No dia 14 de setembro a Igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz. Uma festa litúrgica que remonta a peregrinação até a Jerusalém de Helena de Constantinopla, mãe do imperador romano Constantino I, que foi o primeiro dos imperadores de Roma a converter-se Cristianismo.

Uma antiga tradição conta que Helena encontrou três cruzes e, por um milagre, descobriu qual delas seria a verdadeira Cruz na qual Jesus Cristo havia sido crucificado. No lugar do achado, a imperatriz ordenou que fosse construída uma igreja, hoje denominada de Igreja do Santo Sepulcro. Neste templo, em 14 de setembro de 635, a relíquia da Cruz foi exposta para veneração dos fiéis.

O prefácio da Oração Eucarística própria deste dia afirma que o Pai pôs “no lenho da Cruz a salvação da humanidade, para que a vida ressurgisse de onde a morte veira” (Prefácio A vitória da Cruz). Esta celebração nos permite recordar que enquanto no livro do Gênesis encontramos Adão e Eva perdendo sua comunhão com Deus, através do “fruto da árvore” que estava no meio do jardim, nos Evangelhos temos ali o Cristo restaurando esta comunhão através de Sua entrega na Cruz, passando aquele objeto destino dos miseráveis condenados à tornar-se para nós a “árvore da vida”, um sinal não mais de morte, mas de esperança.

Onde mais a humanidade poderia colocar sua esperança? Esperança esta que, por tantas vezes, na história da Revelação Divina o povo de Deus colocou em pessoas, reinos, poder, domínio, falsos deuses e, que só pode ser encontrada verdadeiramente naquela Cruz, como diz o Catecismo da Igreja Católica: “Salve, ó Cruz, única esperança” (nº 617), recordando o hino da Liturgia das Horas. É a Cruz a esperança da humanidade, encontrando nela Aquele único que passaria por ela para  trazer de volta a humanidade a presença do Pai.

O Evangelho deste dia nos recorda pela boca de João que “do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto”, assim foi necessário que Cristo, “o Filho do Homem”, fosse levantado “para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna” (cf. Jo 3, 17). A Cruz, portanto, sinal de esperança é também sinal de vida eterna. Vida esta, como diz o evangelista, sinal também do amor de Deus para a humanidade, oferecendo-lhe a vida do próprio Filho.

Quando olhamos a vida dos santos vemos que a Cruz de fato se tornou para eles um sinal de esperança e vida nova. Narra-se que é diante da Cruz que Francisco ouve a voz que lhe ordena a “ir e reconstruir” a Igreja. É contemplando aquela cruz que o jovem de Assis, desesperançado com sua vida medíocre encontra a vida nova, penitente e pobre.

Santa Teresa de Jesus sabia muito bem que a alma ao adentrar o “castelo interior” e iniciar um itinerário de santidade e amor a Deus, em algum momento seria necessário utilizar-se das “armas da cruz” para combater as investidas do demônio contra a vida dos homens.

Tantos outros, santos e santas, que exaltando a Cruz, contemplando-a,  tomando-a sobre sua vida ou de tantos outros sofredores, crucificaram a carne na esperança da vida nova que dela emana, por meio de Cristo.

A Cruz de Jesus exaltada na vida dos fiéis é o trono da glória do Deus-Filho que se humilhou até a morte naquele madeiro para dar a amados de Seu Pai a vida que desde a eternidade lhe foi reservada.

Jefferson Souza
Grupo de Oração Ágape
Diocese de Macapá