Uma missa marcada pela emoção homenageou, nesta quarta-feira, 24, o arcebispo de San Salvador, dom Oscar Romero, nos 30 anos de seu assassinato. A celebração foi solicitada pela embaixadora de El Salvador no Brasil, Rina del Socorro Angulo Rojas, e aconteceu na capela da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ficou lotada. O bispo de São Felix do Araguaia (MT), dom Leonardo Ulrich Steiner, presidiu à celebração, ladeado pelo secretário da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa.

Emocionada, a embaixadora de El Salvador disse que dom Romero é modelo para o povo salvadorenho e que ele transcendeu as fronteiras de seu país. “Sua mensagem transcendeu as fronteiras; é uma mensagem universal a favor dos pobres. Ele provou isso com seu martírio”, acentuou.

Dom Oscar Romero foi assassinado no dia 24 de março de 1980 por causa das constantes denúncias que fazia contra a ditadura militar de seu país. Ontem o presidente de El Salvador, Maurício Funes, pediu perdão pelo  assassinato do arcebispo.

“É a primeira vez que o Governo rende homenagem pública a dom Romero. O Governo pediu perdão ao povo salvadorenho por todas as agressões e pelo assassinato de dom Romero”, disse Rina Angulo.

A embaixadora destacou que, desde que foi eleito há quase um ano, o novo presidente de El Salvador tem promovido mudanças no país. “Houve muita mudança com a eleição de Maurício Funes há quase um ano. Os caminhos de libertação estão mais abertos. O presidente está fazendo uma série de políticas em favor dos pobres e despossuídos”, comentou.

Rina Angulo destacou também o significado da celebração na CNBB. “Para a Embaixada e o povo salvadorenho é uma grande honra sermos acolhidos aqui na CNBB, que é muito conhecida em toda a América Latina pelo trabalho que ela faz. Estou muito emocionada”.

O secretário da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, também destacou a ação e o martírio de dom Romero em favor dos pobres de El Salvador. “Dom Oscar Romero derramou seu sangue como consequência de sua coerência na busca da justiça. Sua morte foi um sermão muito mais eloquente do que tantas homilias que ele pronunciou. Ela coroa e sela o compromisso de dom Romero no seguimento de Jesus até a cruz”, disse o secretário.

Segundo dom Dimas, chama a atenção em dom Romero a sua opção pela não violência. “Dom Romero se colocou na defesa da justiça, mas se recusou a usar a violência até mesmo contra os próprios algozes”.

“Dom Romero é um modelo de sacerdote, de pastor, para o povo salvadorenho e para a Igreja católica. Ele é um irmão que teve a graça de receber o batismo de sangue”, disse Gabriela Vairo, de El Salvador, uma consagrada, que participou da missa. Ela também gostou do pedido de perdão feito pelo presidente Funes. “É muito bonito da parte do Governo pedir perdão, é um exemplo de humildade”, disse.
 

Fonte: CNBB