A juventude carismática católica do Brasil estará reunida, de 30 de outubro a 01 de novembro, em Serra/ES, no Encontro Nacional de Jovens 2009. E em clima de preparação para este grande evento, apresentamos o livro “O desafio de ser jovem”, de Ziad Esper.
Os primeiros rascunhos da obra foram escritos algumas horas antes do casamento de Ziad e Thais. “Terminei de escrever o livro contando um pouco do testemunho de nossas vidas, nosso tempo de namoro, missão, tentando dar dicas de como viver a juventude de maneira feliz e saudável, tendo como base a própria vivência do Evangelho”, contou o autor.
O que em princípio era apenas um escrito despretensioso, dois anos depois, tornou-se livro. “Confesso que fiquei bastante impressionado com a quantidade de testemunhos que colhi de muitos jovens nas missões pelo Brasil ou até mesmo de depoimentos no Orkut!”, partilhou Ziad, deixando uma mensagem: “Espero que quando adquirir este livro, Deus derrame chuvas de bênçãos em sua juventude e seja apoio para proclamar que é possível vencer o desafio de ser um jovem cristão!”
Confira a introdução do livro “O desafio de ser jovem”:
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Em novembro de 1991, depois de uma aula de artes marciais, um amigo me chama para ir a um grupo de jovens que seria fundado logo depois do encerramento de sua Crisma. Até então, há muito tempo eu não participava da Igreja. Desde os tempos em que era coroinha, só pisava dentro de um templo em casamento (somente se depois da cerimônia fosse haver festa) e, como a maioria dos jovens, rejeitava tudo o que era sagrado.
É interessante notar que a rejeição de muitos jovens pelo sagrado, na maioria das vezes se dá pelo simples fato do que é o atrativo para sua vida. Se um jovem vai a uma Igreja, a uma missa que se diz voltada para a sua realidade, e lá só encontra músicas da idade de sua avó, tocadas por pessoas mais velhas e que usam como instrumentos apenas um órgão fabricado na Idade Média, é óbvio que ao ouvir, em uma festa, um som que, pelo ritmo, faz com que ele mexa todas as partes de seu corpo, não pensará duas vezes em trocar Deus por toda essa diversão.
A base de toda evangelização feita voltada para o jovem se dá naquilo que oferecemos a este mesmo jovem. Jesus, por si, já é o maior atrativo. O certo ou o errado o é como apresentamos. O Próprio Mestre, a cada pessoa que se aproximava, tinha uma maneira certa de evangelizá-Ia. Ao se aproximar da Samaritana (Jo 4, 1-42), a primeira atitude de Jesus é quebrar todas as barreiras do preconceito que havia entre seu povo e os samaritanos. Tento imaginar o susto que aquela mulher levou ao ver que um judeu lhe pedia água. Nesta atitude, Jesus quebra grande parte da barreira que havia entre eles, e dá um passo importante para que a mulher aceite a sua doutrina. Jesus em nenhum momento se coloca acima de sua cultura ou condena o seu modo de agir. Porém, respeitando-a como samaritana, dá um grande passo para evangelizá-Ia. Assim se deve agir com o jovem. Se queremos impor uma cultura diferente da sua, rejeitando o seu modo de agir, e ignorando o seu pensamento, estamos expulsando o jovem da Igreja, e perdendo a oportunidade de apresentar Jesus a ele.
Ao receber o convite para participar desse grupo de jovens, a minha primeira e decisiva pergunta foi: “Lá tem meninas bonitas?!” Com a resposta afirmativa, decidi conhecer aquela nova realidade que me apresentavam. A resposta foi também influenciada pelo modismo da época. Havia um grupo da RCC que crescia muito em Goiânia, o qual era ponto de encontro da juventude. Muitos já me haviam falado desse grupo, o que me fez retomar ao seio da Igreja.
Vemos aí que grande é a importância da boa divulgação do que acontece dentro da Igreja. Uma vez, ouvindo um ensino do pregador Roberto Tannus (grande irmão e amigo), fiquei encantado com a atitude de Jesus depois de expulsar a legião de demônios de um homem, quando passava pela decápole (Mc 5, 1-20). Ao ver que os porcos precipitavam-se ao mar, o povo, com medo, expulsa Jesus de sua região. No Antigo Testamento, nas leis prescritas por Deus a Moisés, o porco é considerado um animal impuro (Lv 11, 7-8). Esse animal muitas vezes é usado na Palavra para representar o pecado (Ex: o filho pródigo, que viveu no meio dos porcos). Buscando-se compreender a simbologia desse acontecimento, vemos que o povo prefere viver com a impureza a ter de aceitar a santidade e o poder de Jesus. Depois de liberto, o homem, maravilhado, quer ir junto daquele que libertou a sua vida. Os planos do Mestre porém eram diferentes. Devia o homem ficar na cidade e anunciar as maravilhas que o Senhor havia feito. Jesus não somente não rejeita esse homem, como também o torna um evangelizador. “Foi-se ele, e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito; e todos se admiravam” (v. 20). Passado um tempo, ao retomar àquela região, o povo lhe apresenta um surdo-mudo para que Ele o curasse. O mesmo povo que rejeitou o Senhor agora lhe trazia um doente para que Jesus realizasse o milagre. Interessante é notar que aquele mesmo povo estava com o coração mudado. Por que será? Qual foi o fator decisivo para a nova reação desse povo? Lembremo-nos que no meio deles havia um evangelizador. Um homem que experimentou a Graça de Deus e que anunciava a todos o seu poder.
Tudo isto me intrigava. Jovens que viviam como eu, gostando das mesmas coisas de que eu gostava, agora participando de um grupo dentro da Igreja e testemunhando que aquele grupo os ajudava muito! Toda essa publicidade me aguçava, cada vez mais, a curiosidade. Um ponto importante e muito pouco usado em nosso meio é isto: a publicidade. Talvez não propriamente a imprensa escrita ou falada, mas a maneira como a Igreja é apresentada aos jovens. Se ainda é um lugar de encontro de senhoras, que vontade que a juventude terá em participar, já que a tendência natural do adolescente e do jovem é rejeitar as instruções preciosas dos mais velhos? Mas se a Igreja é apresentada como um lugar em que outros jovens têm uma opção diferente de vida, muito mais saudável, e onde conseguem a verdadeira felicidade, sem o uso de nenhum outro complemento que o mundo prega, ao menos intrigado ele ficará.
Desde então abracei firmemente o propósito de viver a graça de Deus, participando ativamente das atividades ligadas à juventude de minha paróquia.
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