Brasília, 07 de Abril de 2015

Aleluia! Cristo ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!

Amados irmãos, que a paz e a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja conosco!

Há tanta alegria em cantar: Aleluia e Glória a Deus! Jesus Ressuscitou! Venceu a morte e nos libertou! Devemos entoar cânticos de louvor pela salvação dada a cada um de nós, sem termos merecimento nenhum, através da graça de sermos amados por Deus até o extremo. O Senhor ressurgiu e demonstra uma vida nova. “Como Cristo morreu, morremos para o pecado; como Cristo ressuscitou, podemos caminhar em novidade de vida. Cristo ressuscitou para nossa justificação, isto é, para causá-la, e não só para mostrá-la.”(Raniero Cantalamessa no livro O Mistério da Páscoa). O Senhor dá e mostra a vida nova, não de forma totalmente “gratuita”, mas quis ter a nossa colaboração. Uma vez escutei que mesmo a salvação sendo individual, precisamos dos outros para alcançá-la, não como objetos, mas como auxílio mútuo. O que dificulta nessa busca são os nossos pecados.

A conversão é a mudança do caminho do pecado para o caminho do Ressuscitado, e esse trajeto é Pascoa, é vida nova, é alegria verdadeira. Não foi à toa que Jesus disse que há maior alegria no céu por um só pecador que se converte (cf. Lc 15,7). Aprender com Jesus, colaborar com Ele, converter o coração, tudo isso me faz feliz porque me torno amigo de Jesus. A conversão é um percurso longo com Jesus, onde Ele, vivo e ressuscitado, caminha conosco querendo nos escutar nas nossas aflições, sofrimentos e angústias. O Ressuscitado se apresenta nas Escrituras e na Eucaristia, e nos explica Seus mistérios. Às vezes, precisa puxar a nossa orelha para que não voltemos à vida velha. Nós somos os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35) que vivem querendo voltar atrás, mas o Senhor toma a iniciativa de nos alcançar e se apresentar vivo e ressuscitado. Foi-nos dito no Renasem da Ressurreição que quem recebeu o Batismo no Espírito não volta atrás, não quer mais a vida velha, que o homem velho foi crucificado com Cristo!

Com a crucificação do homem velho, temos vida nova: a vida no Espírito. “Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito” (Gl 5,25). Viver no Espírito é carregar a cruz do reconhecimento das próprias misérias, e mesmo se reconhecendo incapaz, deixar-se conduzir pelo mesmo Espírito. É cruz porque dói reconhecer os erros, dói perceber-se como um invejoso dos dons dos irmãos; é doloroso reconhecer-se no fariseu e não no publicano (cf. Lc 18,9-14); é triste ter o desejo de buscar as coisas do alto em primeiro lugar e se deparar com a vaidade e outros desejos que não condizem com o plano de Deus; é vergonhoso dizer uma coisa e viver outra. Pedro foi um exemplo dessa incongruência, pois após a oração dos Salmos (como nós seminaristas) desejou com todo o coração morrer com Jesus e nunca negá-Lo, e a atitude tomada foi contrária a esta (cf. Mt 26,30-35.69-75). Muitos de nós ainda não tem dimensão da Cruz. Primeiramente, porque é uma experiência particular, pois cada um tem a sua para carregar; segundo, porque conheceremos a Cruz à medida que nos deixarmos ser tocados pelo Crucificado. As nossas chagas devem ser vistas por Jesus, para isso é necessária a abertura do coração para Ele. O Senhor sabe o que temos no coração, mas Ele fica à espera, pois só entra e senta à mesa conosco se abrirmos a porta (cf. Ap 3,20).

Eu estou vivendo essa experiência durante esses tempos… A partir do momento que disse ao Senhor que meu desejo era fazer a vontade d’Ele, em resposta fui “iluminado” pelo Senhor, ou seja, comecei a identificar os meus maiores defeitos. Nada fica escondido diante do Senhor. A cada momento percebo o quanto sou indigno de ter sido chamado pelo Senhor à vocação sacerdotal, e também por ter me colocado à frente desse ministério. Reconhecendo minhas fraquezas, percebo que nem sempre consigo me dedicar suficientemente para corresponder ao chamado. Todo dia preciso ressuscitar, e para ressuscitar é necessário morrer: “Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24). Mas quão é difícil morrer para a minha vontade, morrer para a vida velha, morrer para alcançar a vida nova! Digo que esse está sendo um tempo de conhecer o Senhor e de autoconhecimento.

O que me alegra é que o Senhor continua a chamar: “vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo” (Is 49,6b). O Senhor confirma o chamado a cada Missa, a cada pastoral, a cada semestre, a cada Quinta-Feira Santa. Conhecendo mais e mais Jesus, teremos a graça de, sempre com mais veemência e intimidade, como Maria Madalena, anunciar a todos os cantos: “Eu vi o Senhor!” (Jo 20,18). Ela não só deu uma notícia, mas anunciou alegremente que encontrou o “Rabuni”, o “Meu Mestre”. E cada um de nós é chamado a anunciar como ela: “Eu vi o Senhor”!, vi Aquele que me livrou do pecado, Aquele que me deu vida nova, Aquele que me chamou a seguir de forma livre e verdadeira, Aquele que venceu a morte por mim e por todos!

Por isso, em nome de Jesus Ressuscitado, peço que não desistam! O Senhor nos chama à santidade e para isso precisamos nos levantar! Como nos diz São João Paulo II: “Santo não é aquele que não cai, santo é aquele que mesmo caindo não desiste de levantar”. Peça a vida nova! Peça a ressurreição! Peçamos e confiemos no Senhor e em Suas promessas, pois quando promete, cumpre: “eis que vou fazer uma obra nova, a qual já surge: não a vedes?” (Is 43,19). A obra nova já começou! “Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te” (Ap 3,19b).

Enfim, ficou claro que, como a música-tema do Renasem deste ano, é necessário ser “Renasem” e renascer todos os dias, renovando o sim. O Senhor te chama HOJE a ser santo. O ser padre é depois. Primeiramente, busque fazer a vontade de Deus hoje, e amanhã e depois, e a cada dia. Assim, ressuscitando com Jesus, o fraco confundirá os fortes, não por suas capacidades, mas por deixar que o Senhor aja por meio dele de forma cada vez mais livre e doada.

Que Nossa Senhora Aparecida possa nos dar a graça da perseverança em estar com o Senhor, escolhendo a melhor parte, a fim de sermos instrumentos cada vez mais afiados nas mãos d’Ele.

Fraternalmente,

Thaisson da Silva Santarém

Seminarista da Arquidiocese de Brasília

Coordenador Nacional do Ministério para Seminaristas – RCC Brasil