O Papa Bento XVI dedicou sua tradicional catequese durante a audiência geral de hoje, na Sala Paulo VI, ao tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, atualmente em curso.

Ele quis se centrar no lema deste ano, “Vós sois as testemunhas destas coisas”, proposto pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, de acordo com a Comissão Fé e Constituição, do Conselho Ecumênico das Igrejas, e preparado por um grupo ecumênico escocês.

Este lema se refere, segundo o Papa, à “exigência de um testemunho comum de Cristo”, para tornar efetivo o anúncio do Evangelho.

O testemunho “quer dizer antes de tudo a Cruz e a Ressurreição”, é “mistério de Cristo, do Filho de Deus feito homem, morto por nós e ressuscitado, vivo para sempre, sendo assim garantia da nossa vida eterna”.

Mas, além disso, explicou o Papa, “conhecendo Cristo – este é o ponto essencial –, conhecemos o rosto de Deus”.

“Em todos os tempos, os homens percebem a existência de Deus, um Deus único, mas que está longe e não se mostra. Em Cristo, este Deus se mostra, o Deus distante se converte em próximo”, acrescentou.

Mas este testemunho não se pode dar somente do ponto de vista intelectual: “é um processo existencial, é um processo da abertura do meu eu, da minha transformação pela presença e pela força de Cristo e, assim, é também um processo de abertura a todos os demais, que devem ser corpo de Cristo”.

“Tudo isso, portanto, é muito simples, em última instância: conhecemos Deus conhecendo Cristo, seu corpo, o mistério da Igreja e a promessa da vida eterna”, disse o Papa.

Cem anos

O problema da falta de coerência entre a pregação e a situação de divisão entre os cristãos foi precisamente uma das grandes reflexões que levaram à abertura do caminho ecumênico, há mais de um século.

Neste sentido, o Papa sublinhou a importância da Conferência Mundial para a Consideração dos Problemas Referentes ao Mundo Não-Cristão, que aconteceu em Edimburgo, na Escócia, nos dias 13 a 24 de junho de 1910, como um momento crucial para este diálogo.

“Entre os problemas então discutidos, esteve o da dificuldade objetiva de propor com credibilidade o anúncio evangélico ao mundo não-cristão por parte de cristãos divididos entre si”, explicou.

Esta relação entre unidade e missão, “desde aquele momento, representou uma dimensão essencial de toda a ação ecumênica e seu ponto de partida. E é por esta contribuição específica que esta Conferência de Edimburgo permanece como um dos pontos firmes do ecumenismo moderno”, acrescentou.

Neste sentido, quis sublinhar o compromisso da Igreja Católica, a qual, “no Concílio Vaticano II, retomou e reafirmou com vigor esta perspectiva”.

“O movimento ecumênico moderno se desenvolveu de forma tão significativa, que se converteu, no último século, em um elemento importante na vida da Igreja, recordando o problema da unidade entre todos os cristãos e sustentando também o crescimento da comunhão entre eles”, afirmou o Papa.

Esta importância do ecumenismo “não só favorece a relação fraterna entre as igrejas e comunidades eclesiais em resposta ao mandamento do amor, como também estimula a pesquisa teológica” e tem repercussões pastorais e sacramentais, acrescentou.

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