As atividades do segundo dia do Encontro Nacional de Coordenadores Diocesanos começaram com o Terço ao Espírito Santo, seguido pela oração da manhã. A primeira pregação do dia, teve como tema “O temor do Senhor é a detestação ao mal” (Provérbios 8, 13a) e foi conduzida por Luciana Neves, secretária-geral da RCCBRASIL. Com palavras contundentes, Luciana convocou os presentes a um estado de vigilância espiritual e total entrega ao Senhor. 

“Temos que estar presentes por inteiro, sem preocupações. Precisamos voltar daqui de fato, bebidos da graça de Deus”

Luciana Neves, secretária-geral da RCCBRASIL

Luciana destacou que os líderes da RCCBRASIL não podem se dar ao luxo da distração espiritual, pois muitos outros se inspiram neles: “Mais do que o povo comum, nós somos alvos das tentações do demônio, porque ele sabe que atrás de nós está uma parcela do povo de Deus”.

Com forte apelo à escuta verdadeira da voz de Deus, ela alertou sobre os riscos de uma fé distraída e superficial, lembrando que muitos dons e profecias têm sido anunciados, mas pouco efetivamente acolhidos e aplicados na vida pessoal e comunitária. “Nossa escuta está comprometida. Quando imaginamos que estamos ouvindo o Senhor, já não conseguimos mais ouvir. E isso é visível em nossos encontros”, afirmou Luciana.

Ainda durante a manhã, foi ministrada a terceira pregação do encontro, com o tema “Renascidos em Cristo para uma viva esperança” (1Pd 1, 3-9), proferida por Paulo Ricardo, coordenador diocesano da RCC de São José dos Campos.

O pregador destacou a necessidade de uma dimensão pessoal da salvação, lembrando que, pela paixão, morte e ressurreição de Jesus, cada batizado tem a possibilidade concreta de ser salvo. 

“Somos dependentes da misericórdia de Deus em todos os momentos. A misericórdia não é só para terceiros; ela também é para cada um de nós”,

Paulo Ricardo, coordenador diocesano da RCC de São José dos Campos

O pregador destacou a necessidade de uma dimensão pessoal da salvação, lembrando que, pela paixão, morte e ressurreição de Jesus, cada batizado tem a possibilidade concreta de ser salvo. “Somos dependentes da misericórdia de Deus em todos os momentos. A misericórdia não é só para terceiros; ela também é para cada um de nós”, afirmou.

Inspirando-se em São Francisco de Sales, ele apontou três pilares para os coordenadores: renúncia total ao pecado mortal, consagração da alma e do corpo ao serviço de Deus, e prontidão para se levantar após as quedas. “A missão vem como consequência de uma vida interior”, disse o pregador, incentivando os presentes a conduzirem suas dioceses com autenticidade na fé e amor incondicional a Cristo.

Tarde de escuta, planejamento e renovação da consciência missionária

Na tarde do evento, os participantes foram divididos em atividades simultâneas chamadas de PIT STOPS, que trataram de temas centrais para a vida organizacional e missionária da Renovação Carismática Católica. Foram quatro frentes de formação:

1.   Planejando a Coordenação — conduzido por Vinícius Simões, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, e Vicente Gomes, membro da Comissão Nacional de Formação.

2.   Organização Financeira: Previsão Orçamentária, Transparência e Lisura — com Mônica Torrinha, da comissão de Finanças, e Vicente Machado, do Conselho Fiscal da RCCBRASIL.

3.   Organização — liderado por Luciana Neves, secretária-geral da RCCBRASIL, e Daniele Almeida, segunda-secretária e integrante da Comissão Nacional de Comunicação.

4.   Passos para abrir um Grupo de Oração — facilitado por Daiana Rehbein, coordenadora da Comissão Nacional de Formação, e Klaus Newman, assessor de Projetos de Arrecadação.

No período da tarde, a quarta pregação, ministrada por Vinícius Simões, teve como tema: “Compreendei a que esperança fostes chamados” (Ef 1,17-18). Onde convidou os participantes a renovarem a consciência da vocação cristã à vida eterna. “Não é uma esperança qualquer. O nome dessa esperança é vida eterna”, afirmou. O pregador ainda relembrou as palavras do Papa Francisco, dizendo que a Igreja não pode cultivar uma esperança frágil ou passageira, mas deve viver impulsionada pela grandiosa promessa da salvação em Cristo.

Vinícius fez ainda menção sobre a queda do homem e à resposta de Deus em amor, que enviou Seu Filho para redimir a humanidade com o preço do próprio sangue. “Só o sangue de Deus poderia apagar a ofensa do pecado”, disse citando Santo Agostinho. A reflexão percorreu ainda textos das cartas de São Paulo e dos Atos dos Apóstolos, destacando que viver como herdeiros da vida eterna é o verdadeiro chamado dos cristãos.

“Se um coordenador diocesano pode dizer que fez um bom trabalho, é se conseguiu levar as pessoas a viverem como herdeiros da vida eterna”

Vinícius Simões, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Vinícius Simões também reforçou o papel da RCCBRASIL como uma “linda estratégia de Deus” para a evangelização nos tempos atuais. Recordando declarações de todos os papas contemporâneos — de São Paulo VI a Francisco — ressaltou que a Renovação é reconhecida como uma força vital para a Igreja e a sociedade.

O pregador ainda fez um chamado concreto à ação: formar líderes sadios, conscientes de sua missão de conduzir o povo de Deus à compreensão da esperança eterna. “É nosso dever sermos líderes saudáveis para o povo de Deus. Um cego não pode guiar outro cego.”

Santa Missa inspira serviço humilde e confiança na ação divina

A Santa Missa do dia foi mais uma vez presidida pelo Pe. Micael Moraes, sjs. Em sua homilia, fez uma reflexão sobre o verdadeiro significado do poder e da entrega a Deus, a partir do Evangelho da multiplicação dos pães e peixes. O sacerdote disse que todos possuem alguma forma de poder — seja como pais, mães, profissionais ou líderes — e que cabe a cada um decidir como usá-lo: para servir ou para se servir dos outros.

“Imagine você ter o poder de multiplicar os pães e os peixes. Quantas pessoas não iriam atrás de nós?”, fazendo uma provocação aos fiéis sobre o fascínio que o poder pode exercer. No entanto, ele lembrou que Jesus, ao perceber que queriam proclamá-lo rei, retirou-se para o monte, em intimidade com o Pai. “Essa é a nossa maior riqueza”, completou.

O sacerdote convidou todos a se reconhecerem na figura do menino anônimo que oferece seus cinco pães e dois peixes a Jesus. “É com a nossa miséria, com aquilo que temos, que o Senhor realiza a multiplicação. Não somos nós que fazemos, é Ele quem realiza a obra”, afirmou.