Nós o anunciamos, admoestando a todos e ensinando a todos, com toda a sabedoria, para a todos tornar perfeitos em sua união com Cristo”.
Destacando que a base e condição da experiência cristã é a configuração com Cristo crucificado, Dom José Azcona advertiu: “Para muitos, ouvir falar de Cristo crucificado é sinônimo de resistência e medo”.
O bispo também recordou a passagem bíblica na qual Paulo declarou estar pregado na cruz de Cristo (cf. Gl 2, 19-20), e questionou: “Você está crucificado com Cristo? O que significa para você estar crucificado com Cristo, agora?”. Perguntou isso, lembrando que Paulo, ainda nesse trecho de Gálatas, disse: “A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.
Em seguida, o Bispo provocou outra reflexão: “Viver na fé significa estar crucificado com Cristo. Viver na fé a vida tua como empresário, desempregado, como responsável pela RCC na seara”.
Ele criticou grupos cristãos que deixaram de pregar a cruz de Cristo, explicando que a interpretação de nossa vida e fé deve estar fundamentada na cruz. “Até que ponto essa contaminação tem entrado e se infiltrado dentro de nós? Em que Cristo crucificado não é amado apaixonadamente, como Ele merece?”, questionou novamente.
Aos membros da Renovação Carismática Católica, Dom Azcona lembrou que é preciso viver a radicalidade do que Paulo ensinou em II Cor 4, 10-12: “Viver a morte de Cristo”. E apontou com convicção: “A condição é esta, o caminho é este!”.
Mas isso só é possível, ponderou D. Azcona, através da vida de oração. Sofrer as dores de Cristo não é maldição, destacou também. Afinal, Paulo dizia regozijar-se com essa situação: “Onde aparece em Paulo alguma lamentação em relação a esse destino? Onde aparece algum lamento? Dizendo que pesada é a cruz de Jesus, que tudo isso é difícil? Nada! Nem na vida, nem na morte, nem na espada, nem na tribulação, nem no presente, nem no futuro, nem no desemprego, nem a fúria dos infernos poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus crucificado. Nada de lamúrias, irmãos! Nada de lamentações e de achar que esse é um discurso triste. ‘Eu me regozijo’, diz Paulo, em poder colaborar, carregando os sofrimentos de Cristo. Essa é a nossa glória, as chagas de Jesus em nossas vidas. Não queremos outro estandarte, outros sinais. Não queremos outra identidade, senão as chagas, os sinais, os sofrimentos de nosso Senhor Jesus Cristo a cada instante, em nossa vida mortal. Não temos outra glória, senão a cruz!”, disse, animando a todos.
E profetizou: “Tu tens uma proposta clara, hoje, ao sair daqui. Se tu acolhes esse sofrimento de Cristo incessantemente na tua vida, teu Grupo de Oração vai reviver, a vida vai voltar ao corpo morto que pode ser teu Grupo, tua região”.
Então, Dom Azcona explicou sua situação. Por denunciar crimes que ocorrem na Amazônia, principalmente contra menores, há dois anos, ele vem sendo ameaçado de morte. Declarou que o Espírito Santo tem lhe dado forças para enfrentar essas ameaças sem medo de perder a vida. Mas pediu que todos rezassem para que ele permaneça fiel até o fim.
Ele ainda destacou que morrer pelo nome de Jesus, pelas “ovelhas feridas e esquecidas do Marajó”, seria uma graça muito grande: “Entregar a vida por essas ovelhas é a realização máxima que eu posso esperar. De parte nenhuma do mundo pode vir qualquer outra oferta superior a essa. A alegria de um dia poder morrer por Jesus! Alegria de morrer por Ele, que um dia entregou o seu sangue por mim! Eu digo para vocês e testemunho que isso é alegria! Que a palavra de Paulo e das Escrituras se cumpre hoje também entre nós”.
Dom Azcona esclareceu ainda que lhe foi proposta a possibilidade de ter segurança, desde que ficasse apenas na Sede Episcopal. Isso é algo que ele se nega a fazer veementemente: “Eu não posso! Não quero! não devo! Nunca entregarei o meu ministério!”, declarou com firmeza.
Sobre sua condição, pediu que todos rezassem para que ele jamais perca a disposição em morrer pelo Evangelho: “Que eu não seja um covarde, que eu não recue, que eu mantenha a fidelidade a Deus até o ultimo momento! E também peça para que eu não seja um arrogante, que não creia que eu sou um super-homem, um fenômeno especial na face da terra. Sou um cristão igual a vocês”, declarou.