É sempre oportuno refletir sobre o sofrimento psíquico, sobretudo em tempos que desafiam a nossa capacidade de resiliência. Cada pessoa reage de uma maneira ao enfrentar suas dificuldades e até o sofrimento pode ser interpretado de modo diferente de pessoa para pessoa.

O sofrimento é inerente à nossa condição humana e isso é invariável. Entretanto, a forma como “enxergamos” as situações que nos afligem pode ser modificada (se assim nos predispomos), para o exercício mais saudável das nossas emoções e a prevenção do adoecimento psíquico.

Nós carregamos, de modo inconsciente, padrões e crenças limitantes ou votos íntimos que influenciam a nossa forma de ver o mundo e a nós mesmos. Imaginemos como seria a nossa auto-imagem se o Olhar Divino nos fosse “emprestado” nessa formação? A mudança desses padrões é possível e esperada para que as possibilidades da vida se ampliem. Não é possível mudar o nosso passado, mas é possível construir um novo futuro.

Os problemas emocionais provenientes de situações traumáticas podem ser ressignificados através de processos psicoterapêuticos, de caminhos de autoconhecimento e cura interior (com a devida direção espiritual). E, observando-se sinais de adoecimento psíquico, recorrer à avaliação profissional psiquiátrica e psicológica.

Se os revezes da vida podem gerar desgaste emocional, podemos dizer que as “podas” também fortalecem, fazem crescer e frutificar. Segundo Viktor Frankl, autor da Logoterapia, a nossa busca por um Sentido Existencial propicia essa mudança no entendimento dos fatos. Assim compreendidos, os sofrimentos reais ou subjetivos podem fortalecer e ampliar os nossos recursos emocionais de enfrentamento.

O Setembro Amarelo enfatiza a importância do cuidado em saúde mental que aponta ainda para o cuidado com a Vida, nosso sumo bem. Se recebemos a vida, recebemos o suficiente, recebemos tudo: podemos afirmar que o ser humano possui, em potencial, inúmeras possibilidades, como a semente que carrega em si uma planta a se desenvolver (mesmo que nem sempre as condições propícias sejam disponíveis).

Nesse terreno, a empatia torna-se uma ferramenta oportuna, cujo manejo pode ser através da escuta respeitosa, buscando compreender a pessoa do ponto de vista dela e obter soluções conjuntas com ela. No geral, é possível observar o incômodo da pessoa pelas queixas ou pelo isolamento do convívio social. Em ambos os casos pode tratar-se de uma condição adoecida, o que requer outras redes de apoio, como a avaliação profissional e a orientação à família. Contudo, de início, o colocar-se à disposição e perguntar como a pessoa gostaria de ser ajudada, sem banalizar sua queixa, é uma ação afetiva e efetiva na relação de ajuda.

 

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Joseane Fernandes

Psicóloga

Coordenadora GPR Sal & Luz – Formiga – MG