Por Padre John Flynn, L.C.
Quem disse que a Igreja não está caminhando para o mundo moderno? Em sua recente mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, Bento XVI anima os sacerdotes a se comunicarem através dos meios digitais.
“Na verdade, o mundo digital oferecendo meios que permitam uma capacidade da expressão quase ilimitada, abre importantes perspectivas e atualiza a exortação paulina: Ai de mim se não pregar o Evangelho!’”, comentava o Papa.
Alguns dias antes de se divulgar a mensagem ao público, em 21 de janeiro, um estudo da Kaiser Family Foundation mostrava a importância da Igreja estar presente nesses meios de tão rápido desenvolvimento.
“Generation M2: Media in the Lives of 8 to 18 Years Old” (Geração M2: Os midias nas Vidas dos de 8 aos 18 anos) foi a terceira de uma série de enquetes em grande escala da fundação sobre o uso dos meios de comunicação pelos jovens.
Foi revelado que hoje as pessoas de 8 aos 18 anos dedicam, em um dia normal, uma média de 7 horas e 38 minutos utilizando meios de comunicação, o que soma mais de 53 horas por semana. Mas esse número não é nem sequer completo, posto que muitos deles usam mais de um meio de comunicação ao mesmo tempo. Se o consumo conjunto de meios de comunicação for contado de forma separada, dedicam um total de 10 horas e 45 minutos por dia.
O relatório se baseava em uma pesquisa realizada com uma amostra representativa nacional, nos EUA, de 2.002 estudantes do terceiro ao décimo ano, de 8 até 18 anos. Além disso, um subgrupo selecionado de 702 entrevistados fez um diário de 7 dias sobre o uso dos meios de comunicação, que foi usado para calcular a cifra de consumo.
Fazendo uma comparação com a última enquete realizada em 2004 pela Kaiser Family Foundation, o volume de tempo dedicado aos meios aumentou nos últimos cinco anos em 1 hora e 17 minutos por dia.
A pesquisa identificava ainda a revolução nos meios móveis e online como uma das principais causas do aumento da utilização dos meios de comunicação. Nos últimos cinco anos o tempo dedicado à leitura diminuiu ligeiramente em comparação com o tempo crescente dedicado aos meios digitais.
Meios móveis
A pesquisa observa que o adolescente intermediário nessa faixa etária de 8 a 18 anos utiliza seu telefone celular todo dia. Agora, programas de TV podem-se ver através de um celular ou um computador portátil.
Segundo a pesquisa, 20% do consumo de mídia no grupo estudado teve lugar através de dispositivos móveis, e quase uma hora é dedicada ao conteúdo “visual” como programas de TV, que agora são vistos através do computador e outras formas de transmissão.
O consumo de meios de comunicação pelos jovens foi facilitado ao se ter acesso aos mesmos em seus dormitórios. Não menos de 71% dos pesquisados de 8 a 18 anos tinham uma televisão em seus quartos. Além disso, a metade tem videogame (50%) ou televisão a cabo (49%), e um terço, computador (36%) e acesso à internet (33%) em seus quartos.
Além disso, nesses 5 anos, a porcentagem dos jovens entre 8 e 18 anos que possuíam computador portátil subiu de 12% para 29%, enquanto que os proprietários de um telefone celular passaram de 39% para 66%. Os que tinham um Ipod ou outro reprodutor de MP3 passaram de 18% para 76%.
Uma outra característica do uso dos meios de comunicação por parte dos jovens foi o enorme salto que teve no grupo de idade entre 11 e 14 anos. Os jovens dessa faixa etária aumentaram em mais de três horas ao dia no tempo dedicado aos meios de comunicação – um aumento de quatro horas ao dia no total, se contar o uso múltiplo.
Essa mudança significa que, no total, o grupo de idade entre 11 e 14 anos dedica 8 horas e 40 minutos ao dia utilizando os meios de comunicação. Em relação à atividade física, a pesquisa afirmou que, ao contrário da crença popular, o jovem que utiliza os meios de comunicação não significa ser sedentário em relação aos exercícios físicos.
Já em matéria de resultados acadêmicos, as notícias não são das melhores. As crianças que mais usam os meios de comunicação tendem a tirar notas mínimas ou ruins em relação às outras crianças.
Segundo os resultados da entrevista, 47% dos que mais tempo dedicavam à mídia diziam que normalmente tiravam notas mínimas ou ruins, comparados com 23% dos que usam pouco os meios.
Além disso, essa correlação entre o uso da mídia e as notas é constante quando se leva em conta fatores como idade, sexo, a baixa escolaridade dos pais. Ao mesmo tempo, os autores do estudo afirmam que sua pesquisa não pode estabelecer se há uma relação de causa e efeito entre o uso da mídia e as notas.
Ao tratar da questão da felicidade e do uso dos meios de comunicação, a pesquisa revela que a grande maioria dos jovens tende a afirmar um alto indíce de contentamento. No entanto, aqueles que são menos felizes dedicam mais tempo à mídia que aqueles que estão mais acima na tabela que mede a felicidade. Tal como os resultados acadêmicos, a pesquisa indicava que não foi determinante se existe uma relação de causa e efeito entre o uso dos meios e a felicidade pessoal.
Regras
Outra dimensão do uso da mídia por parte dos jovens examinada pela pesquisa era o tema do controle dos pais. Para começar, a entrevista revelou que muitos jovens vivem em casas onde a televisão fica ligada durante as refeições e muitas vezes fica ligada mesmo independente de se estar assistindo ou não.
Foi pedido aos estudantes que informassem se seus pais fixavam regras para as diversas formas de meios de comunicação. A maioria afirmou que não tinha nenhuma regra sobre o tipo de conteúdo dos meios e que podia utilizá-los o quanto quisesse. Uma exceção foi que 52% afirmaram que tinham normas sobre o que podiam fazer com o computador.
Menos da metade, 46%, afirmou que tinha regras sobre o que é permitido ver na televisão. Para os videogames e a música, a porcentagem era de 30% e 26% respectivamente.
No geral, é mais provável que os pais restrinjam o tipo de conteúdo que seus filhos podem consumir do que a quantia de tempo que podem utilizá-los. Assim, 46% dos meninos responderam que tinham regras sobre o que podiam ver na televisão, em comparação com 28% que tinham regras sobre quanto tempo poderiam assisti-la.
Entretanto, os pais fazem cumprir as normas de modo mais restrito às crianças menores.
Quanto aos maiores, a aplicação das normas cai consideravelmente. Nos grupos dos maiores, somente 12% informaram que tinham normas sobre os jogos de videogame ou a música. E 26% tinham regras sobre o que podiam ou não ver na TV.
Em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa expressava seu desejo de que os sacerdotes, os homens e mulheres consagrados usassem aos meios de comunicação para permitir que a mensagem de Deus caminhe pelo mundo digital, de modo que Nosso Senhor possa bater à porta de nossas casas e de nossos corações e entrar em nossas vidas. Uma nova forma de responder ao mandado de Cristo de pregar o Evangelho até os confins da Terra, seja física ou virtualmente.
Fonte: Zenit
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